5 crises que deixaram o presidente do país no fio da navalha
A presidente Dilma Rousseff não foi a primeira a enfrentar dias difíceis. Relembre o desfecho de cinco momentos de crise na história do país.
Mariana Desidério
Publicado em 19 de julho de 2015 às 07h04.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 14h38.
São Paulo – A presidente Dilma Rousseff enfrenta dias difíceis. Com um cenário econômico nada animador e seguidas denúncias de corrupção levantadas pela Operação Lava Jato , a petista encara seu momento de popularidade mais baixa – a aprovação ao seu governo chegou a 9%. Com isso, surgem e ressurgem discussões sobre a possibilidade de um impeachment da presidente. Porém, Dilma não é primeira e provavelmente não será a última presidente do país a enfrentar momentos de dificuldade. Na história recente do país, ao menos cinco presidentes enfrentaram denúncias e cenários econômicos complicados. O desfecho de cada crise, porém, foi bem diferente. Veja nas fotos a seguir cinco momentos da história do país em que o presidente esteve no fio da navalha.
Na década de 1950, em meio a graves acusações de corrupção em seu governo, o então presidente Getúlio Vargas enfrentava uma grave crise política, alimentava pelos ataques da oposição. Seu principal adversário político era Carlos Lacerda, da UDN. O ponto nevrálgico da crise foi o atentado da rua Toneleiro, ocorrido no dia 5 de agosto de 1954. O ataque a tiros ocorreu em frente à residência de Lacerda e matou o major Rubens Florentino Vaz. Carlos Lacerda foi atingido no pé, e sobreviveu. Atribuído a membros da segurança pessoal de Getúlio Vargas, o crime agravou a crise e reforçou os pedidos de renúncia do presidente. Na madrugada do dia 23 para o dia 24 de agosto de 1954, a crise chegou ao fim de maneira trágica. Com um tiro no peito, Getúlio pôs fim à própria vida, deixando em sua carta-testamento a famosa frase: “Saio da vida para entrar na história”.
João Goulart assumiu a presidência em 1961, após a renúncia de Jânio Quadros. O ambiente político já não era dos melhores, uma vez que os militares não queriam a posse de Jango, por considerarem-no próximo aos comunistas. Associada a uma crise econômica, com alta inflação, a posição dos militares foi se agravando ao longo do tempo. Desgastado, o presidente passou a participar de manifestações favoráveis a suas propostas. A polarização entre esquerda e direita se agravavam. Em 13 de março, um comício a favor de Jango reuniu 300 mil pessoas no Ri de Janeiro. Na semana seguinte, milhares de pessoas contrárias ao presidente participaram da Marcha da Família com Deus pela Liberdade. O embate terminou em desastre para a democracia. Em 31 de março de 1964, os militares deram um golpe de Estado e Jango foi tirado do poder, o que deu início à Ditadura Militar.
Fernando Collor de Mello foi o primeiro presidente eleito pelo povo após mais de 20 anos de Ditadura Militar. Num cenário de inflação de 80% ao mês, Collor precisava enfrentar a crise econômica. Para isso, adotou uma das medidas mais impopulares da história política recente: o bloqueio das contas correntes e poupanças que excedessem 50 mil cruzeiros. Isso nos primeiros seis meses de governo. Além de ter levado muitos brasileiros ao desespero, a medida não resolveu o problema da economia. Junto a isso, começaram a aparecer as denúncias de corrupção envolvendo Collor. Em 1992, o irmão do presidente, Pedro Collor, acusou o tesoureiro de sua campanha, PC Farias, de atuar em operações ilegais para enriquecer. As denúncias envolviam o próprio presidente. Foi instaurada uma CPI no Congresso. Nas ruas, milhares de estudantes se vestiram de preto para pedir o impeachment de Collor. A crise resultou em mais um episódio de ruptura na política brasileira: em setembro de 1992, a Câmara aprovou o impeachment. Três meses depois, o presidente renunciou ao cargo, minutos antes de ter seu impedimento aprovado também no Senado.
Para a alegria de Dilma, nem toda crise política na história recente do país acabou em ruptura. Nos anos 1990, o presidente Fernando Henrique Cardoso enfrentou graves problemas econômicos e políticos, mas conseguiu chegar até o fim de seu segundo mandato. Reeleito em 1998, FHC começou o segundo mandato num cenário de estagnação econômica e crise internacional. O consumo diminuiu, o desemprego aumentou e a moeda se desvalorizou, o que contribuiu para a queda da popularidade do presidente. No auge da crise, o tucano amargou 13% de aprovação. Somando-se a isso, vieram as denúncias de que o governo havia comprado votos no Congresso para a aprovação da reeleição no país. Partidos de oposição, liderados pelo PT, entoaram o “Fora FHC”, e fizeram manifestações contra o presidente. Qualquer semelhança com o segundo mandato de Dilma não é mera coincidência. Para coroar a crise, em 2001, o país se viu em meio ao “apagão”. O racionamento de energia afetou o dia a dia de milhões de pessoas e, é claro, teve impactos na economia. Mesmo assim, FHC terminou seu segundo mandato no tempo previsto.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também enfrentou momentos difíceis em seu período na Presidência da República. Em 2005, Lula se viu frente a frente com o chamado escândalo do mensalão. As denúncias de corrupção levaram a cassação de mandatos e perda de popularidade do governo. Tudo começou com uma entrevista do então deputado federal Roberto Jefferson, do PTB, na qual o parlamentar denunciava a existência de uma “mesada” paga pelo governo a congressistas da base aliada. O nome do então ministro da Casa Civil José Dirceu, homem forte de Lula, logo apareceu nas acusações. Dirceu deixou o ministério e voltou para o Congresso, onde tinha um mandato como deputado federal. Seis meses depois, o petista foi cassado por seus colegas, assim como Roberto Jefferson. O escândalo do mensalão levou à pior aprovação de Lula, chegando a 28%. A palavra impeachment também apareceu, e as eleições de 2006 tornaram-se incertas para o presidente. Apesar de tudo, o caso também teve um fim “pacífico”. Lula ficou no mandato até o fim, disputou as eleições e foi reeleito. Deixou a Presidência com aprovação impressionante de 83%. O exemplo do padrinho e antecessor pode ajudar Dilma a enfrentar a crise atual.
Mais lidas
Mais de Brasil
Mais de 300 mil imóveis seguem sem luz em São Paulo 12 horas após temporalCavaliere, vice eleito do Rio: segurança pública exige coordenação entre União, estado e municípioMais de 600 mil imóveis estão sem luz em SP após chuva intensaAo lado de Galípolo, Lula diz que não haverá interferência do governo no Banco Central