Aécio Neves pede mais prazo para apresentar defesa ao STF
A defesa do tucano alega que só assim os advogados poderão ter conhecimento do contexto real das gravações utilizadas pela PGR como provas da denúncia
Estadão Conteúdo
Publicado em 12 de dezembro de 2017 às 12h55.
Brasília - O senador Aécio Neves (PSDB-MG) pediu mais prazo para apresentar sua defesa em inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que o investiga por corrupção passiva e obstrução de justiça.
A justificativa da defesa ao ministro relator do caso, Marco Aurélio Mello, é de que precisam ser anexadas aos autos do processo todas as gravações feitas pelos executivos da J&F, e que, até que isso seja feito, o prazo para apresentação da defesa deveria ficar suspenso.
A defesa do tucano alega que só assim os advogados poderão ter conhecimento do contexto real das gravações utilizadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como provas da denúncia.
Segundo os advogados, desde que o inquérito foi instaurado, tornaram-se públicas várias outras provas que influenciaram o processo de investigação sobre Aécio, "seja porque dizem com (i)legalidade das gravações aqui utilizadas, seja porque relacionam-se com o seu mérito", diz trecho da petição protocolada nesta segunda-feira, 11, ao STF, referindo-se às suspeitas e acusações que rondam a delação premiada firmada entre os executivos da J&F e o Ministério Público Federal.
"Além da relevância para a contextualização dos fatos, o acesso às gravações é essencial para a análise da própria legalidade da prova. Conforme amplamente noticiado pela imprensa, dentre o universo de gravações omitidas pelos delatores, existem diversas que revelam que o então Procurador Regional da República, Marcelo Miller, orientou os executivos da J&F na celebração de suas delações premiadas e nas gravações das autoridades públicas, inclusive do Peticionário", contextualiza a defesa.
Os advogados de Aécio também dizem que a conversa gravada por Joesley Batista, entre ele e Andrea Neves, irmã do senador, tratava-se de um negócio "absolutamente lícito e transparente". A defesa ainda diz que a conversa revela que o empresário da JBS, ao pedir para se encontrar pessoalmente com Aécio, tinha o intuito de "conduzir e manipular uma conversa para produzir aparências de provas, essenciais para obter os fantásticos benefícios de sua delação".
Aécio responde, atualmente, a nove inquéritos no âmbito do STF. Este, em que o senador pede mais prazo, foi originado por denúncia feita em junho deste ano pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que acusa o tucano de ter solicitado e recebido propina de R$ 2 milhões, além de atuar para impedir o avanço das investigações da Operação Lava Jato.
Aécio nega as acusações. Quando Janot apresentou a denúncia contra o senador, a defesa do tucano divulgou nota em que lamentou o "açodamento" no processo e apontou que "diversas diligências de fundamental importância" não haviam sido realizadas à época.