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'Acordo Mercosul-UE não pode ser defendido como está', diz Macron em São Paulo

Presidente francês voltou a criticar proposta de tratado comercial entre os blocos, mesmo após reuniões com Lula

Emmanuel Macron, presidente da França, durante discurso em Itaguaí, no Rio de Janeiro (Paulo Porciuncula/AFP)
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 27 de março de 2024 às 18h50.

Última atualização em 27 de março de 2024 às 19h19.

O presidente da França, Emmanuel Macron, fez ataques duros ao acordo entre União Europeia e Mercosul, durante um discurso na sede da Fiesp, em São Paulo, nesta quarta, 27.

"Este acordo não pode ser defendido, porque foi negociado há 20 anos. A vida diplomática, dos negócios, não pode se basear em uma regra antiga. O acordo precisa ser refeito", disse.

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"Deixemos de lado as lições de 20 anos atrás e vamos criar um novo acordo, um acordo comercial responsável, que tenha o desenvolvimento, a biodiversidade e o clima no centro, com cláusulas que tenham reciprocidade e mais exigências de todas as partes", prosseguiu.

Como exemplos, Macron citou empresas de cimento da França que reduziram seus níveis de poluição e teriam de competir com fábricas de outros países que não adotaram essas ações e poderiam vender seus produtos na Europa por preços menores. Segundo ele, os agricultores do país enfrentariam a mesma dificuldade.

O acordo Mercosul-UE

O Mercosul, bloco comercial que reúne o Brasil e mais países da América do Sul, negocia há 20 anos um acordo com a União Europeia para facilitar a venda de produtos entre os dois lados. O acordo esteve perto de ser fechado em 2023, mas a França é uma das principais resistências.Nos últimos meses, produtores rurais de pelo menos sete países (Alemanha, Bélgica, França, Grécia, Itália, Romênia e Polônia) fizeram protestos contra acordos de livre comércio com países fora do bloco.

Em fevereiro, o Ministério das Relações Exteriores do Paraguai (atual presidente do Mercosul) disse que as negociações estão suspensas até as eleições para o Parlamento Europeu, que ocorrem em junho.

Macron realiza uma visita de três dias ao Brasil. Na terça, 26, se encontrou com o presidente Lula em Belém. Depois, participou do batismo de um submarino em Itaguaí, no Rio de Janeiro, e veio a São Paulo em seguida.

Na capital paulista, Macron foi à sede da Fiesp, na Avenida Paulista, onde se reuniu com o vice-presidente, Geraldo Alckmin, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, empresários e líderes de entidades, que defendem o avanço do acordo.

“A implementação do acordo Mercosul-UE é essencial para a diversificação das exportações e a ampliação da rede de parceiros comerciais nos países dos dois blocos. Ajudará a agregar valor às cadeias de produção e a incentivar o crescimento da economia e a criação de empregos nas duas regiões”, disse Ricardo Alban, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI)..

Josué Gomes, presidente da Fiesp, também defendeu o acordo, em um discurso nesta terça, e destacou que o tratado pode aumentar empregos dos dois lados, “especialmente para a França".

Em seu discurso, Macron defendeu o aumento dos negócios entre os dois países e exaltou a grande presença de empresas francesas no Brasil. Ao mesmo tempo, defendeu que as companhias brasileiras poderiam investir mais em seu país.

"As empresas brasileiras precisam acreditar mais na França. Somos o país mais atraente da Europa, Começamos a reindustrializar o país, fizemos muitas reformas e esforços de descarbonização", disse.

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