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Remy Sharp
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A produção florestal no Brasil alcançou o valor recorde de R$ 30,1 bilhões em 2022, uma alta de 27,1% em comparação com o ano de 2021, segundo dados do IBGE. A tendência é a retomada do crescimento da área e aumento da indústria de celulose.

Uma das vantagens da silvicultura é o alinhamento de uma perspectiva sustentável com o grande aproveitamento de todos os produtos e subprodutos dessa área. Um dos principais plantios feitos no Brasil, nesse caso, é o de eucalipto, voltado à produção de celulose.

O que é silvicultura?

Silvicultura é a área destinada à aplicação de métodos, sejam eles naturais ou artificiais, ao cultivo de florestas, seja para sua criação ou regeneração de áreas que tenham sido desmatas anteriormente. Atualmente, seu foco no Brasil é unir o cuidado sustentável com a geração de matéria-prima para algumas indústrias, entre elas:

  • Resina;
  • Celulose;
  • Óleos essenciais;
  • Essências.

Os subprodutos tendem a ser aproveitados também: é possível utilizar galhos, folhas, flores, sementes também com uso comercial. E, por isso, é um setor em expansão no país.

A pesquisa do IBGE citada anteriormente aponta que o crescimento da indústria de celulose alavancou a silvicultura: um aumento de 26,3% em 2022, em comparação com o ano de 2021. Isso porque ela produz insumos como madeira de tora para essa área. Esse é um cultivo essencial na produção nacional.

Dentro da silvicultura, temos a produção de eucalipto. Ela corresponde, segundo a Indústria Brasileira de Árvores, a 5,5 milhões de hectares plantados dessa espécie. Ela se destaca pelos seus benefícios: redução de custos no plantio, rápido crescimento, facilidade de adaptação e alto potencial econômico.

Estão entre os principais tipos de silvicultura:

  • Silvicultura de precisão: é baseada em dados, focada em realizar as intervenções necessárias, visando a adaptação para aquele tipo de microambiente, considerando a área geográfica, características do clima, bioma, entre outros;
  • Silvicultura urbana: feita dentro do espaço das cidades, pode ser feita tanto em área pública quanto privada, alinhando preservação ambiental e produção de matéria-prima para indústrias como a da celulose;
  • Sistemas monocíclicos: utilizam, normalmente, apenas um tipo de cultura para produção. Com isso, alteram a estrutura natural da floresta;
  • Sistemas policíclicos: visam uma cobertura florestal mais alta e prioriza espécies com alto valor para a indústria.

O que é celulose?

Uma das principais áreas abastecidas pela silvicultura é a indústria da celulose. Esse produto é um polímero considerado um dos mais abundantes em todo o mundo. Isso porque ele está presente, em grande concentração, na formação de árvores e plantas.

Entre as espécies mais utilizadas na extração da celulose, estão o eucalipto e o pinheiro, pelo seu custo-benefício (agilidade no plantio, baixo custo de manutenção e preservação do solo).

Para que serve?

celulose é uma matéria-prima que abastece diversas áreas de produção. Ela é utilizada para a geração de papéis, tecidos, embalagens, uso farmacêutico, cosméticos, geração de adesivos e outras áreas.

É um dos principais insumos utilizados na criação de produtos biodegradáveis. Há, também, pesquisas em busca de desenvolver fontes de energia a partir da celulose, bem como permitir a substituição dos polímeros industriais que dão origem ao plástico e ao acrílico.

Tipos de celulose

No Brasil, a produção de celulose foca em três tipos:

  • Fibra curta: são criadas, principalmente, com eucalipto no Brasil. São utilizadas na produção de papéis utilizados para escrita (papel sulfite, A4 e derivados) e uso sanitário (papel toalha, guardanapo, papel higiênico), e seda artificial.
  • Fibra longa: são feitas com espécies de árvores coníferas, sendo o pinus a principal opção no Brasil. São utilizados, principalmente, nos casos de produção de papéis que precisam de maior resistência (papel-cartão e embalagens);
  • Fluff: é produzida com fibra longa de pinos, sendo utilizado em produtos higiênicos que são mais macios (absorventes íntimos, fralda infantil e adulta, protetor diário, lenço umedecido, entre outros). Possui alta qualidade e boa absorção de líquidos.

Mercado de papel e celulose no Brasil

O mercado de celulose é altamente globalizado, e esse produto é quase uma commodity. Ele representa 1,3% do PIB nacional e 6,9% do PIB industrial. No caso do foco para o segmento de papel, a produção tende a estar mais próxima do mercado consumidor, facilitando a cadeia de distribuição, bem como facilitar a venda direta ao consumidor final (principalmente nos casos de uso sanitário e para consumo de indústria e escritório).

O Brasil é referência mundial na geração de celulose, se destacando por:

  • Uma base florestal que permite alta produtividade;
  • Alta escala produtiva;
  • Equipes altamente qualificadas e especializadas nesta produção.

As empresas nacionais são liderança mundial no segmento e o mercado brasileiro vem aumentando sua relevância nos últimos anos. O alto desenvolvimento tecnológico coloca a indústria do país à frente de grandes players do mercado, ficando atrás apenas dos Estados Unidos na produção mundial, como ressalta o relatório “A Indústria de Papel e Celulose no Brasil e no Mundo”, da EPE (Empresa de Pesquisa Energética).

No que diz respeito à produção de papel, a produção é regional, menos concentrada e a participação no mercado mundial é reduzida. Mas o Brasil faz parte dos dez maiores produtores de todo o mundo.

Além disso, o país se destaca pela forte presença da reciclagem de papel, auxiliando em medidas sustentáveis. O setor também possui um histórico positivo em incentivar a economia circular, auxiliando no crescimento regional.

Algumas tecnologias nacionais que ajudam no destaque na produção de celulose são:

  • Método de purificação da celulose utilizando cachos de dendê e etanol;
  • Métodos de obtenção de nanoestruturas de celulose por meio de hidrólise ácida, enzimática ou processo mecânico;
  • Produção de hidrogel de celulose microfibrilada com glicerina, entre outras.

Silvicultura e o meio ambiente

silvicultura tem um duplo papel importante: o desenvolvimento industrial e econômico do país, por meio da comercialização da commodity e, também, para reflorestamento de áreas desmatadas, ajudando no combate contra erosão e desertificação de ambientes, bem como evita o enfraquecimento do solo.

Esses três pontos são um alerta global atual, pois segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), problemas de degradação do solo afetam hoje 3,2 bilhões de pessoas (aproximadamente 40% da população mundial). A silvicultura é uma alternativa para manter uma indústria sustentável, capaz de fornecer insumos renováveis e, também, auxiliar na regeneração e proteção do meio ambiente, além de proporcionar o desenvolvimento regional e economia circular.

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