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Um brasileiro no Hall da Fama da Internet

O engenheiro brasileiro Demi Getschko foi nomeado no dia 8 de abril, em Hong Kong, pela Internet Society (ISOC), na categoria “conectores globais”

Demi Getschko: ele é engenheiro eletricista formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo em 1975, onde também se doutorou em 1989 (Joi Ito/Wikimedia Commons)
DR

Da Redação

Publicado em 14 de abril de 2014 às 16h36.

O engenheiro brasileiro Demi Getschko está entre os mais novos integrantes do Hall da Fama da Internet , ao lado de Vinton Cerf, cocriador do protocolo TCP/IP; Tim Berners-Lee, criador da World Wide Web; Linus Torvalds, responsável pelo Linux; e Jimmy Wales, fundador do Wikipedia, entre outros.

Diretor do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) e conselheiro do Comitê Gestor da Internet do Brasil (CGI.br), Getschko foi nomeado no dia 8 de abril, em Hong Kong, pela Internet Society (ISOC), na categoria “conectores globais”.

A nomeação foi por ele ter sido “figura-chave no time que estabeleceu a primeira conexão de internet no Brasil” – entre a FAPESP e a Energy Science Network, em 1991 – e por ter exercido um papel fundamental na definição do sistema de nomes e domínios no país e das regras que regem os registros brasileiros, segundo a ISOC.

Outras nove pessoas foram nomeadas nessa categoria do prêmio, criado em 2012. A ISOC destaca ainda personalidades em duas outras categorias, a dos pioneiros e a dos inovadores.

Getschko é engenheiro eletricista formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo em 1975, onde também se doutorou em 1989.

Trabalhou no Centro de Computação Eletrônica da Universidade de São Paulo (USP) e, em 1986, assumiu a gerência do Centro de Processamento de Dados da FAPESP por um período de dez anos.

Getschko teve papel crítico na arquitetura da Rede ANSP (Academic Network at São Paulo) que, inaugurada em 14 de abril de 1989, conectou a FAPESP ao Fermi National Accelerator Laboratory (Fermilab), localizado em Batavia, Illinois, nos Estados Unidos, e, por intermédio deste, à Bitnet (acrônimo de Because it´s time to Network), rede remota então utilizada para serviço de correio eletrônico e transferência de arquivo entre instituições de pesquisa.


A conexão entre São Paulo e Batavia era feita por meio de uma linha dedicada de 4.800 bits por segundo (bps) instalada pela Embratel, que chegava, via cabo submarino, até a Flórida, seguindo em via terrestre até Nova York, Chicago e Batavia, contou Getschko em entrevista à Gerência de Comunicação da FAPESP, em 2009.

A ligação com a internet começou a ser planejada em 1990, quando Getschko descobriu que o Fermilab pretendia adicionar aos protocolos existentes também o TCP/IP (protocolo de internet), ligado a um backbone chamado Energy Science Network (ESNet). “Ficou decidido que, quando o Fermilab mudasse para a ESNet, nós iríamos juntos”, lembrou Getschko.

Em janeiro de 1991 o Fermilab se conectou à ESNet e, no mês seguinte, levou a ANSP junto. “Conseguimos então os primeiros pacotinhos TCP/IP rodando em cima de software que nós adquirimos porque ainda não tínhamos roteador, adquirido um ano depois.”

A FAPESP foi a primeira instituição brasileira a ter acesso à internet e, até 1994, a rede ANSP da FAPESP era o único acesso do Brasil à rede mundial de computadores, tanto para o tráfego acadêmico como para o comercial.

A ANSP ganhou mais eficiência quando atingiu a marca dos 64 kbps. Atualmente, a ANSP mantém, em conjunto com a Rede Nacional de Pesquisa (RNP), uma banda de 40 Gbps entre São Paulo e Miami, que dá acesso às redes comerciais e acadêmicas de todo o mundo, além de conexões no Brasil.

Na época, a grande vantagem da conexão à internet era que, além do e-mail, abria-se a possibilidade de uso do protocolo Telnet – “a coqueluche da internet”, conforme sublinhou Getschko –, que permitia ao usuário acessar uma máquina remota e consultar seu banco de dados.

“Era possível chegar à base de dados do National Institute of Health, por exemplo, utilizando uma conta e senha.” Algo absolutamente notável naqueles anos para os pesquisadores brasileiros.

O acesso à internet estimulou a criação de grupos de discussão sobre ciências, pesquisa e uma infinidade de assuntos. Mas exigiu o registro do domínio, isto é, um nome que permitisse localizar e identificar conjuntos de computadores na internet.

Na condição de rede cooperante da Bitnet no Brasil, a ANSP foi aceita como representante do domínio .br.

A distribuição dos endereços que deveriam ficar sob o domínio .br foi realizada em uma reunião na FAPESP.

“As universidades ficaram diretamente embaixo do .br. Criamos o gov.br, o com.br. e o net.br. Fizemos isso para ter alguma ordenação”, explicou Getschko.

A FAPESP registrou os primeiros domínios comerciais no país, entre eles o BOL, UOL e Agestado, da Agência Estado.

Em 1998, o CGI atribuiu à FAPESP a responsabilidade de gerir o registro de domínio.br no país. Na época, o Brasil contava com 27 mil domínios.

Quando essa tarefa foi assumida pelo NIC.br., em janeiro de 2006, o número de domínios ultrapassava a casa dos 850 mil. Hoje são mais de 3 milhões.

Getschko deixou a FAPESP em 1996, quando assumiu o cargo de diretor de Tecnologia da Agência Estado, onde ficou até 2005. Hoje, além de diretor-presidente do NIC.br, é professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, onde leciona Arquitetura de Computadores.

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O engenheiro brasileiro Demi Getschko está entre os mais novos integrantes do Hall da Fama da Internet , ao lado de Vinton Cerf, cocriador do protocolo TCP/IP; Tim Berners-Lee, criador da World Wide Web; Linus Torvalds, responsável pelo Linux; e Jimmy Wales, fundador do Wikipedia, entre outros.

Diretor do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) e conselheiro do Comitê Gestor da Internet do Brasil (CGI.br), Getschko foi nomeado no dia 8 de abril, em Hong Kong, pela Internet Society (ISOC), na categoria “conectores globais”.

A nomeação foi por ele ter sido “figura-chave no time que estabeleceu a primeira conexão de internet no Brasil” – entre a FAPESP e a Energy Science Network, em 1991 – e por ter exercido um papel fundamental na definição do sistema de nomes e domínios no país e das regras que regem os registros brasileiros, segundo a ISOC.

Outras nove pessoas foram nomeadas nessa categoria do prêmio, criado em 2012. A ISOC destaca ainda personalidades em duas outras categorias, a dos pioneiros e a dos inovadores.

Getschko é engenheiro eletricista formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo em 1975, onde também se doutorou em 1989.

Trabalhou no Centro de Computação Eletrônica da Universidade de São Paulo (USP) e, em 1986, assumiu a gerência do Centro de Processamento de Dados da FAPESP por um período de dez anos.

Getschko teve papel crítico na arquitetura da Rede ANSP (Academic Network at São Paulo) que, inaugurada em 14 de abril de 1989, conectou a FAPESP ao Fermi National Accelerator Laboratory (Fermilab), localizado em Batavia, Illinois, nos Estados Unidos, e, por intermédio deste, à Bitnet (acrônimo de Because it´s time to Network), rede remota então utilizada para serviço de correio eletrônico e transferência de arquivo entre instituições de pesquisa.


A conexão entre São Paulo e Batavia era feita por meio de uma linha dedicada de 4.800 bits por segundo (bps) instalada pela Embratel, que chegava, via cabo submarino, até a Flórida, seguindo em via terrestre até Nova York, Chicago e Batavia, contou Getschko em entrevista à Gerência de Comunicação da FAPESP, em 2009.

A ligação com a internet começou a ser planejada em 1990, quando Getschko descobriu que o Fermilab pretendia adicionar aos protocolos existentes também o TCP/IP (protocolo de internet), ligado a um backbone chamado Energy Science Network (ESNet). “Ficou decidido que, quando o Fermilab mudasse para a ESNet, nós iríamos juntos”, lembrou Getschko.

Em janeiro de 1991 o Fermilab se conectou à ESNet e, no mês seguinte, levou a ANSP junto. “Conseguimos então os primeiros pacotinhos TCP/IP rodando em cima de software que nós adquirimos porque ainda não tínhamos roteador, adquirido um ano depois.”

A FAPESP foi a primeira instituição brasileira a ter acesso à internet e, até 1994, a rede ANSP da FAPESP era o único acesso do Brasil à rede mundial de computadores, tanto para o tráfego acadêmico como para o comercial.

A ANSP ganhou mais eficiência quando atingiu a marca dos 64 kbps. Atualmente, a ANSP mantém, em conjunto com a Rede Nacional de Pesquisa (RNP), uma banda de 40 Gbps entre São Paulo e Miami, que dá acesso às redes comerciais e acadêmicas de todo o mundo, além de conexões no Brasil.

Na época, a grande vantagem da conexão à internet era que, além do e-mail, abria-se a possibilidade de uso do protocolo Telnet – “a coqueluche da internet”, conforme sublinhou Getschko –, que permitia ao usuário acessar uma máquina remota e consultar seu banco de dados.

“Era possível chegar à base de dados do National Institute of Health, por exemplo, utilizando uma conta e senha.” Algo absolutamente notável naqueles anos para os pesquisadores brasileiros.

O acesso à internet estimulou a criação de grupos de discussão sobre ciências, pesquisa e uma infinidade de assuntos. Mas exigiu o registro do domínio, isto é, um nome que permitisse localizar e identificar conjuntos de computadores na internet.

Na condição de rede cooperante da Bitnet no Brasil, a ANSP foi aceita como representante do domínio .br.

A distribuição dos endereços que deveriam ficar sob o domínio .br foi realizada em uma reunião na FAPESP.

“As universidades ficaram diretamente embaixo do .br. Criamos o gov.br, o com.br. e o net.br. Fizemos isso para ter alguma ordenação”, explicou Getschko.

A FAPESP registrou os primeiros domínios comerciais no país, entre eles o BOL, UOL e Agestado, da Agência Estado.

Em 1998, o CGI atribuiu à FAPESP a responsabilidade de gerir o registro de domínio.br no país. Na época, o Brasil contava com 27 mil domínios.

Quando essa tarefa foi assumida pelo NIC.br., em janeiro de 2006, o número de domínios ultrapassava a casa dos 850 mil. Hoje são mais de 3 milhões.

Getschko deixou a FAPESP em 1996, quando assumiu o cargo de diretor de Tecnologia da Agência Estado, onde ficou até 2005. Hoje, além de diretor-presidente do NIC.br, é professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, onde leciona Arquitetura de Computadores.

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