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Seca prejudica produtividade do milho e pode levar à segunda pior quebra de safra dos EUA

Produtores brasileiros visitam os estados de Illinois e Iowa e enxergam oportunidade de mercado a partir da frustração nas lavouras americanas

Na região chamada de corn belt, produtores americanos aguardam colheita do milho com baixa produtividade (Marcelo Rodrigues Teixeira/Reuters)
Mariana Grilli

Repórter de Agro

Publicado em 1 de setembro de 2023 às 14h30.

Última atualização em 1 de setembro de 2023 às 17h02.

URBANDALE, EUA - Cerca de 530 quilômetros separam as capitais Chicago, em Illinois, de Des Moine, no Iowa. Embora sejam vizinhos, os estados tiveram níveis de chuva diferentes e apresentam variações nas taxas de crescimento do milho que está na lavoura.

Os Estados Unidos são o maior produtor da commodity no mundo e a aproximação da janela de colheita tem deixado os agricultores apreensivos.Isso porque a seca que marcou o período posterior ao plantio prejudicou o desenvolvimento vegetativo e, mesmo com as chuvas da última quinzena, o milho ficou abaixo do desempenho esperado.

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De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção de milho para 2023/24 está prevista em 15,1 bilhões bushels, queda de 209 milhões em relação à projeção de julho.Se concretizada, será a segunda maior quebra de safra após 2016/17, quando a estiagem também castigou as lavouras. Além disso, o órgão americano considera uma redução na oferta, menor consumo interno, exportações menores e estoques finais mais restritos.

Durante a Farm Progress Show, maior feira agrícola dos Estados Unidos, um grupo de produtores do Illinois poderaram à EXAME que ainda faltam algumas semanas para a colheita.Ainda assim, estão certos de que ela não renderá como na safra passada.

Pesquisa de mercado

Em Urbandale, uma cidade satélite em Iowa, um grupo de 40 produtores do Brasil se mostra interessado em saber como está o andamento do milho no cinturão agrícola norte-americano, forte concorrente brasileiro, além de China e Argentina.

Produtores brasileiros estiveram em área de teste da John Deere para ver o funcionamento do trator autônomo controlado pelo celular (Mariana Grilli)

Jeremy Leifker é produtor na região. Quando questionado em português sobre como está a condição do milho, ele mal entende as palavras, mas é o suficiente para fazer o sinal de negativo com o polegar. Notícia ruim para os americanos, otimista para os agricultores do Brasil.

Leia também:Como a John Deere aposta no reposicionamento de marca para atrair talentos de IA para agricultura

“O que acontece é que mesmo quando as chuvas começaram a cair, as plantações pelo estado já tinham sido prejudicadas. Será possível colher, mas não com a qualidade esperada”, afirma Leifker, que também é gerente de produtos na John Deere e recebe o coletivo de brasileiros no escritório da fabricante de tratores.

Na visita às instalações da John Deere, no Centro-Oeste dos Estados Unidos, os brasileiros comentam entre si que esta é uma janela de oportunidade para o milho tropical, cuja produtividade está favorável. Ainda assim, o grupo diz que é um momento de cautela, por depender da demanda externa – algo que, no momento, está em declínio.

* A jornalista viajou a convite da John Deere

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