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USDA mantém estimativa para produção de soja, mas mercado espera corte por causa do clima

Analistas projetam corte nas estimativas do USDA para o grão brasileiro a partir dos próximos meses

Soja (Wenderson Araujo/CNA/Divulgação)
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 12 de setembro de 2024 às 15h32.

Última atualização em 12 de setembro de 2024 às 15h38.

Mesmo com a chegada do La Niña a partir deste mês no Brasil, o país deve bater um novo recorde na produção de soja na safra 2024/25, atingindo 169 milhões de toneladas. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira, 12, pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em seu relatório mensal de oferta e demanda.

O La Niña é um fenômeno climático caracterizado pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico na região tropical, provocando efeitos como chuvas mais intensas na Ásia e condições mais secas em partes da América do Sul.

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Foi o quarto mês consecutivo que o USDA manteve a projeção para a safra de soja no Brasil. O mercado, no entanto, acredita que o departamento norte-americano possa alterar as estimativas nos próximos meses, com o início do plantio em alguns estados brasileiros.

Mato Grosso e Paraná, inclusive, enfrentam atrasos no plantio devido à seca que afeta diversas regiões do país. Além da seca, algumas áreas produtoras de soja também sofrem com focos de incêndio, o que agrava os desafios para o início do plantio da oleaginosa.

"É muito cedo para fazer cortes agora em setembro, e acredito que também será prematuro em outubro. No entanto, se o clima for adverso em outubro, é possível que haja uma redução na estimativa a partir de novembro, ainda que pontual", avalia Luiz Fernando Gutierrez, consultor e especialista no mercado de soja da Safras & Mercado.

Nos Estados Unidos , segundo maior produtor mundial de soja, a estimativa de produção foi revisada para baixo, de 124,9 milhões para 124,8 milhões de toneladas, frustrando as expectativas do mercado, que aguardava um aumento.

Principais commodities agrícolas que o Brasil exporta

La Niña chega em setembro no Brasil

A mais recente atualização da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) confirmou a previsão de formação do fenômeno La Niña entre setembro e novembro deste ano.

De acordo com o órgão, o La Niña deve influenciar o clima durante o verão e apresentar uma tendência de enfraquecimento a partir de fevereiro de 2025.

Para o período de fevereiro a abril de 2025, a probabilidade é alta de que o fenômeno evolua para condições neutras. Além disso, a previsão indica que o La Niña terá intensidade fraca.

No caso brasileiro, as atenções estão voltadas para o Centro-Oeste e o Sul do país, já que Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás e Mato Grosso do Sul respondem por mais de 80% da produção de soja .

Na temporada 2023/24, que se estendeu de 1º de julho de 2022 a 30 de junho de 2024, o mercado esperava que o Brasil alcançasse um recorde na produção de soja, superando amplamente os 150 milhões de toneladas. No entanto, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), órgão oficial de levantamento da safra, revisou sua estimativa para 147,38 milhões de toneladas.

As expectativas foram frustradas devido a condições climáticas adversas: chuvas irregulares em diversas regiões do país provocaram atrasos tanto na semeadura quanto nos replantios, impactando negativamente a colheita.

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