A um dia da CPI, Dilma fala de combate à corrupção
"Não há um único país no mundo em que não haja caso de corrupção. O que distingue os países é a disposição de cada um de combater a corrupção", disse presidente
Da Redação
Publicado em 16 de setembro de 2014 às 16h14.
Brasília - Preocupada com danos eleitorais causados pelas acusações de pagamento de propina a políticos aliados, a campanha pela reeleição da presidente Dilma Rousseff reagiu e dedicou praticamente todo o programa de TV desta tarde para defender ações adotadas pelos governos petistas no combate à corrupção.
A inserção no horário eleitoral gratuito ocorreu um dia antes do depoimento do ex-diretor da Petrobras e delator do suposto esquema montado na estatal, Paulo Roberto Costa, numa Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Congresso.
Foram usados os mesmos trechos exibidos na TV em 9 de setembro, três dias após a veiculação na imprensa das declarações de Paulo Roberto à Polícia Federal.
Na peça, Dilma afirma que nunca se envolveu "em qualquer ação desonesta" e argumenta que desde a administração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva os órgãos de controle federais ganharam autonomia para investigar "doa a quem doer".
"Não há um único país no mundo em que não haja caso de corrupção. O que distingue os países é a disposição de cada um de combater a corrupção", disse a presidente.
A petista também alega que seu governo "nunca varreu nada para debaixo do tapete" e enumerou medidas para apurar malfeitos tomadas desde a gestão de Lula: o status de ministério conferido à Controladoria-Geral da União (CGU), a criação do Portal da Transparência e a aprovação das leis da Ficha Lima e de Acesso à Informação.
O programa do PT também citou como conquista a Lei Anticorrupção e prometeu regulamentá-la em breve.
Sancionada há mais de um ano, essa norma estabelece punições para empresas envolvidas em corrupção, mas ainda aguarda a edição do decreto de regulamentação.
Dilma afirma ainda na propaganda que, quando irregularidades não são investigadas, "prevalece a falsa ideia de que não existe nada de errado". "Se nada se investiga é claro que nada se descobre".
O final do programa da petista tentou aproximá-la das reivindicações populares levantadas nas manifestações de junho do ano passado.
Foram mostradas cenas de uma reunião no Palácio da Alvorada entre Dilma e jovens lideranças de entidades como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a União Nacional dos Estudantes (UNE) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), além do coletivo Fora do Eixo.
Mudança
Terceiro colocado nas pesquisas de intenção de voto e tentando evitar uma debandada de sua campanha, o senador Aécio Neves (PSDB) voltou a associar a ex-ministra Marina Silva (PSB) ao PT e a se colocar como o candidato que representa "o caminho seguro para o Brasil mudar de verdade".
Na parte final de uma propaganda eleitoral voltada para apresentar resultados atingidos na educação pelo tucano no governo de Minas Gerais, um apresentador narra a trajetória política de Marina e ressalta que ela militou por anos no Partido dos Trabalhadores.
"Marina foi ministra do governo do PT e Aécio era oposição e defendia a mudança", diz o locutor.
O programa também afirma que Marina continuou no governo durante o escândalo do mensalão e que só deixou o partido quando Lula escolheu Dilma como sua sucessora. "Marina promete a 'nova política' que não praticou", critica a peça.
Dona do menor tempo de televisão entre os três principais concorrentes ao Palácio do Planalto, a candidata do PSB, Marina Silva, manteve a estratégia de não responder aos ataques disparados pelos adversários e apresentou propostas para a pauta ambiental.
Ex-ministra do Meio Ambiente, Marina aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto e figura hoje como principal oponente de Dilma. Se eleita, ela prometeu aumentar em 40% a área de florestas plantadas e estabelecer metas para a reduzir a emissão de carbono.
Na publicidade do PSB, Marina também diz que o planeta sofre hoje os efeitos da "devastação ambiental" e lembra que os reservatórios de água nas grandes cidades, como São Paulo, estão em situação de "colapso".
Ao citar a crise hídrica no Estado governado pelo PSDB, foram exibidas imagens do Sistema Cantareira.
"A falta de chuva no Sudeste é uma consequência do desmatamento na Amazônia", argumenta a candidata em seu programa.