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Em meio a protestos, Carrefour anuncia que não comprará carne de países do Mercosul

Decisão foi comunicada nesta quarta-feira pelo presidente global da rede, Alexandre Bompard

Carrefour:  grupo passou a prever R$ 3 bilhões de sinergias até o fim de 2025 (Carrefour/Divulgação)

Carrefour: grupo passou a prever R$ 3 bilhões de sinergias até o fim de 2025 (Carrefour/Divulgação)

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 20 de novembro de 2024 às 17h56.

Última atualização em 20 de novembro de 2024 às 18h13.

O Carrefour da França anunciou que não comprará carne proveniente dos países do Mercosul. A decisão foi comunicada nesta quarta-feira, 20, pelo presidente global da rede, Alexandre Bompard, em uma carta enviada a Arnaud Rousseau, presidente da Federação Nacional dos Sindicatos de Agricultores (FNSEA).

A informação ganhou repercussão após Bompard publicar a imagem da carta em seu perfil no LinkedIn. No documento, ele afirma que a medida está fundamentada na “solidariedade com o mundo agrícola” e reafirma o compromisso do Carrefour em não comercializar nenhuma proteína animal vinda de países membros do bloco, como Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

O posicionamento ocorre em meio a protestos de agricultores franceses contra a importação de produtos do Mercosul e a aprovação do acordo comercial com a União Europeia (UE).

Setores agrícolas da França têm pressionado o presidente Emmanuel Macron a não avançar no diálogo e a priorizar a defesa da produção nacional.

Em nota, o Brasil rechaçou o posicionamento do CEO do Carrefour e afirmou que o país tem um "rigoroso sistema de Defesa Agropecuária, que garante ao país o posto de maior exportador de carne bovina e de aves do mundo, mantendo relações comerciais com aproximadamente 160 países".

Nesta semana, o ministro da Agricultura e Pecuária do Brasil, Carlos Fávaro, disse que o acordo deve ser anunciado na reunião de cúpula do bloco sul-americano, marcada para 6 de dezembro.

Protestos durante a Cúpula do G20

As manifestações de agricultores ocorreram durante os últimos dois dias, enquanto uma delegação francesa, incluindo Macron, participava da Cúpula do G20, no Rio de Janeiro. Entre os temas abordados no evento estava o Acordo UE-Mercosul, mas nenhum avanço foi registrado.

Os agricultores argumentam que enfrentam altas taxas e não obtêm retornos comerciais equivalentes, já que, teoricamente, os produtos latino-americanos possuem custos menores.

Em entrevista a uma rádio francesa na manhã desta quarta-feira, Arnaud Rousseau afirmou que a FNSEA rejeita "o aspecto agrícola" do acordo "como está redigido atualmente", mas não esclareceu se a posição poderia mudar com eventuais alterações no texto.

Rousseau reconheceu que "outros setores da atividade econômica podem ter interesses ofensivos" no tratado, mas destacou que "no lado agrícola, isso não acontece", pois "hoje, a agricultura é a contrapartida, aquela que perde na França e na Europa".

O presidente da FNSEA também anunciou a realização de novas ações na próxima semana, entre terça e quinta-feira, para denunciar os "obstáculos" enfrentados pela agricultura.

"Decidimos ontem à noite que, a partir da próxima semana, na terça, quarta e quinta-feira, por iniciativa dos departamentos, estaremos novamente no campo, junto com os Jovens Agricultores, para denunciar os entraves à agricultura e tudo o que hoje limita nossa atividade", afirmou Rousseau.

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