A ordem para defesa de Lula, a partir de hoje, é ganhar tempo
Até agora, há, pelo menos, dez pedidos de impugnação da candidatura, alguns movidos pela Procuradoria-Geral da República e por adversários
Da Redação
Publicado em 22 de agosto de 2018 às 06h34.
Última atualização em 22 de agosto de 2018 às 07h07.
Um novo capítulo do périplo do pedido de registro da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem início nesta quarta-feira. Termina hoje o prazo para entrada de pedidos de contestação da candidatura do petista no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e tem início o prazo para manifestação da defesa de Lula.
Até agora, há, pelo menos, dez pedidos de impugnação da candidatura, alguns deles movidos pela Procuradoria-Geral da República e por adversários na corrida eleitoral: Jair Bolsonaro (PSL) e João Amoêdo (Novo). Na segunda-feira, o vice-procurador-geral Eleitoral reiterou, em parecer anexado ao processo da candidatura, que Lula está inelegível. O petista, por ter sido condenado por órgão colegiado, deve ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa.
Os advogados do ex-presidente têm sete dias para apresentar sua defesa. Segundo coluna do jornal Folha de S.Paulo, eles pretendem fazer o máximo do prazo: o plano é entregar a defesa no limite, às 23h59 do dia 30 de agosto. Ainda segundo o jornal, nesta semana, os advogados de Lula vão se reunir individualmente com os ministros do TSE. Findado o prazo da defesa, o Ministério Público tem dois dias para se manifestar. Depois disso, o ministro Luís Roberto Barroso, relator do pedido de registro, libera o processo para análise do plenário. Ele já afirmou que não deve decidir sozinho sobre a candidatura e que quer celeridade.
A estratégia dos advogados de Lula de retardar o máximo possível o julgamento da candidatura desagradava parte do PT, principalmente os governadores que buscam reeleição, pela avaliação de que é necessário mostrar logo o ex-prefeito Fernando Haddad, vice-candidato da chapa, como substituto do ex-presidente para garantir a maior transferência de votos possíveis. O nome de Lula pode ser trocado até 20 dias antes do primeiro turno, marcado para o dia 7 de outubro.
Outro grupo dentro do partido considera que o melhor é esticar Lula como candidato oficial o máximo possível para capitalizar em cima da memória evocada pelo ex-presidente e levar o PT ao segundo turno. As pesquisas Ibope e CNT/MDA divulgadas nesta segunda-feira, e Datafolha, divulgada hoje, mostram que o capital político do ex-presidente é, de fato, o maior ativo do PT para esta eleição: nos cenários com seu nome, Lula, mesmo preso desde abril por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, chega a 39% das intenções de voto, cerca de 5 pontos a mais do que tinha nos últimos levantamentos.
O Datafolha de hoje voltou a mostrar a dificuldade de Haddad de herdar os votos do ex-presidente. No cenário sem Lula, o ex-prefeito de São Paulo aparece com 4% das intenções de voto. A campanha petista deve intensificar o uso de mensagens como “Vote 13” e “Lula é Haddad”. Em paralelo, a partir de hoje, começa a corrida jurídica para manter o ex-presidente como candidato o maior tempo possível.