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Adiamento da votação do Plano Diretor provoca confronto

Mais de 3 mil integrantes de grupos de sem-teto entraram em confronto com a Polícia Militar no centro de São Paulo


	O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT): vereadores de oposição acusam o prefeito pelo incidente
 (Marcelo Camargo/ABr)

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT): vereadores de oposição acusam o prefeito pelo incidente (Marcelo Camargo/ABr)

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Da Redação

Publicado em 29 de abril de 2014 às 20h51.

São Paulo - Mais de 3 mil integrantes de grupos de sem-teto entraram em confronto com a Polícia Militar no centro de São Paulo, por volta das 17h20 desta terça-feira, 29, momentos após o presidente da Câmara Municipal, José Américo (PT), anunciar o adiamento da votação do Plano Diretor para esta quarta-feira, 30. Por falta de relatórios de cinco comissões de legalidade (Saúde, Educação, Transporte, Administração Pública e Finanças), os vereadores adiaram a votação em primeira discussão, prevista para ocorrer hoje. Os relatórios precisam antes ser publicados no Diário Oficial da Cidade.

Logo após o anúncio, os sem-teto que fechavam as duas vias do Viaduto Jacareí começaram a atirar pedras contra o Palácio Anchieta. Em seguida, a Tropa de Choque da PM começou a lançar bombas de gás contra os manifestantes, que montaram barricadas de fogo pelas ruas do centro. Um restaurante ao lado da Câmara foi incendiado. Dentro do plenário, a sessão foi suspensa após alguns sem-teto começarem a lançar pedaços de madeira arrancados dos bancos das galerias nos vereadores. Um PM atingido com pedrada no rosto ficou ferido e foi socorrido ao pronto-socorro da Câmara.

O clima em frente à Casa ainda é tenso. Vereadores de oposição acusam o prefeito Fernando Haddad (PT) pelo incidente - na semana passada Haddad subiu em um carro de som dos grupos de sem teto e pediu que eles pressionassem a Câmara a aprovar o novo Plano Diretor, que prioriza a construção de moradias populares em áreas centrais da cidade, nas chamadas Zonas de Interesse Social (Zeis).

Como os vidros da fachada do Palácio Anchieta são blindados, os manifestantes tentavam atingir as janelas laterais. As salas das lideranças do PSDB e do PSB tiveram as janelas destruídas. Muitos funcionários do Legislativo estão intoxicados com o cheiro de gás que invadiu o prédio. "Podem tacar fogo nos pneus, quebrar as grades que vocês não ajudaram em nada!", disparou o presidente da Câmara ao suspender a sessão. "A história vai mostrar que vocês atrapalharam", emendou o presidente, enquanto bombas de gás explodiam do lado de fora do plenário.

Confusão

A votação do Plano Diretor teve de ser adiada porque o projeto chegou ao plenário instruído apenas pelos relatórios das comissões de Política Urbana e de Justiça. Não havia qualquer texto com a análise das áreas de Transporte e de Saúde, por exemplo, para a proposta que cria novas regras para o crescimento da cidade pelos próximos 20 anos. Os vereadores então decidiram fazer um rápido congresso de comissões, expediente comum feito em grandes votações de projetos de pouco impacto, como nomenclatura de vias públicas.

Mas aí o vereador Milton Leite (DEM) alertou os vereadores da Casa que os relatórios que seriam produzidos de improviso para o Plano Diretor precisavam ser publicados no Diário Oficial da Cidade antes da primeira votação. Alertado, o presidente comunicou que a votação seria realizada só na quarta. Logo após a fala do presidente, o líder de governo Arselino Tatto (PT) discordou do adiamento e pediu que a votação fosse realizada, o que inflou os manifestantes do lado de fora e dentro do plenário. O bate-boca dos vereadores foi o estopim para o início da manifestação violenta dos sem-teto.

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