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Aécio presta depoimento sobre suposta propina em usina de Santo Antônio

Marcelo Odebrecht relatou em seu acordo de colaboração premiada que combinou um pagamento de R$ 50 milhões ao senador

Aécio Neves: na semana passada, a Primeira Turma do STF aceitou denúncia contra o senador pelos crimes de corrupção passiva e obstrução de Justiça (Wilson Dias/Agência Brasil)

Aécio Neves: na semana passada, a Primeira Turma do STF aceitou denúncia contra o senador pelos crimes de corrupção passiva e obstrução de Justiça (Wilson Dias/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 26 de abril de 2018 às 19h20.

Brasília - O senador Aécio Neves (PSDB-MG) esteve na sede da Polícia Federal, em Brasília, nesta quinta-feira, 26, para prestar depoimento no âmbito do inquérito que investiga o suposto pagamento de propina nas obras da hidrelétrica de Santo Antônio, em Rondônia.

O senador é investigado em inquérito aberto com base nas delações de executivos da Odebrecht.

Marcelo Odebrecht relatou em seu acordo de colaboração premiada que combinou um pagamento de R$ 50 milhões ao senador.

Desse total, R$ 30 milhões seriam repassados pela Odebrecht e os outros R$ 20 milhões pela Andrade Gutierrez. As duas empreiteiras integram o consórcio responsável pela construção de Santo Antônio.

Aécio chegou na PF por volta das 15h30 e saiu às 17h05. O advogado Alberto Zacharias Toron, responsável pela defesa do senador, por meio de nota, disse que o empreendimento alvo da investigação era conduzido pelo governo federal e, portanto, como o tucano era da oposição "não há nada que o vincule às investigações em andamento."

"Os próprios delatores afirmaram em seus depoimentos que as contribuições feitas às campanhas do PSDB e do senador nunca estiveram vinculadas a qualquer contrapartida", disse Toron.

Embora o inquérito em que o senador é investigado seja proveniente do acordo de delação de executivos da Odebrecht, na semana passada, o acionista da Andrade Gutierrez Sérgio Andrade confirmou ter repassado R$ 35 milhões ao tucano em depoimento na mesma investigação.

Segundo o empresário, os valores foram repassados por meio de uma empresa de Alexandre Accioly, amigo do senador mineiro. Há cerca de seis meses, o delator Flávio Barra, ex-presidente da Andrade Gutierrez Energia, também relatou que o repasse a Accioly era referente a uma sociedade que nunca existiu de fato.

Na semana passada, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou denúncia contra o senador pelos crimes de corrupção passiva e obstrução de Justiça com base na delação premiada do Grupo J&F.

Ex-presidente nacional do PSDB, Aécio se tornou réu pela primeira vez por causa do episódio em que foi gravado pedindo R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista. Além da ação penal, o tucano é alvo de oito inquéritos que tramitam no Supremo - cinco com base na delação da Odebrecht, dois relacionados à colaboração do senador cassado Delcídio Amaral (sem partido-MS) e outro do acordo da J&F.

Após a decisão da Primeira Turma, o senador disse que terá a oportunidade de "provar de forma clara e definitiva a absoluta correção" de seus atos.

Defesa

Em nota, o advogado Alberto Zacharias Toron, que defende Aécio, afirmou: "O senador Aécio Neves prestou, nesta quinta feira (26/04), todos os esclarecimentos solicitados em inquérito que investiga as obras da usina de Santo Antônio, no Estado de Rondônia. Por se tratar de empreendimento conduzido pelo governo federal à época, ao qual o senador e seu partido faziam oposição, não há nada que o vincule às investigações em andamento. Os próprios delatores afirmaram em seus depoimentos que as contribuições feitas às campanhas do PSDB e do senador nunca estiveram vinculadas a qualquer contrapartida."

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