"A democracia não está em risco no Brasil", diz Moro
Segundo juiz, investigações sob sua responsabilidade e de outros magistrados revelaram fatos "vergonhosos", mas sua punição deve ser motivo de orgulho
Estadão Conteúdo
Publicado em 16 de abril de 2018 às 16h29.
Última atualização em 16 de abril de 2018 às 16h37.
Cambridge (EUA) - "Deixa eu dizer alto e claro: a democracia não está em risco no Brasil", disse nesta segunda-feira, 16, o juiz federal Sérgio Moro , responsável pela condenação à prisão do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva na Operação Lava Jato .
Segundo Moro, as investigações de corrupção sob sua responsabilidade e de outros magistrados revelaram fatos "vergonhosos", mas sua punição, afirma, deve ser motivo de orgulho para o país.
Em palestra na Escola de Direito da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, Moro mencionou trecho de discurso feito em 1903 pelo ex-presidente dos EUA Theodore Roosevelt (1858-1919) para reforçar sua posição: "A exposição e a punição da corrupção pública é uma honra para uma nação, não uma desgraça. A vergonha está na tolerância, não na correção".
Em julho, Moro condenou Lula a 9 anos e 6 meses por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá. Em janeiro, o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) confirmou a condenação e elevou a pena a 12 anos e 1 mês. Lula foi preso por determinação de Moro no dia 5, depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) negar pedido de habeas corpus preventivo apresentado por seus advogados.
Aliados do ex-presidente sustentam que o julgamento teve motivações políticas e representam uma ameaça ao sistema democrático. Para eles, não há provas para a condenação do ex-presidente e a proibição de sua participação na eleição representa um golpe. Lula pode ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa, que proíbe o registro de candidatos que tenham sido condenados criminalmente em segunda instância.