Brasil

Advogado de Lula na ONU vai ao Tribunal da Lava Jato

A entrada do defensor foi autorizada por decisão do desembargador Leandro Paulsen, um dos magistrados que compõem a 8ª Turma do TRF-4

Lula: (Paulo Whitaker/Reuters)

Lula: (Paulo Whitaker/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 19 de janeiro de 2018 às 15h30.

São Paulo - O advogado britânico e conselheiro da rainha, Geoffrey Ronald Robertson, que representa Lula na Comissão de Direitos Humanos da ONU, poderá acompanhar a sessão em que o Tribunal da Lava Jato julgará recurso do ex-presidente contra sua condenação no caso triplex.

A entrada do defensor foi autorizada por decisão do desembargador Leandro Paulsen, um dos magistrados que compõem a 8ª Turma do TRF-4, que analisará a apelação contra a sentença do juiz federal Sérgio Moro.

Inicialmente, o julgamento teria apenas autorizada a entrada de defensores, Ministério Público Federal, réus e desembargadores. Jornalistas ficariam na sala de imprensa da Corte, acompanhando transmissão interna por telão. Nesta quinta-feira, 18, o Tribunal confirmou que também veicularia o julgamento por Youtube. Nesta sexta-feira, 19, o desembargador Leandro Paulsen autorizou, a pedido da defesa do ex-presidente, a entrada do defensor britânico.

"No caso do advogado Geoffrey Ronald Robertson, embora não esteja habilitado para representar o réu neste feito que tramita na Justiça Federal brasileira, restam claras sua legitimidade para o acompanhamento dos trabalhos e a pertinência da sua presença. Isso porque foi constituído para representar o réu perante a Organização das Nações Unidas em assunto relacionado, justamente, ao seu julgamento pela Justiça Federal brasileira", anotou Paulsen.

O advogado ainda terá o direito de assistir o julgamento com tradução simultânea, que não poderá comparecer à sala de sessões, segundo Paulsen, porque a "realização de tradução oral simultânea, in loco, causará movimentação e ruído que, inevitavelmente, dispersará a atenção dos presentes".

"Destarte, com o intuito de bem atender à pretensão defensiva, determino que a secretaria deste Tribunal disponibilize para a tradutora uma sala distinta com acesso à transmissão em tempo real do julgamento por áudio e vídeo. A partir deste local poderá ser realizada a tradução simultânea do julgamento e sua transmissão ao advogado mediante utilização de aparelhos próprio que permita ao advogado estrangeiro a oitiva remota através de dispositivo auricular. Anoto que tal aparelho para comunicação entre a tradutora e o advogado deverá ser providenciado pela própria defesa", decide.

Sentença

Lula foi condenado pelo juiz federal Sérgio Moro por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no valor de R$ 2,2 milhões a 9 anos e 6 meses de prisão.

Segundo a denúncia, os valores são correspondentes ao triplex e suas respectivas reformas no condomínio Solaris, no Guarujá, supostamente custeadas pela OAS.

Lula nega que tenha aceitado o imóvel da empreiteira e apela por sua absolvição.

Além de recorrer pela reversão da pena no Judiciário brasileiro, o ex-presidente, que se considera vítima de perseguição política no Brasil, no âmbito da Operação Lava Jato, também apela à Comissão de Direitos Humanos da ONU.

ONU

Às Nações Unidas, Robertson tem adotado linha de defesa de que o julgamento de Lula não respeita o estado de direito no Brasil. A próxima reunião dos peritos da ONU - aceitou examinar o caso -acontecerá somente em março.

Em julho de 2016, quatro meses depois de Lula ter sido levado coercitivamente para depor pela força-tarefa da Lava Jato, os advogados do ex-presidente protocolaram uma queixa formal contra o Estado brasileiro.

Geoffrey Robertson, que vai acompanhar o julgamento do TRF-4, se diz incrédulo sobre as chances de reversão da pena do ex-presidente.

"Moro e os colegas estão dizendo que ainda há recursos para Lula na Justiça. Nós estamos alegando que não há mais recursos aqui porque a Justiça do Brasil é totalmente parcial. Portanto, temos de ir às instâncias internacionais, onde há uma Justiça verdadeira", chegou a afirmar o defensor, em setembro de 2017.

Robertson é fundador e sócio do escritório Doughty Street Chambers, principal banca especializada em direitos humanos do Reino Unido.

Ele atuou como juiz em Londres por 17 anos e como juiz de apelações e membro do Conselho de Justiça da ONU (2008-2012), responsável pela supervisão das nomeações dos juízes da organização. Recebeu o título de jurista Ilustre.

Robertson atuou em diversos processos constitucionais e penais que estabeleceram importantes marcos nos tribunais ingleses e no Tribunal de Direitos Humanos da Europa.

Entre os seus premiados livros está Crimes Against Humanity: The Struggle for Global Justice (Crimes Contra a Humanidade: a Luta pela Justiça Global).

É membro da Ordem dos Advogados da Grã-Bretanha, curador da SOAS (Centro de Estudos sobre o Oriente e África) e professor visitante de direitos humanos das faculdades Queen Mary College e New College of Humanities.

Acompanhe tudo sobre:AdvogadosLuiz Inácio Lula da SilvaONUOperação Lava JatoTRF4

Mais de Brasil

Acidente com ônibus escolar deixa 23 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP