Mais anúncios: A ideia do YouTube é evitar que vídeos muito longos sejam interrompidos muitas vezes (e, claro, melhorar os resultados para anunciantes) (Dado Ruvic/Reuters)
Gustavo Gusmão
Publicado em 23 de novembro de 2018 às 16h39.
Última atualização em 23 de novembro de 2018 às 16h41.
São Paulo — O YouTube está testando uma nova modalidade de anúncios para seus vídeos. Agora, em vez de apenas um comercial, usuários poderão assistir a dois seguidos antes de começar a ver o conteúdo propriamente dito. Pode ser um incômodo a mais, mas a proposta não é tão absurda quanto parece: a ideia é evitar que vídeos mais longos sejam interrompidos por anúncios, como acontece hoje, gerando frustração dos espectadores.
"Percebemos que menos interrupções geram métricas de uso melhores", escreveu Khushbu Rathi, gerente de produto de anúncios de vídeo, no blog de publicidade do Google. "Isso inclui menor taxa de abandono de conteúdo e níveis maiores de visualização de anúncios." Ou seja, a inclusão dos chamados "ad pods", que poderão ser ignorados depois de alguns segundos como os anúncios normais, pode ser interessante para usuários e para anunciantes.
A novidade não chega a ser uma surpresa. Em agosto e setembro do ano passado, usuários já haviam relatado os comerciais consecutivos no fórum de produtos do Google e no Reddit. Em ambos os casos, o tom foi de crítica — nos comentários, ninguém pareceu ter gostado muito da ideia, mesmo que ela não passasse de um teste na época.
Os dados mencionados antes são uma das respostas para essa pergunta. Os comerciais seguidos podem ser frustrantes a princípio, mas o YouTube espera que gerem bons resultados para usuários e anunciantes. O site AdAge, porém, levanta outra possibilidade: a nova solução ajuda o YouTube a replicar ainda melhor a experiência de assistir TV. De quebra, a novidade também dá mais uma opção de veiculação para anunciantes que ainda dão preferência ao meio mais tradicional para veicular publicidade.
Os "ad pods" começarão a aparecer no YouTube em desktops ainda neste ano, para depois serem incluídos em vídeos no celular e na televisão. Eles ficarão restritos a vídeos de um determinado tamanho mínimo e virão em combinações diferentes:
Será possível evitá-los assinando o YouTube Premium. A expectativa é de que a novidade ajude a empresa a continuar aumentando o faturamento. Dados da consultoria britânica eMarketer estimam que a marca vai gerar 3,4 bilhões de dólares em receita com anúncios só nos EUA em 2018. É um salto de 17% em relação a 2017. Mas o aumento é menor do que o previsto para o mercado geral de publicidade digital em vídeo — que deve crescer 30% neste ano em relação ao anterior e chegar a 27,8 bilhões de dólares.