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Por que a Kepler Weber pode sair da B3 após a eventual fusão com a GPT

Empresa brasileira prorrogou por mais 30 dias prazo de exclusividade para negociar uma possível fusão com a companhia americana

Kepler Weber: empresa encerrou terceiro trimestre de 2025 com lucro líquido de R$ 51,6 milhões, uma queda de 13,5% em relação ao mesmo período do ano passado (Kepler Weber/Divulgação)

Kepler Weber: empresa encerrou terceiro trimestre de 2025 com lucro líquido de R$ 51,6 milhões, uma queda de 13,5% em relação ao mesmo período do ano passado (Kepler Weber/Divulgação)

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 15 de dezembro de 2025 às 09h48.

Última atualização em 15 de dezembro de 2025 às 09h50.

A Kepler Weber comunicou nesta segunda-feira, 15, à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que prorrogou por mais 30 dias — até 15 de fevereiro de 2026 — o prazo de exclusividade para negociar uma possível fusão com a Grain & Protein Technologies (GPT) e sua controlada GSI Brasil, ambas atuantes no mercado de armazenagem e silos.

O movimento dá continuidade às conversas iniciadas em novembro, quando a Kepler confirmou estar avaliando uma transação após receber proposta indicativa prevendo pagamento de R$ 11 por ação. A estrutura apresentada pela GPT envolve a incorporação de 100% das ações ordinárias da Kepler por uma empresa da GPT Brasil (MergerSub).

Como contrapartida, cada acionista da Kepler Weber receberia uma ação preferencial resgatável da MergerSub, podendo optar entre receber R$ 11 por ação ou uma combinação de 0,4662 ações ordinárias da GPT Brasil mais R$ 8,01 em dinheiro.

Se aprovada, a operação transformaria a Kepler em subsidiária integral da MergerSub, levando à sua saída do Novo Mercado da B3 e à possível conversão ou cancelamento de seu registro de companhia aberta junto à CVM.

Segundo o fato relevante, a GPT mantém conversas paralelas com alguns acionistas da Kepler sobre possíveis transações privadas ligadas à experiência desses investidores, incluindo eventuais cláusulas de não concorrência e não aliciamento.

"Desse modo, a estrutura da Transação e a Relação de Troca acima apresentados são preliminares e meramente indicativos, estando sujeitos à conclusão da negociação pelas partes dos termos e condições finais para a Transação", afirma o comunicado.

A Kepler Weber encerrou o terceiro trimestre de 2025 com lucro líquido de R$ 51,6 milhões, uma queda de 13,5% em relação ao mesmo período do ano passado. A margem líquida caiu 1,4 ponto percentual, para 12,2%, refletindo um cenário mais desafiador para o setor e uma base comparativa elevada em 2024.

No acumulado dos nove primeiros meses do ano, o lucro líquido totalizou R$ 91,5 milhões, queda de 38,5% em relação ao mesmo intervalo de 2024. A receita líquida consolidada foi de R$ 1,09 bilhão, recuo de 4,8% na mesma base de comparação.

O que diz o mercado

Em análise divulgada em novembro passado, o Citi avaliou que a potencial fusão entre a Kepler e a GPT pode resultar na criação de uma multinacional inédita no segmento de armazenagem de grãos, com presença capaz de abranger praticamente todas as negociações de silos no país.

Segundo o banco, a GSI detém cerca de 16% do mercado brasileiro, enquanto a Kepler lidera o setor com aproximadamente 35%. A combinação das duas empresas ampliaria de forma relevante o alcance da GPT no Brasil e na América Latina.

A expectativa do Citi é que, caso a transação avance, a GSI lance uma oferta pública de aquisição das ações da Kepler, consolidando o controle e reforçando sua posição no mercado.

Para os analistas, manter a Kepler como companhia aberta após a fusão seria pouco provável, já que a controladora da GSI, o fundo American Industrial Partners (AIP), não opera empresas listadas nos Estados Unidos.

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