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Três em cada cinco PCs no Brasil têm software pirata

Pesquisa revela que pirataria de software no país caiu um ponto percentual no ano passado, mas continuou gerando prejuízos acima de 1 bilhão de dólares.

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h44.

A pirataria de software gerou prejuízos de 1,6 bilhão de dólares ao Brasil no ano passado e atingiu quase três em cada cinco computadores do país (59%), revelou a pesquisa da Business Software Alliance (BSA) em parceria com a Associação Brasileira das empresas de Software (Abes) e a consultoria IDC.

Segundo o levantamento, o índice representa queda de um ponto percentual frente a 2006, quando o índice de pirataria chegou a 60%. O pico do Brasil em pirataria de software aconteceu em 1989, quando 9,1 dos computadores em operação - em cada 10 - tinham programas falsificados.

No ranking global, no qual o primeiro colocado é o país com maior índice de pirataria, o Brasil aparece na 61ª posição. Os países que lideram a lista são a Armênia, com 93% de software pirata, Bangladesh e Azerbaijão, com 92%. Os Estados Unidos são o país com menor índice de pirataria (20%), mas em virtude do tamanho do mercado de software, é a nação com maiores prejuízos: 8 bilhões de dólares.

Segundo Emílio Munaro, coordenador do grupo de trabalho antipirataria da Abes, o maior desafio do Brasil é fazer com que o índice continue sua trajetória decrescente ao mesmo tempo em que o setor cresce. No ano passado, o mercado de software cresceu cerca de 22%.

"Seria o equivalente a uma pessoa que começa a fazer regime. No começo, a perda de peso é mais fácil. Com o passar do tempo, sustentar esse ritmo de queda é que é difícil", compara.

Os benefícios econômicos obtidos com queda gradual da pirataria são evidentes, segundo estudos das instituições. Caso o país reduza o índice para cerca de 50%, serão abertos cerca de 11,5 mil novos postos de trabalho. As receitas adicionais para a indústria local somarão 2,9 bilhões de dólares e a arrecadação governamental chegará a 389 milhões de dólares.

Pirataria é maior entre ricos

Os principais consumidores de produtos pirata no Brasil atualmente pertencem às classes A e B - que respondem por 82% desse mercado. Para a Abes e BSA, isso significa que não é apenas a questão de preço do software que fomenta a pirataria, mas também aspectos culturais. As organizações defendem que são necessárias iniciativas em três frentes: ações de natureza econômica, educacionais e também repressivas.

Pelo lado econômico, a organização pleiteia incentivos junto ao governo federal para reduzir a carga tributária incidente sobre o software. Um software no Brasil recebe, em média, uma carga de 45% sobre seu valor somente em impostos. As iniciativas educacionais se concentram na realização de palestras sobre propriedade intelectual em escolas do país e as de repressão são referentes ao treinamento de policiais e agentes públicos para coibir o comércio de software pirata. No ano passado, foram 718 ações policiais que resultaram na apreensão de 2,2 bilhões de CDs com programas piratas.

É grande também o volume de pirataria entre empresas. Existem cerca de 500 processos judiciais em andamento contra empresas no país pelo uso de software pirata.

"Geralmente fazemos a fiscalização e, caso constatamos o uso de software pirata pela empresa, propomos um acordo - que prevê o pagamento de uma multa que pode chegar a 3 mil vezes o valor da licença -, a eliminação do software pirata e a regularização do parque. Mas no caso de quem não aceita o acordo, partimos para os processos judiciais", afirma Munaro. A multa é paga ao fabricante que teve o software pirateado e, pelos termos do acordo, a empresa pode voltar a ser fiscalizada periodicamente.

O mercado de pirataria atinge, no mundo, cerca de 560 bilhões de dólares, e supera o faturamento do narcotráfico, de 322 bilhões de dólares, segundo números da Interpol. "A explicação é que a pirataria hoje é um crime de menor risco e com maior lucro do que o das drogas", resume Munaro.

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