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⁠Violência doméstica contra a mulher cresce 9,8% no Brasil, aponta Anuário de Segurança Pública

O número 190, da Polícia Militar, foi acionado 848.036 vezes para reportar episódios de violência doméstica

Publicado em 18 de julho de 2024 às 10h03.

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O número de mulheres que sofreu algum tipo de violência doméstica foi de 258.941 em 2023, o que representa um aumento de 9,8% em comparação com 2022, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgados nesta quinta-feira, 18, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

O número 190, da Polícia Militar, foi acionado 848.036 vezes para reportar episódios de violência doméstica. No que se refere a ameaças, houve um crescimento de 16,5% no número de casos – 778.921 em números absolutos.

As mulheres sofreram 9,2% mais tentativas de homicídio em 2023 do que em comparação com 2022, com 8.372 casos registrados. As tentativas de feminicídio aparecem 7,1% mais altas em 2023 do que no ano anterior, demonstrando que 2.797 mulheres quase perderam a vida.

Os dados se baseiam em informações fornecidas pelas secretarias de segurança pública estaduais, pelas polícias civis, militares e federal, entre outras fontes oficiais da área da segurança pública. O Anuário é realizado desde 2007 e passou a fazer a série de homicídios a partir de 2011. A publicação é considerada uma importante ferramenta para a transparência e a prestação de contas na área.

Aumento de feminicídios

Os casos de feminicídios, definidos pela lei como o assassinato de uma mulher somente por conta de seu gênero, foram de 1.457 em 2023. Um crescimento de 0,8% em relação ao ano anterior. De todos os assassinatos registrados, 90% deles foram cometidos por um homem.

Perfil das vítimas

Por meio dos dados compilados, foi possível traçar um perfil de quais mulheres brasileiras são mais vítimas de feminicídios.

  • 63,6% são negras;
  • 71,1% têm idade entre 18 e 44 anos;
  • 64,3% das vítimas foram mortas na própria residência;

Quem matou

O feminicídio é um crime majoritariamente cometido por homens que têm algum tipo de relacionamento ou proximidade com a vítima. Entenda:

  • 63% são parceiros íntimos;
  • 21,2% são ex-parceiros;
  • 8,7% são familiares;

Levando em conta essa proximidade com o agressor e possível assassino, em 2023, as Justiças concederam 540.255 medidas protetivas. Isso quer dizer que houve um aumento de 26,7% no número de pedidos em comparação com 2022 e que 81,4% de todas as solicitações protocoladas em 2023 foram atendidas.

Alta no crime de stalking contra mulheres

Outro tipo de violência contra a mulher que cresceu em 2023 foi relacionado aos crimes de perseguição, conhecido também como "stalking". Foram 77.083 registros no último ano, alta de 34,5%. Samira Bueno, diretora executiva do FBSP, alerta que esse tipo de crime é preditor de outras violências como o feminicídio.

“E esse crescimento, de 34,5%, não tem influência ainda do fenômeno 'Bebê Reborn', uma das mais populares séries de streaming, que deve resultar no aumento dos registros e tende a levar a um aumento das notificações em 2024”, completa a diretora executiva.

Outros tipos de violência contra a mulher

Além da violência física, houve o crescimento de outros tipos de agressões contra as mulheres. São eles:

  • Ameaças - 778.921 registros (+16,5%)
  • Violência psicológica - 38.507 registros (+33,8%)
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