Alckmin ataca declaração de vice de Bolsonaro sobre 13º salário
O vice do candidato Jair Bolsonaro, Hamilton Mourão, afirmou que alguns itens da legislação trabalhista são "uma mochila nas costas" dos empresários
Reuters
Publicado em 27 de setembro de 2018 às 17h36.
São Paulo - O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin , criticou nesta quinta-feira declarações dadas pelo general da reserva do Exército, Hamilton Mourão, candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PSL), contra o décimo terceiro salário, que ele classificou de "jabuticaba".
Em palestra a empresários em Uruguaiana (RS) na quarta-feira, Mourão também disse que alguns itens da legislação trabalhista são "uma mochila nas costas" dos empresários.
Nesta quinta-feira, em evento de campanha em São Paulo, Alckmin atacou a fala do vice de Bolsonaro.
"Não é possível achar que o trabalhador que a trabalhadora, que sua a camisa, que trabalha, que muitas vezes é até explorado, não tenha direito nem a ter um décimo terceiro salário, isso não é razoável", disse o tucano, após participar de uma feira com entidades religiosas na capital paulista.
Mais tarde, durante caminhada em Belo Horizonte, Alckmin voltou a criticar a fala de Mourão e lembrou da polêmica proposta atribuída ao coordenador econômico de Bolsonaro, Paulo Guedes, de criar um imposto nos moldes da CPMF e de instituir uma alíquota única de Imposto de Renda.
"Olha, é inadmissível isso, né? Cada bala disparada do revólver, da maldade do Bolsonaro, atinge a população. Uma hora é a classe média, aumentando o imposto e diminuindo para rico. Outra hora é a CPMF. Agora querer tirar o direito das trabalhadoras e dos trabalhadores. Nós somos contra os dois. Nem o PT, nem o Bolsonaro, e vamos continuar com coerência até o fim",disse o tucano.
A fala de Mourão também será explorada pela campanha de Alckmin na TV. Uma inserção lembra das propostas tributárias de Guedes, cita a declaração de Mourão sobre o 13º salário e menciona pesquisas de intenção de voto que indicam derrota de Bolsonaro para o petista Fernando Haddad no segundo turno, ao mesmo tempo que sinalizam que Alckmin venceria o candidato do PT.
"É por essas e outras que Bolsonaro tem a maior rejeição e perde para o PT", afirma a inserção. "Para você não ficar sem décimo terceiro e nem dar PT, vote Geraldo, 45."
Rumo mantido
Após o evento em São Paulo, Alckmin negou que vá mudar sua estratégia na reta final da campanha para chegar ao segundo turno e minimizou algumas vaias e gritos de "Bolsonaro" que ouviu durante sua passagem pelo evento.
"A nossa estratégia não é feita em razão de pesquisa, ela é feita em razão de coerência, naquilo que a gente acredita. Política precisa ter mais valores, mais princípios. Aliás, o que eu vi aqui foi uma plateia bem dividida, é que você tem aí um pessoal mais ruidoso. Se fizer uma pesquisa aí não vai dar grande diferença não", afirmou.
O tucano está numericamente na quarta posição nas pesquisas de intenção de voto, distante de Bolsonaro, que lidera, e de Haddad, que ocupa a vice-liderança.
Alckmin repetiu o discurso de que é necessário evitar a volta do PT ao poder, assim como uma vitória de Bolsonaro na eleição de outubro.