O chanceler Celso Amorim criticou a hipocrisia dos EUA em relação ao câmbio (Wilson Dias/AGÊNCIA BRASIL)
Da Redação
Publicado em 22 de novembro de 2010 às 11h46.
Genebra - O ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, defendeu nesta segunda-feira os países que aplicam políticas de controle de capital e acusou os Estados Unidos de se queixarem das supostas moedas desvalorizadas e ao mesmo tempo aplicar uma política prejudicial para os países em desenvolvimento.
"Na última reunião do G20 houve um aspecto positivo, o de reconhecer que os países têm o direito de tomar medidas como as que nós estamos tomando para evitar os danos da guerra cambial", declarou Amorim em uma entrevista coletiva concedida após participar de um simpósio de cooperação para o desenvolvimento entre os países do sul, na Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Sem entrar em detalhes, ao afirmar que não é o ministro da Fazenda, Amorim criticou a posição dos EUA, que se queixam de certos países por manterem sua moeda desvalorizada e, ao mesmo tempo, aplicam políticas que apreciam sua moeda de forma artificial.
O Federal Reserve (FED, banco central americano) fez uma injeção de US$ 600 bilhões na economia que foi muito criticada pelos países emergentes, que consideram que esse fluxo de dinheiro acaba entrando em suas economias - que têm taxas de juros muito mais altas - e assim valorizam suas moedas, contribuindo de forma negativa na balança comercial.
Amorim também se reuniu com o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, após sua participação no simpósio. Perguntado a respeito, o ministro revelou que os dois analisaram os passos a serem dados com relação à Rodada de Doha, e que concordaram que é positiva a intenção americana de negociar.
"Lamy disse que estava otimista porque os EUA disseram que pelo menos querem avançar nas negociações. Nós também achamos que é algo positivo, mas é preciso ver como é a negociação. Os Estados Unidos têm o maior superávit comercial com o Brasil e está claro que nós não temos que abrir mais nosso mercado, mas que somos nós quem precisa de abertura".