2023, o ano mais mais quente já registrado com todos os recordes quebrados
A Organização Meteorológica Mundial (OMM), durante na COP28, mostrou que a temperatura da Terra foi 1,48 grau Celsius acima do período pré-industrial, de 1850-1900
Redação Exame
Publicado em 9 de janeiro de 2024 às 11h51.
O ano de 2023 foi confirmado como o mais quente já registrado, afirma o relatório do Serviço deMudanças ClimáticasCopernicus ( C3S ), a agência europeia do clima, divulgado nesta terça-feira, 9.
O documento revela um aquecimento brutal, muito maior do que o suposto, com todos os recordes diários, mensais e anuais quebrados. E é dado como certo que 2024 será ainda mais tórrido, com recordes de temperatura manifestados em extremos climáticos.
Um relatório preliminar do Estado Global do Clima, divulgado pela Organização Meteorológica Mundial ( OMM ), durante na COP28, em novembro, mostrou que a temperatura da Terra foi 1,48 grau Celsius acima do período pré-industrial, de 1850-1900, muito perto do 1,5 C estabelecido pelo Acordo de Paris.
Brasil não ficou de fora
O estudo também mostrou que os últimos nove anos, de 2015 a 2023, foram os mais quentes já registrados. Várias cidades brasileiras, por exemplo, viram os termômetros alcançarem temperaturas inéditas.
Araçuaí (a 678 km de Belo Horizonte), teve em novembro o dia mais quente no registro histórico no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia ( Inmet ). Com cerca de 30 mil habitantes, a cidade mineira, localizada no Vale do Jequitinhonha, chegou no dia 19 a uma temperatura de 44,8ºC. Até então, a maior temperatura já registrada no país tinha sido de 44,7°C em Bom Jesus (PI), em 2005.
Queimadas florestais ficarão mais frequentes
Os incêndios florestais descontrolados ficaram cada vez mais frequentes e devastadores em todo o mundo, segundo o relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) publicado no começo de 2023.
O documento mostra que a ocorrência global de incêndios extremos deverá aumentar 14% até 2030, 30% até o fim de 2050, e 50% até o fim do século. Os incêndios florestais são um processo natural — os raios costumam ser o ponto de partida. O problema: a ação do homem potencializa o processo ao levar mais gases de efeito estufa para o meio ambiente, o que contribui para o aquecimento global — uma das causas do crescimento dos grandes incêndios.
“O planeta está ficando mais quente, o que torna a atmosfera mais eficiente em retirar umidade do solo florestal e da superfície da Terra, aumentando os combustíveis para o fogo”, diz Mike Flannigan, cientista responsável por fornecer informações e análises ao departamento de incêndios do Canadá e que participou da elaboração do relatório da Pnuma. “Além disso, 95% dos incêndios são causados por ação humana.”
Fenômenos naturais extremos
Os fenômenos naturais também aumentaram em 2023, conforme cita o estudo da OMM. O ciclone tropical Freddy, em fevereiro e março, foi um dos mais duradouros do mundo, com grandes impactos em Madagáscar, Moçambique e Malawi. O ciclone tropical Mocha, em maio, foi um dos ciclones mais intensos jamais observados na Baía de Bengala.
As inundações associadas à precipitação extrema causada pelo ciclone mediterrâneo Daniel afetaram Grécia, Bulgária, Turquia e Líbia. O sul da Europa e o Norte da África registraram calor extremo, em particular na segunda quinzena de julho. As temperaturas em Itália atingiram 48,2 °C, Tunes chegou a 49,0 °C, Agadir a 50,4 °C e Argel a 49,2 °C.
O desempenho da agricultura também retrata o que mostram os termômetros. No norte da Argentina e no Uruguai, as chuvas de janeiro a agosto foi 20 a 50% inferior à média, o que levou a perdas de colheitas e a baixos níveis de armazenamento de água.
El Niño vem mais forte em 2024?
Segundo a OMM, o ano de 2024 deve ser ainda mais quente do que o de 2023, em consequência das mudanças climáticas em curso somadas à ocorrência do fenômeno El Niño. Como o fenômeno só deve se dissipar entre abril e junho, é possível esperar novas ondas de calor
O diretor-geral da OMM Petteri Taalas, afirma que o principal fator por trás do aumento das temperaturas é o aquecimento global, porém o El Niño "tem impacto na temperatura global, especialmente no ano seguinte ao de sua formação, neste caso, 2024".
"Como resultado das temperaturas recordes da superfície e dos oceanos desde junho, 2023 deverá ser o ano mais quente já registrado até hoje, mas a previsão é de que o próximo ano seja ainda mais quente."
No Brasil, além das ondas de calor e elevação das temperaturas, o El Niño pode provocar alteração no regime de chuvas, causando novos eventos de secas e estiagens intensas, sobretudo no Nordeste e no Norte, e chuvas acima do normal no Sul, a exemplo do que já ocorreu em 2023. Além disso, incêndios florestais no cerrado e na Amazônia podem ocorrer com mais frequência.