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Nem Kamala, nem Trump: como economistas do agro dos EUA veem os candidatos à presidência

Economistas ligados ao setor alertam para possíveis impactos no comércio agrícola dos EUA qualquer que seja o resultado da eleição

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 17 de outubro de 2024 às 14h52.

Tanto a vitória da democrata Kamala Harris quanto a do republicano Donald Trump podem ser prejudiciais para o agronegócio dos Estados Unidos. Esse foi o resultado de uma pesquisa reportada nesta quarta-feira, 16, pelo Economists Monthly Monitor.

Dos 70 economistas consultados, 86% afirmaram que um governo Trump impactaria negativamente o comércio, enquanto 55% afirmaram o mesmo sobre uma eventual administração Harris.

“Os fazendeiros estão realmente preocupados com o comércio”, afirmou Michael Langemeir, economista agrícola da Purdue University e colaborador do Barômetro de Economia Agrícola da Purdue University/CME Group.

“Embora não façamos perguntas específicas sobre tarifas no Barômetro, questionamos se eles esperam que as exportações aumentem, diminuam ou permaneçam estáveis. Atualmente, este é o momento mais pessimista que eles enfrentam em cinco anos em relação ao comércio”, acrescentou.

Os Estados Unidos são o principal produtor mundial de milho. Na temporada 2024/25, o país deve produzir 386,18 milhões de toneladas do cereal, conforme a última estimativa do Departamento de Agricultura norte-americano (USDA). Os norte-americanos também eram os maiores exportadores da commodity no globo, sobretudo para a China. No último, o Brasil passou à liderança nas exportações de milho, com um fluxo grande de importações da China.

Os EUA ocupam o posto de segundo maior produtor de soja do mundo, com uma projeção de 124,71 milhões de toneladas para a safra atual, segundo o USDA. Esses números reforçam a importância do país no mercado agrícola global, tanto na produção de soja quanto de milho, consolidando os EUA como um dos principais players no comércio de commodities.

Além disso, os EUA estão entre os maiores produtores mundiais de trigo e têm o segundo maior rebanho bovino do mundo — a primeira posição é do Brasil.

Candidatos anticomércio

Além do agronegócio, o setor exportador dos EUA enxerga ambos os candidatos presidenciais como anticomércio. De acordo com reportagem da Bloomberg, a Câmara de Comércio dos EUA criticou as propostas de Donald Trump e Kamala Harris, alertando para os possíveis prejuízos que elas podem causar a empresas e cidadãos norte-americanos.

“Tarifas amplas, como a de 60% sobre produtos da China, proposta por Trump, afetariam negativamente os fabricantes que dependem de componentes importados”, disse Suzanne Clark, presidente da entidade.

Ela também observou que Harris, se eleita, provavelmente evitaria novos acordos de livre comércio, lembrando que a vice-presidente se opôs ao Acordo EUA-México-Canadá em 2020 por causa da ausência de cláusulas sobre mudanças climáticas.

“Temos dois candidatos presidenciais que são contrários ao comércio”, afirmou Clark em entrevista. “Isso é ruim para a América, para as famílias e para as comunidades americanas.”

Durante o primeiro debate presidencial, Trump reafirmou seu compromisso com as tarifas, propondo uma taxa de 10% sobre todas as importações e 60% sobre produtos chineses. Harris, por sua vez, respondeu que as tarifas funcionam como um “imposto sobre vendas” para as famílias americanas.

Recentemente, a gestão de Joe Biden manteve tarifas da era Trump e impôs novas taxas, visando proteger trabalhadores e empresas dos EUA.

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