A nova tabela dos fretes e uma pergunta: quem será o próximo?
Na semana que vem a Agência Nacional de Transportes Terrestres vai publicar um chamamento para construir uma tabela “ouvindo todos os setores”, diz ministro
Da Redação
Publicado em 7 de junho de 2018 às 07h02.
Última atualização em 7 de junho de 2018 às 09h04.
O ministro dos Transportes, Valter Casimiro, anunciou ontem que o governo deve publicar nesta quinta-feira uma nova tabela com reajustes nos preços dos fretes acertados com os caminhoneiros . Deve haver novo detalhamento por tipo de caminhão, com preços diluídos para caminhões com mais eixos, após uma sequência de reuniões com caminhoneiros e com representantes do agronegócio. Segundo o ministro, na semana que vem a Agência Nacional de Transportes Terrestres vai publicar um chamamento para construir uma tabela “ouvindo todos os setores”.
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O governo caminha numa linha tênue, tendo que contentar os produtores rurais sem transparecer que está desfazendo o acordo com os caminhoneiros, que ontem voltaram a ameaçar iniciar uma nova greve se a tabela com preços dos fretes for alterada. Os caminhoneiros pedem ainda uma anistia a multas de motoristas e de empresas pela paralisação que levou o caos ao país. Casimiro, ontem, afirmou que o governo “não prometeu nada”.
Até quando, não se sabe. Para encerrar a greve, o governo aceitou ceder uma, duas, três vezes. Agora, grupos de interesse dos mais variados setores querem que ceda um pouco mais, tomando medidas que os beneficiem. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), por exemplo, o preço do frete de arroz vai subir 50% com a nova tabela do frete. Produtores de aves e suínos afirmam que o frete para rações pode ficar até 83% mais caro. Para a CNI, a nova tabela de fretes é “insustentável”.
O tabelamento de preços remete a um Brasil que parecia ter ficado no passado, mas que sempre volta, como destaque o economista Celso Toledo, diretor da consultoria LCA e colunista de EXAME. “Para os brasileiros, o Estado é a resposta para todos os problemas e deve acomodar as demandas infinitas da população a qualquer custo”, afirma.
Por essa lógica, se o combustível custa caro no Brasil, a culpa é do governo, e o governo que resolva. Como o cobertor é curto, sobrou para os produtores rurais. Quem serão os próximos descontentes a bater à porta do governo?