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Alerj quer convocar presidentes da Enel e Light para explicarem falta de luz em cidades do Rio

Cerca de 4.500 alunos ficaram sem aulas nesta terça-feira em São Gonçalo, e atendimento na saúde também foi prejudicado

Enel e Light: Convocação foi acordada entre os parlamentares no Colégio de Líderes nesta terça-feira, mas precisa ser aprovada entre os membros da CPI (Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)

Enel e Light: Convocação foi acordada entre os parlamentares no Colégio de Líderes nesta terça-feira, mas precisa ser aprovada entre os membros da CPI (Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 22 de novembro de 2023 às 07h11.

Última atualização em 22 de novembro de 2023 às 07h12.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Serviços Delegados e das Agências Reguladoras da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) vai se reunir nesta quarta-feira para decidir se convocará os presidentes da Enel e da Light a se explicarem sobre a falta de luz em cidades do Rio. A convocação foi acordada entre os parlamentares no Colégio de Líderes nesta terça-feira, mas precisa ser aprovada entre os membros da CPI.

— Considerando a gravidade do fornecimento de energia tanto na capital quanto no interior, com clientes de ambas as concessionárias sem luz, decidimos convocar essa audiência de forma extraordinária para que eles prestem esclarecimentos . Nós recebemos ligações de diversos parlamentares ao longo do último fim de semana — diz Rodrigo Amorim (PTB), presidente da CPI.

O problema no fornecimento de energia, somado ao calor intenso, provocou o novo adiamento da manutenção anual do sistema Guandu. Segundo a Cedae, a falta de luz afetou a distribuição de água nos últimos dias. O reparo, marcado inicialmente para esta quinta-feira, foi adiado para 30 de novembro.

Protestos

A falta de energia elétrica ainda é um problema no Rio e outros municípios. Quatro dias depois do temporal, que castigou várias regiões do estado, no sábado, o município de São Gonçalo ainda tem 29 mil domicílios sem energia, segundo dados da prefeitura, atualizados às 16h desta terça-feira. Em Niterói, a falta de luz que está completando três dias, afeta 31 mil residências. Somente nestes dois municípios estima-se que cerca de 100 mil moradores renham sido atingidos. Em Petrópolis, a estimativa da prefeitura é de que cerca de 12 mil imóveis estejam sem o serviço desde sábado. Uma manifestação interditou parcialmente a Rodovias BR-040, altura do Km 79, no sentido Juiz de Fora, na manhã desta terça-feira. Na capital, o problema também se repetiu na Rocinha, mas a Light disse que já foi resolvido.

A prefeitura de São Gonçalo informou ainda que nesta tarde três unidades de saúde permaneciam sem luz e outras quatro estavam com uma fase funcionando; onze escolas municipais ainda estão sem energia. "A prefeitura mantém as equipes nas ruas, podando árvores e fazendo a limpeza de vias e reparos na sinalização de trânsito, além de dar suporte à Enel.", informou a nota.

Também de acordo com a prefeitura, a Justiça determinou que a concessionária Enel normalize totalmente o fornecimento de energia elétrica em São Gonçalo até o início da tarde desta terça-feira, sob pena de pagamento de multa diária. A empresa foi notificada esta manhã e tem até 14h para resolver o corte no fornecimento.

No último domingo, o município ingressou com uma ação civil pública contra a concessionária, em decorrência da suspensão do fornecimento de energia elétrica na cidade. Na segunda-feira, a prefeitura montou um gabinete de crise, reunindo a Enel e várias secretarias municipais, que estão nas ruas desde a noite de sábado, efetuando reparos, desobstruindo vias atingidas por queda de árvores e dando suporte aos técnicos da Enel.

Niterói tem 31 mil residências sem energia

Durante reunião com representantes da Enel, na noite de segunda-feira, para cobrar providências para o restabelecimento emergencial da energia elétrica nos locais afetados da cidade, o prefeito de Niterói , Axel Grael, recebeu da concessionária o pedido de um prazo de 48h para atender a totalidade das 31 mil residências afetadas no município, além de ter se comprometido a apresentar um plano operacional nesta terça-feira. A Justiça tinha dado prazo de seis horas.

