O Brasil deve se tornar o maior produtor mundial de carne bovina em 2025. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o país deverá produzir 12,3 milhões de toneladas neste ano, superando os EUA, cuja produção é estimada em 11,8 milhões de toneladas, considerando o peso do animal abatido.
Essa será a primeira vez que o Brasil ocupa a liderança nas estatísticas do USDA, que datam da década de 1960 e sempre tiveram os EUA no topo. Em 2024, o Brasil produziu 11,85 milhões de toneladas de carne bovina, segundo o USDA.
Fernando Iglesias, analista da Safras & Mercado, acredita que esse cenário reflete as realidades distintas dos dois países.
"O Brasil está passando por um processo de expansão produtiva, com a adoção de novas tecnologias no campo, o que resulta no aumento da quantidade de animais abatidos. Já os EUA enfrentam uma redução do rebanho, com custos de produção elevados e dificuldades no setor", afirma Iglesias.
A projeção do USDA para 2025 supera a estimativa de novembro da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que indicava uma produção de 11,38 milhões de toneladas de carne bovina no Brasil neste ano.
"Basicamente, o que estamos vendo no Brasil é um aumento de produtividade média no setor, resultando no maior abate da nossa história. Em contraste, os EUA estão no pior momento de rebanho desde os anos 70, o que prejudica a produção local", destaca Iglesias.
A indústria de carne americana atravessa um período de contração no ciclo pecuário, marcado pela redução do rebanho e pela menor oferta de animais nos confinamentos. O rebanho bovino americano está no menor nível em 75 anos, segundo o USDA.
Desde 2019, o número de gado de corte nos EUA caiu para 27,9 milhões de cabeças, uma queda de 13%. O inventário total de bovinos está no menor patamar desde 1952. A retração se intensificou nos últimos anos: em 2021, havia 92,6 milhões de cabeças; hoje, são 86,6 milhões.
Além da menor oferta de animais, a seca no oeste dos EUA aumentou os custos com ração e reduziu as pastagens, forçando muitos pecuaristas a encolher seus rebanhos.
A situação fez com que a Tyson Foods, gigante americana do setor de processamento de carne, fechasse uma unidade em Nebraska.
Na sexta-feira, 12, a JBS Foods — filial da brasileira JBS nos EUA — anunciou que fechará permanentemente uma unidade nos arredores de Los Angeles, responsável pelo processamento de carne bovina para supermercados americanos. Segundo a empresa, o fechamento não está relacionado à oferta de gado nos EUA.
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