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Zuckerberg apresenta apps enquanto Facebook faz 10 anos

Zuckerberg tem muitos motivos para comemorar: sua rede é usada por 1,23 bilhão de pessoas e vale cerca de US$ 135 bilhões

Mark Zuckerberg, fundador e CEO do Facebook, se arruma ao chegar no prédio do Congresso americano, em Washington (Andrew Harrer/Bloomberg)

Mark Zuckerberg, fundador e CEO do Facebook, se arruma ao chegar no prédio do Congresso americano, em Washington (Andrew Harrer/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 30 de janeiro de 2014 às 16h41.

San Francisco - Mark Zuckerberg normalmente não comemora aniversários sentimentais. Neste ano, ele tem três.

No dia 4 de fevereiro, a Facebook, a empresa que ele fundou junto com colegas em um dormitório da Universidade de Harvard, completa dez anos. O próprio prodígio vai fazer trinta anos em maio. Também faz uma década do seu primeiro encontro com Priscilla Chan, sua atual esposa, que ele conheceu na fila do banheiro em uma festa de Harvard, informa a Bloomberg Businessweek em sua edição de 3 de fevereiro.

Então, no terceiro trimestre de 2013, Zuckerberg começou a escrever dezenas de páginas de reflexões, muitas vezes escrevendo lentamente as palavras no celular. Ele organizou seus pensamentos em planos de três, cinco e dez anos. Ele também se propôs uma meta específica para 2014. Ele gosta de desafios anuais e em anos anteriores ele se propôs a aprender mandarim (2010), a comer só animais que ele mesmo tivesse abatido (2011) e a conhecer uma pessoa nova todos os dias (2013). Neste ano, ele pretende escrever pelo menos uma nota de agradecimento todos os dias, por e-mail ou por carta escrita à mão.

“Isso é importante para mim, pois eu sou uma pessoa muito crítica”, disse ele na extensa sede corporativa da Facebook em Menlo Park, Califórnia. “Eu meio que sempre estou pensando em como melhorar as coisas e geralmente não estou satisfeito com como elas estão ou com o nível de serviço que estamos fornecendo às pessoas ou com a qualidade das equipes que temos. Mas considerando isto objetivamente, estamos indo bem em muitas dessas coisas. Eu acho importante agradecer tudo isso”.

Zuckerberg, presidente e CEO da Facebook, tem muitos motivos para ser agradecido. Sua rede social é usada por 1,23 bilhão de pessoas em todo o mundo. A empresa vale cerca de US$ 135 bilhões e será, provavelmente, a que mais rápido atingirá US$ 150 bilhões na história. Seus resultados financeiros recentes impressionaram Wall Street, em parte pelo sucesso de sua transição para celulares.

No relatório de lucros do quarto trimestre, apresentado ontem, a Facebook divulgou que, pela primeira vez, as vendas de anúncios em celulares e tablets ultrapassaram a receita obtida com PCs tradicionais.


A transição para dispositivos móveis “não foi tão rápida quanto deveria ter sido”, disse Zuckerberg, porém “uma das coisas que caracterizam a nossa empresa é que temos muita força de vontade”.

Vidas on-line

O desafio da Facebook  é continuar crescendo. Com quase metade da população mundial conectada à internet usando o serviço, a empresa está enfrentando a imutável lei dos grandes números e simplesmente não pode continuar adicionando usuários ao ritmo tórrido de antes. Ao mesmo tempo, a Facebook precisa defender seu negócio altamente lucrativo contra várias tendências ameaçadoras.

Os usuários da internet – principalmente os jovens – querem experiências diferentes on-line e novas formas de se conectar um com o outro. Muitos levam vidas on-line que começam e acabam sem precisar do Facebook. Rivais como a Twitter e a Snapchat, que adotaram pseudônimos e diversas maneiras de compartilhamento público e privado, cresceram fora do outrora inexorável ecossistema do Facebook.

‘Celulares acima de tudo’

Zuckerberg diz que as empresas costumam perder o rumo durante as grandes transições. Não foi o caso da sua empresa, disse ele, por isso “chegamos exatamente no ponto em que podemos dar um passo atrás e pensar nas próximas grandes coisas que queremos fazer”.

