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Como ciência e pesquisa são oportunidades para mulheres no agronegócio

Profissionais graduadas em química, engenharia ou biotecnologia apostam na pesquisa e desenvolvimento, seja no laboratório ou em campo

Maria Gatto Missio, produtora de soja no oeste da Bahia: aposta na ciência por meio do uso de insumos naturais, feitos à base de bactérias e fungos (Calan Sanderson/Divulgação)
Mariana Grilli

Repórter de Agro

Publicado em 18 de julho de 2023 às 19h07.

Em 122 anos, a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz ( Esalq/USP ) nomeou, de forma inédita, uma diretora para a instituição. A engenheira agrônoma Thais Vieira mudou o curso da história e, em 2023, passou a ser a primeira mulher à frente de uma das principais universidades do país voltadas ao agronegócio. Com isso, ela se torna um símbolo para a conquista da presença feminina no setor.

Era 1991 quando ela foi aprovada para o curso de engenharia agronômica da Esalq, sem sonhar que chegaria ao posto que ocupa hoje.Recentemente, durante cerimônia em Ribeirão Preto, São Paulo, a professora foi eleita uma das 100 pessoas mais influentes do setor. E, na semana passada, Vieira esteve em solenidade com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a retomada do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT).

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A trajetória mostra a resiliência das mulheres na área da ciência, servindo como um incentivo para que químicas, biólogas, engenheiras, entre outras profissionais, descubram no agronegócio uma oportunidade de desenvolver carreiras científicas.

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Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 31% das propriedades rurais no país eram comandadas por mulheres em 2022. No ano passado, elas ocupavam 19% dos cargos de direção em empresas do agro brasileiro. Em escala global, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) indica que as mulheres representam 43% da força de trabalho rural no mundo.

Equidade de gênero

No laboratório, nas auditorias no campo ou no escritório em São Paulo, a ciência sempre permaneceu na vida de Gabriela Gandellini, mestre em Bioquímica e gerente de assuntos científicos regulatórios da Bayer.

Primeira cientista da família, graduada em química pela USP com mestrado pela Unicamp, a profissional foi estagiária do laboratório de caracterização molecular da extinta Monsanto -- adquirida pela multinacional alemã Bayer. "Eu amava passar o dia todo na bancada, mas depois descobri que também existia ciência fora do laboratório", diz Gandellini.

Atualmente, ela considera que a equidade de gênero na área de ciência e pesquisa já evoluiu, mas ainda há muito caminho pela frente. Por isso, iniciativas no meio corporativo podem ajudar as mulheres a se sentirem mais à vontade em setores cuja presença masculina ainda prevalece.

"Temos um programa para mulheres, focado nas áreas de ciência e tecnologia, em que somos ouvidas e trocamos histórias de sucesso. A missão é ter mulheres com igual presença e reconhecimento em todos os níveis. E homens, defendendo essa equidade", afirma.

Prêmio Mulheres do Agro

Com o objetivo de incentivar a presença das mulheres no agronegócio, seja na ciência ou no campo, a 6ª edição do Prêmio Mulheres do Agro está em busca de histórias que mostrem a protagonismo feminino no setor. Idealizado pela Bayer em parceria com a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), a premiação busca reconhecer produtoras rurais que realizem uma gestão sustentável, com foco nos pilares ESG.

Realizado desde 2018, o troféu já foi concedido a 45 mulheres que estão à frente de propriedades de pequeno, médio e grande porte. Para a edição de 2023,o projeto passa a contar com o apoio de cinco entidades parceiras: Embrapa, Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas (Andav), Faculdade de Tecnologia (Fatec) Pompeia, Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (Fealq) e Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia.

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O prêmio está com as inscrições abertas. Para se inscrever ou indicar uma candidata, é necessário preencher duas etapas de informações, sobre a propriedade e sobre a própria jornada de vida. Para verificar o regulamento e começar a inscrição, acesse o site premiomulheresdogro.com.br. A premiação acontece durante Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio, realizado em São Paulo, nos dias 25 e 26 de outubro.

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