Com foco em biológicos, Valeouro Biotec prepara nova fábrica para 2026
Com exclusividade à EXAME, companhia afirmou que avalia o local ideal para a instalação da nova unidade, que pode ser em Uberaba ou em Ribeirão Preto
Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 12 de setembro de 2024 às 17h06.
Última atualização em 13 de setembro de 2024 às 09h29.
Um dos principais sócios da Ourofino Agrociência, fabricante de defensivos agrícolas com sede em Uberaba, Minas Gerais, Norival Bonamichi, vai investir na construção de uma fábrica de biológicos com previsão de inauguração para 2026. A informação foi confirmada com exclusividade à EXAME nesta quinta-feira, 12, pelo diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da empresa, Leonardo Araújo.
Segundo Araújo, a companhia, denominada Valeouro Biotec, avalia o local ideal para a instalação da unidade, que pode ser em Uberaba ou em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, onde a Ourofino possui um escritório..
O diretor adiantou que a planta já nascerá como uma das "mais modernas do mundo", com foco no desenvolvimento de soluções biológicas para o controle de pragas .
"O surgimento de novas espécies de pragas destaca a necessidade de eficiência no manejo e controle para aumentar a produção de alimentos globalmente. Esse cenário demanda um movimento de integração e manejo integrado das pesquisas para enfrentar os desafios e melhorar a produtividade agrícola", afirmou Araújo.
Apesar das críticas ao uso de defensivos químicos, o diretor ressaltou que esses produtos ainda são essenciais para o desenvolvimento das lavouras, devendo atuar em conjunto com os biológicos. "O controle biológico surge como uma solução complementar, prolongando a eficácia dos químicos e agregando valor ao manejo agrícola", completou.
Inovação na Ourofino Agrociência
Setor de bioinsumos no Brasil
As vendas de bioinsumos registraram um crescimento de 15% na safra 2023/24, somando R$ 5 bilhões, segundo um estudo da Croplife Brasil. No mercado global, a receita de bioinsumos atingiu US$ 15 bilhões, com projeções de crescimento de até 14% até 2032.
No entanto, a Ourofino Agrociência enfrentou desafios no último ano fiscal. A receita líquida da companhia caiu 16,5%, totalizando R$ 1,75 bilhão, enquanto o EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) sofreu uma queda de 70%, alcançando R$ 87,1 milhões. Apesar da retração, a empresa ampliou sua participação de mercado de 2,8% para 3,7%.
O desempenho da Ourofino refletiu a queda nos preços das commodities, que afetou o mercado agrícola em 2023. Contudo, a empresa está otimista em relação ao próximo ano fiscal. A expectativa é alcançar um faturamento de R$ 2,4 bilhões em 2024/25, uma ambiciosa alta de 37%. A aposta para essa recuperação está na inovação e na expansão de soluções biológicas.
O diretor acredita que as safras recordes de soja e milho no Brasil, como projetam o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e consultorias agrícolas, impulsionarão o crescimento da companhia e de todo o setor. "Muitas empresas do agro estão retomando o seu crescimento. É uma cadeia que está interligada e que tem reflexos positivos para todos do segmento", concluiu Araújo.