No começo de 2012, Zuckerberg convocou todos os funcionários para uma reunião e declarou, drasticamente, que a empresa seria de “celulares acima de tudo”. Depois, ele reforçou esse foco dando por terminada sem cerimônia qualquer reunião em que os funcionários começassem suas apresentações falando de computadores em vez de smartphones. E seu plano de três anos continua sendo sobre reforçar a presença do Facebook nos celulares.

Hoje, a Facebook planeja lançar o primeiro de uma série de aplicativos móveis como parte de uma iniciativa chamada Facebook Creative Labs.


A primeira medida significativa tomada pela empresa para se tornar uma potência de aplicativos diversificados foi a compra do Instagram. A Facebook abocanhou o aplicativo para compartilhar fotos por US$ 1 bilhão em abril de 2012 e o casamento parece ser feliz. De acordo com um estudo recente do Pew Research Center, 57 por cento dos usuários do Instagram visitam o serviço diariamente. É a segunda maior taxa de participação de qualquer rede social, depois do Facebook.

Mensagens privadas

No ano passado, a Facebook fez um lance de US$ 3 bilhões para comprar o Snapchat, o aplicativo de redes sociais da moda, onde as fotografias desaparecem após alguns segundos. Contudo, um dos fundadores da Snapchat, Evan Spiegel, um jovem de 23 anos que abandonou a Universidade de Stanford, parece ver a Facebook como o próprio Zuckerberg via a Google no passado, e como os fundadores da Google viam por sua vez a Microsoft: como um poder estabelecido que deve ser combatido e criticado ocasionalmente. Spiegel rejeitou o pedido e postou capturas de tela com conversas por e-mail com Zuckerberg no Twitter.

A IStrategy Labs, uma consultoria de mídia social, informou recentemente que a base de usuários adolescentes do Facebook caiu 25 por cento desde 2011. Os executivos da Facebook, incluindo Zuckerberg, questionam a exatidão desses relatórios e notam que a maioria dos adolescentes continua usando o Facebook todos os dias a uma taxa não alcançada por nenhum rival. Isso não significa que Zuckerberg e sua equipe estejam agindo com desdém.

Identidade real

Uma característica dos novos aplicativos que chocará quem está familiarizado com o Facebook: os usuários poderão entrar anonimamente. É uma grande mudança para Zuckerberg, que uma vez disse a David Kirkpatrick, autor de “The Facebook Effect”, que “ter duas identidades para si mesmo é um exemplo de falta de integridade”.


Na época da fundação do Facebook, não havia isso de verdadeira identidade on-line. O Facebook foi o primeiro lugar onde as pessoas se encontraram como elas mesmas e a empresa foi terminante em pedir que os usuários entrassem e compartilhassem material com seus próprios nomes.

Uma conta do Facebook virou uma espécie de passaporte para o resto da internet e com o sucesso apareceram novos problemas. Nenhum adolescente quer compartilhar fotos de festas malucas com um grupo de amigos que pode incluir seus pais e professores. E os dissidentes de qualquer lugar do mundo onde falar livremente pode ser perigoso evitaram o serviço em favor de alternativas como o Twitter, onde os nomes reais são opcionais.

Celulares mais baratos

A missão de Zuckerberg é ampliar o acesso à internet para bilhões de pessoas que ainda não usam a web. No inverno passado, a Facebook e outras seis empresas de tecnologia, incluindo a Samsung Electronics, a Qualcomm e a Ericsson, criaram um grupo chamado Internet.org para simplificar seus serviços. O objetivo é que os serviços possam ser fornecidos de maneira mais econômica, através de redes sem fio primitivas e usados em celulares mais baratos.

Os membros do conselho da Facebook perguntaram a Zuckerberg se é possível ganhar dinheiro com essa iniciativa e ele admite que a resposta é em grande parte hipotética.

“Se pudermos contribuir para o desenvolvimento de algumas dessas economias, então elas se transformarão em mercados com o qual o nosso negócio atual poderá trabalhar”, disse ele.

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