Impeachment não é bom para PSDB
Para o PSDB, eleitoralmente, seria melhor que Luiz Inácio Lula da Silva chegasse ao fim de seu mandato enfraquecido e, ainda assim, disputasse a reeleição. Considerado ideal pelo líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Alberto Goldman (SP), o cenário é reforçado com a perspectiva de vitória de José Serra sobre Lula, indicada pela primeira […]
Da Redação
Publicado em 24 de junho de 2012 às 11h52.
Para o PSDB, eleitoralmente, seria melhor que Luiz Inácio Lula da Silva chegasse ao fim de seu mandato enfraquecido e, ainda assim, disputasse a reeleição. Considerado ideal pelo líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Alberto Goldman (SP), o cenário é reforçado com a perspectiva de vitória de José Serra sobre Lula, indicada pela primeira vez por pesquisa Datafolha publicada nesta sexta-feira (12/8). Pelo levantamento, Serra bate o petista no segundo turno por 48% contra 39%, uma significativa diferença de 9 pontos percentuais.
Mas a situação do governo e do PT se agravou tanto com o depoimento de Duda Mendonça ontem, que a direção do PSDB desistiu de avaliar hipóteses. "O PSDB já tirou esse assunto da pauta, porque simplesmente não comandamos o processo. É uma dinâmica que ninguém controla, não há o que fazer", diz o deputado. "As coisas vão caminhar independentemente da nossa vontade. Mesmo que quiséssemos, seria difícil ajudar o governo nessa hora."
Desde que a crise estourou, há cerca de 90 dias, está cada vez mais claro que o que segura Lula no cargo é a economia. Mas Goldman acredita que, em algum momento, ela será afetada pela crise. Aliado a isso está o colapso da governabilidade. "O presidente não governa mais, está absolutamente incapacitado politicamente e não tem nem condição de dialogar com a oposição nem de votar propostas no Senado ou na Câmara."
Impeachment indesejado
Porém, desse cenário de danos gravíssimos para um de perda total, a distância ainda é grande. "O impeachment é outra história. O Congresso apenas assina o atestado de óbito passado pela própria sociedade, e a sociedade não quer o impeachment, porque é um processo traumático", afirma o deputado tucano. De fato, a pesquisa Datafolha mostra que 63% da população não vê motivos para a destituição de Lula, contra 29% que consideram haver elementos suficientes para isso. O processo de impedimento de um presidente, definido em lei de 1957, é um juízo político em que as bases jurídicas são condição necessária, mas não suficientes.
Outro motivo para o impeachment ser uma saída conturbada é que um dos cenários possíveis é a queda do vice-presidente, José Alencar, junto com Lula. Quem assume neste caso é Severino Cavalcanti, presidente da Câmara dos Deputados. Mas o Partido Progressista, de Cavalcanti, também foi profundamente afetado pelo escândalo de corrupção. Outra possibilidade constitucional, de eleição indireta de um presidente pelo Congresso, igualmente careceria de legitimidade. "O Congresso foi até mais afetado que o presidente", diz Goldman.
Chávez
Goldman não crê na possibilidade de um acirramento do conflito político no Brasil, nos moldes do quadro de permanente tensão na Venezuela. Para o deputado, a visita do presidente Hugo Chávez ao Brasil, ontem e hoje, não tem maior significado. "Lula janta com Chávez mas almoça com os banqueiros. É o jogo que ele faz desde o movimento sindical."
O deputado federal do PSDB participou de teleconferência realizada pela consultoria Tendências.