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3ª onda de covid causada pela variante Ômicron está acabando, diz Fiocruz

Dados constantes do boletim divulgado pelo Observatório nesta sexta-feira, 8, indicam que se mantém a tendência de queda de indicadores de incidência e mortalidade por covid-19

Variante Ômicron: Para os pesquisadores, o atual cenário sinaliza redução gradual dos principais impactos da pandemia (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Variante Ômicron: Para os pesquisadores, o atual cenário sinaliza redução gradual dos principais impactos da pandemia (Fernando Frazão/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 8 de abril de 2022 às 20h50.

A "terceira onda" da epidemia de covid-19 no Brasil, provocada pela disseminação da variante Ômicron, está em fase de extinção, segundo pesquisadores que compõem o Observatório covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Dados constantes do boletim divulgado pelo Observatório nesta sexta-feira, 8, indicam que se mantém a tendência de queda de indicadores de incidência e mortalidade por covid-19.

O documento analisa dados de 20 de março a 2 de abril (semanas epidemiológicas 12 e 13 de 2022) e destaca que, pela primeira vez desde maio de 2020, nenhum estado do Brasil superou a marca de 0,3 óbito por 100 mil habitantes. "Os dados permitem afirmar que a terceira onda epidêmica no Brasil, com o predomínio da Ômicron entre os casos, está em fase de extinção", registra o documento.

Para os pesquisadores, o atual cenário sinaliza redução gradual dos principais impactos da pandemia, com diminuição do número de casos graves, internações e óbitos. Mas eles alertam que esse quadro não significa o fim da pandemia e pode ser alterado caso surjam novas variantes mais letais ou que escapem da imunidade provocada pelas vacinas contra a covid-19.

A tendência de queda se reflete também nos casos de Síndrome Respiratória Aguda (SRAG) por covid-19. Nas fases mais críticas da pandemia, 98% das internações por SRAG eram positivas para covid-19. Atualmente, essa proporção está em 50,7%. Outro indicador estratégico, a taxa de letalidade por covid-19, permaneceu em valor próximo a 0,8%.

Ao longo de 2021 esses valores oscilavam entre 2% e 3%. Foram reduzidos para 0,2% no início de 2022 e em março passaram para 1%. A redução desse indicador, observada durante a terceira onda epidêmica, é atribuída principalmente à vacinação de grande parte da população-alvo e à menor gravidade da infecção pela Ômicron.

O Boletim ressalta o papel da vacinação no controle da covid-19 e alerta sobre a importância da segunda e da terceira doses. "Além disso, as doses de reforço em grupos populacionais mais vulneráveis podem reduzir ainda mais os impactos da pandemia sobre mortalidade e internações", observam os pesquisadores.

Em um país continental como o Brasil, com diversas realidades regionais, eles defendem a ampliação da vacinação, para atingir as regiões com baixa cobertura. Também chamam a atenção para a necessidade da continuidade do uso de máscaras em ambientes fechados.

Outro desafio estratégico, de acordo com a análise, é a readequação do sistema de saúde. A orientação é aproveitar esse período de menor transmissão da covid-19 para atender as demandas represadas durante as fases de alta de casos. Entre as iniciativas sugeridas estão a capacitação profissional para atividades de vigilância e cuidado, o reforço da atenção primária de saúde e o atendimento de síndromes pós-covid-19.

A fase atual mostra um rejuvenescimento da pandemia com novo padrão a partir da base da pirâmide e não pelo topo. A idade média das internações e óbitos vêm se reduzindo significativamente. A mediana das internações também apresentou queda nas duas últimas semanas: agora, a idade média se mantém abaixo dos 60 anos, nas internações.

Em relação aos óbitos, metade dos eventos foi registrada em pessoas com no mínimo 74 anos. Na visão dos cientistas, isso reforça a ideia de que a população, principalmente a mais longeva, possui maior vulnerabilidade às formas graves e fatais da covid-19. Ainda quanto aos óbitos, o estudo mostra que a variabilidade em torno da idade média aumentou durante esta fase da pandemia. Ao mesmo tempo em que casos graves e fatais estão concentrados nas idades mais avançadas, cresce a contribuição de grupos mais jovens, principalmente de crianças, no total do número de casos.

"A idade se estabelece como um fator de risco independente para o agravamento. Por outro lado, há a maior vulnerabilidade das crianças, provocada principalmente pela baixa adesão deste grupo à vacinação. O que ocorre é uma maior contribuição relativa dos grupos extremos da pirâmide etária para as internações e óbitos, especialmente das crianças". Entretanto, a manutenção da letalidade no grupo de 80 anos ou mais é motivo de preocupação, de acordo com o estudo. Segundo os cientistas, esse fato reforça a necessidade de vacinar aqueles que ainda não tomaram a terceira dose, assim como a aplicação da quarta dose naqueles elegíveis.

As tendências de aumento ou redução de casos de SRAG variam entre os estados, segundo avaliação do mais recente boletim InfoGripe. As tendências recentes de diminuição de casos aparecem para todas as faixas etárias, com exceção de 0 a 4 anos e de 5 a 11 anos, em que há presença de casos de covid-19 e outras doenças respiratórias. "Pode haver um componente sazonal contribuindo para o aumento para estas doenças com a chegada do outono", aponta o boletim do Observatório covid-19.

O cenário relativo às taxas de ocupação de leitos de UTI SRAG/covid-19 apresentado pelo país no último dia 4 de abril é semelhante aos dados obtidos em 21 de março, que sinalizaram que todos os estados e o Distrito Federal estavam com taxas inferiores a 60% pela primeira vez desde julho de 2020. Segundo o Boletim, isso ratifica o arrefecimento da carga colocada pela covid-19 sobre o sistema de saúde e principalmente sobre os leitos de alta complexidade.

O Boletim observa que as taxas de ocupação de leitos de UTI/SRAG parecem deixar de ser um indicador significativo e comparações no decorrer do tempo requerem cautela. "Aumentos nas taxas de ocupação podem não indicar propriamente aumento nas internações por covid-19, mas refletir a redução do número de leitos ou mesmo o uso dos leitos no atendimento de outros problemas de saúde", afirmam os pesquisadores.

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