3 Tentos: nova planta terá capacidade de processar 2,1 mil toneladas de milho por dia (3Tentos/Divulgação)
Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 5 de dezembro de 2025 às 06h10.
Última atualização em 5 de dezembro de 2025 às 09h31.
O BTG e o Itaú estão otimistas com a 3tentos — empresa que atua no varejo, na comercialização e na indústria de grãos — para 2026. A visão positiva da companhia surge após o Investor Day, realizado pela empresa na última quarta-feira, 3, em Passo Fundo (RS).
Em relatórios divulgados nesta quinta-feira, 5, os bancos foram unânimes: a 3tentos está bem posicionada para atravessar um ciclo mais fraco do agronegócio e acelerar seu crescimento nos próximos anos. Ambas as instituições mantiveram a recomendação de compra para o papel.
O relatório do BTG traz números que reforçam o otimismo: o banco projeta uma receita de R$ 18 bilhões em 2026, acima dos R$ 15,6 bilhões estimados para 2025, e EBITDA de R$ 1,331 bilhão — um avanço significativo em relação ao resultado de 2025, estimado em R$ 1,184 bilhão. Segundo o banco, no Investor Day, a empresa apresentou um time “coordenado e confiante”.
A visão do BTG é de que a companhia mantém um modelo de negócios “altamente replicável e com muitos anos de crescimento de dois dígitos pela frente”.
A expansão da companhia para a Região Norte também foi considerada estratégica pela casa. Segundo o banco, a entrada em novos estados vai aproximar a empresa de “dois terços da produção nacional de grãos”, ampliando o potencial de atuação em originação.
Na quarta, a 3tentos anunciou a compra da Grão Pará Bioenergia, com foco na produção de etanol de milho e DDG, um coproduto do biocombustível. O investimento total é estimado em R$ 1,15 bilhão.
A conclusão do projeto está prevista para o segundo semestre de 2028, e a planta terá capacidade de processar 2,1 mil toneladas de milho e produzir 935 m³ de etanol, além de 587 toneladas de DDGS e 37 toneladas de óleo por dia. A transação depende da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE).
"A originação de grãos já é mais do que suficiente para as necessidades do moinho e espera-se que cresça de maneira significativa. Além disso, o estado possui o segundo maior rebanho bovino do Brasil, criando um mercado amplo e estruturalmente pouco atendido para o DDG — um importante impulsionador da demanda por subprodutos", diz o relatório.
Como resultado, o BTG atribuiu às ações da 3tentos (TTEN3) preço‑alvo de 26 reais por ação.
No Itaú, a leitura é de resiliência operacional. O banco afirmou que a 3tentos “continua provando sua execução operacional como um fator de destaque, mesmo em um ambiente mais suave para produtores e para a cadeia”, destacando que o guidance para 2026 indica um lucro bruto consolidado “cerca de 3% acima” do previsto anteriormente.
No fato relevante enviado ao mercado, a 3tentos reforçou que as projeções não são um guidance, mas “aspirações”.
Para o Itaú, o aumento dos volumes de óleo de soja e biodiesel — que devem alcançar 911 mil toneladas — deve elevar em aproximadamente 7% o resultado industrial no ano.
O banco também vê como positiva a expansão geográfica anunciada pela empresa, que pretende avançar para os estados do Pará, Tocantins, Goiás e Minas Gerais, regiões com forte crescimento estrutural na produção de soja e milho de segunda safra.
Além dos grãos, a 3tentos apostas na canola e no sorgo. Em entrevista à EXAME, em setembro deste ano, João Marcelo Dumoncel, CEO da companhia, disse que a aposta em culturas alternativas, reflete também uma visão de longo prazo. A expectativa é que a área cultivada com a planta aumente de 50.000 para 100.000 hectares em 2026.
“Isso é o que estamos buscando e confiamos que continuará sendo o motor do nosso crescimento”, disse. Neste ano, a 3tentos liderou a lista das Melhores e Maiores empresas, publicada anualmente pela EXAME.