O prefeito não aceitou o prazo pedido, cobrou que o serviço seja restabelecido imediatamente e ofereceu apoio logístico da prefeitura para agilizar o trabalho. Grael cobrou ainda uma posição da concessionária em relação aos prejuízos que moradores e comerciantes estão tendo, como a perda de alimentos. O prefeito afirmou também que vai comunicar os fatos à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Uma decisão do Tribunal de Justiça do Rio havia determinado que a Enel restabelecesse os serviços de energia elétrica na cidade, no prazo de seis horas, sob pena de multa diária de R$ 100 mil. A decisão foi tomada na tarde de segunda-feira, após a Procuradoria do município entrar com uma ação cobrando soluções emergenciais da empresa. Desde o último sábado, vários pontos da cidade ficaram sem luz.

Num centro de abastecimento da cidade, comerciantes reclamam que 140 lojas estão sem energia elétrica. Eles se queixam dos prejuízos causados pela falta de luz, como a perda de estoque. Alguns se queixam de prejuízos de R$ 15 mil, por causa do apagão.

No domingo, em protesto pelas quase 24 horas no escuro, moradores do Fonseca atearam fogo em objetos e interromperam a passagem de veículos na Rua Desembargador Lima Castro. Houve relatos de manifestações em Camboinhas, na Região Oceânica, e no Caramujo, na Zona Norte da cidade.

Em nota, a prefeitura de Niterói informou que além das ações emergenciais, também "cobra uma atitude colaborativa por parte da Enel. Após ser aprovada a Lei da Fiação, de 2014, na Câmara de Vereadores, para enterrar a fiação e reduzir contratempos como a da falta de energia, a prefeitura solicita uma iniciativa da empresa para colocar em prática essa solução. Quando a Lei da Fiação foi aprovada, a Enel, na época Ampla, recorreu à justiça contra a lei, disputa que ainda persiste."

O município de Angra dos Reis, na Costa Verde do Rio, informou, neste domingo, que a Procuradoria-Geral do Município vai dar entrada, nos próximos dias, em mais uma ação judicial contra a concessionária de energia, e que trabalha para "responsabilizar judicialmente a empresa Enel pela má prestação de serviço".

Em Brasília, o deputado federal Dimas Gadelha (PT-RJ) se reuniu com o secretário nacional do Consumidor, Wadih Damous, e pediu punição para a Enel por ter deixado milhares de consumidores sem energia elétrica nas cidades de São Gonçalo, Niterói, Itaboraí, Maricá e região. Na audiência, Dimas apresentou dados mostrando que ainda nesta terça-feira, três dias após o vendaval, existam milhares de famílias nessas cidades que ainda estão sem o fornecimento de energia.

A Enel respondeu, nesta terça-feira, que 97% dos clientes afetados pela tempestade registrada na noite de sábado na sua área de concessão tiveram o serviço normalizado. E quem a empresa mobilizou um reforço ainda maior de equipes entre segunda e terça-feira, principalmente nas cidades mais afetadas, como Niterói, São Gonçalo, Maricá e Petrópolis. "Ao todo, cerca de 900 equipes estão atuando nas ruas para acelerar o atendimento das ocorrências remanescentes", diz a nota.

A concessionária informou também que implementou “mesas de cooperação” com as prefeituras de Niterói, São Gonçalo e Petrópolis em que representantes da distribuidora e das administrações municipais atuam em conjunto em tempo real, para permitir uma rápida solução para o problema. Ainda segundo a Enel "como as emergências estão espalhadas em diferentes pontos específicos, o restabelecimento do serviço ocorre de forma gradativa, apesar de todo o adicional de técnicos atuando nas ruas."

Prejuízos causados pela frente fria

Após o temporal e os fortes ventos que atingiram a região metropolitana do Rio, no início da noite do último sábado, moradores da capital fluminense e de Niterói relataram diversos problemas no fornecimento de energia elétrica. Por causa da tempestade, eventos de grande porte que estavam marcados precisaram ser cancelados, como o show da cantora Marisa Monte e o festival Viva Zumbi, marcado para esta segunda-feira, Dia da Consciência Negra.

