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ANM interdita atividades de mina da Vale em Mariana

Segundo a agência, não houve comprovação da estabilidade das pilhas de disposição de estéril

O estrago provocado pela lama em Mariana chegou a tribunais ingleses, num processo pioneiro – e controverso (Fundação Renova/Divulgação)
Luciano Pádua

Editor de Macroeconomia

Publicado em 13 de novembro de 2023 às 18h16.

Última atualização em 13 de novembro de 2023 às 20h49.

A Agência Nacional de Mineração (ANM) informou nesta segunda-feira, 13, que interditou e suspendeu as "atividades de disposição de estéril em pilhas" da Mina de Fábrica Nova, da Vale (VALE3), no município de Mariana, Minas Gerais.

A mineradora se beneficiou na maior parte do pregão da alta de 1,68% do minério de ferro na bolsa de Dalian, na China, mas virou para queda após a divulgação da interdição da ANM. Com isso, os papéis da mineradora encerraram as negociações no Ibovespa com queda de 0,21%, cotados a R$ 71,40.

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Em nota, a Vale afirma que não "há risco iminente atrelado às pilhas de estéril da mina de Fábrica Nova, em Mariana (MG), assim como não há a necessidade da remoção de famílias" ( veja a íntegra da nota abaixo ).

Segundo a ANM, a ação ocorreu porque não houve "comprovação da estabilidade das estruturas". "As pilhas interditadas são a PDE Permanente I, PDE Permanente II e PDE União Vertente Santa Rita", diz a ANM em nota pública.

"Nesta semana, equipe da ANM, em parceria com a Defesa Civil, está realizando vistoria no local para definir a linha de ação que deve ser adotada pela empresa. Assim que for apresentado laudo atestando a estabilidade das estruturas, a ANM decidirá sobre a manutenção ou não da intervenção", diz o comunicado.

À EXAME, a assessoria de comunicação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) confirmou que um inquérito para apurar os fatos enviados pela agência reguladora já foi instaurado. Nessa segunda-feira, 13, membros do MPMG, ANM e Defesa Civil fizeram vistoria na unidade da Vale em Mariana para definir a linha de ação que deve ser adotada pela Vale.

"Assim que for apresentado laudo atestando a estabilidade das estruturas, a ANM decidirá sobre a manutenção ou não da intervenção", informou em nota a agência.

Risco de rompimento?

Em caso de rompimento de uma ou todas as barragens, cerca de 300 pessoas que vivem na área mais próxima, em Santa Rita Durão, estariam em risco.

A ANP projeta um desastre semelhante ao ocorrido em 2022, no dique da Mina Pau Branco, em Nova Lima, próximo a Belo Horizonte, quando uma estrutura transbordou e espalhou todo o material pela BR-040.

"Se o mesmo ocorrer nestas estruturas, não teremos um problema com uma rodovia e sim com 295 pessoas residentes na ZAS", diz o trecho da nota da ANM.

Outro lado

A Vale enviou comunicado. Leia a íntegra:

A Vale esclarece que não há risco iminente atrelado às pilhas de estéril da mina de Fábrica Nova, em Mariana (MG), assim como não há a necessidade da remoção de famílias. Diferentemente do que foi veiculado por alguns veículos de imprensa, a pilha de estéril é uma estrutura de aterro constituída de material compactado, diferente de uma barragem e não sujeita à liquefação.

Importante também esclarecer que o dique de pequeno porte localizado à jusante de uma das pilhas tem declaração de condição de estabilidade positiva. A Vale reitera que a segurança é um valor inegociável e que cumpre todas as obrigações legais. A Vale continuará colaborando com as autoridades e fornecendo todas as informações solicitadas.

Acompanhe tudo sobre:ValeMariana (MG)

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