Na capital, em pelo menos seis bairros a energia elétrica foi interrompida em consequência da chuva: Tijuca, Olaria, Penha, Bonsucesso, Glória e Gávea. A concessionária Light afirmou que equipes de emergência estão nas ruas para solucionar os problemas e pretende solucionar os casos "o mais breve possível”.

Na Glória, moradores da Rua Manoel Lino, no Santo Amaro, afirmaram que um cabo elétrico pegou fogo após a ventania que veio com chuva.

Veja o que disse a Enel:

"A Enel Distribuição Rio se solidariza com cada um de seus clientes que ficaram sem energia nos últimos dias. A empresa informa que 97% dos clientes afetados pela tempestade registrada na noite de sábado (18/11) na área de concessão da empresa tiveram o serviço normalizado. O evento climático, com chuva, fortes rajadas de vento e descargas atmosféricas, causou danos severos à rede elétrica de várias cidades fluminenses, interrompendo o fornecimento de energia.

A empresa mobilizou um reforço ainda maior de equipes entre ontem (20) e hoje (21), principalmente nas cidades mais afetadas, como Niterói, São Gonçalo, Maricá e Petrópolis. Ao todo, cerca de 900 equipes estão atuando nas ruas para acelerar o atendimento das ocorrências remanescentes.

A Enel também implementou “mesas de cooperação” com as Prefeituras de Niterói, São Gonçalo e Petrópolis em que representantes da distribuidora e das administrações municipais atuam em conjunto em tempo real. A colaboração permite a atuação mais rápida em casos prioritários e o apoio de agentes municipais para ajudar os técnicos a se deslocarem melhor no trânsito e garantir a segurança dos colaboradores da distribuidora.

A Enel esclarece que os atendimentos em curso hoje são mais localizados e muitas vezes complexos, porque demandam a reconstrução da rede, exigindo horas de serviço em cada local.

Como as emergências estão espalhadas em diferentes pontos específicos, o restabelecimento do serviço ocorre de forma gradativa, apesar de todo o adicional de técnicos atuando nas ruas.

Os números abaixo mostram a dimensão dos estragos na rede elétrica e o esforço de reconstrução realizado nos últimos dias pela Enel Rio nas cidades atendidas pela empresa:

- Mais de 100 postes e mais de 50 transformadores substituídos;

- 50 mil equipamentos da rede trocados ao todo, incluindo mais de 11 mil conectores, necessários para reparação dos cabos danificados."

O que disse a Light:

"A Light informa que normalizou o fornecimento de energia para a Rocinha. A empresa chegou a reforçar as equipes de campo para restabelecer os clientes que ainda estavam sem luz na comunidade, onde o índice de furto de energia é cerca de 84%. As ligações clandestinas sobrecarregam a rede elétrica e, somente na última semana, foram 127 ocorrências na comunidade provocadas pelos “gatos”. Neste contexto, as equipes da concessionária vão ao local, restabelecem a energia de clientes que apresentam queixas e, pouco tempo depois, novas quedas de energia ocorrem devido à sobrecarga na rede.

Vale ressaltar que, nos próximos dias, há previsão de aumento das temperaturas e a Light orienta que os clientes busquem consumir energia de forma consciente, já que os transformadores – configurados e instalados para atender aos 14.485 clientes da concessionária naquela região (onde vivem cerca de 70 mil moradores, segundo dados do IBGE de 2022) – queimam por causa das ligações clandestinas, causando falta de luz, sobrecarga em todo o sistema na região, trazendo prejuízos à toda a população e aumentando os riscos à segurança, com incêndios e acidentes.

Até setembro deste ano, a Light realizou 525.016 inspeções para combater o furto de energia em toda a sua área de concessão. A companhia atua, diariamente, para coibir essa prática em regiões em que consegue atuar com segurança. Já em comunidades, equipes da distribuidora fazem os reparos necessários em parceria com o poder público a polícia e com as Associação de Moradores

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