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"Temos de treinar pessoas para empregos que nem existem", diz especialista

Heidi Bridger, chefe de instituição que conecta inovação e treinamento à indústria no Reino Unido, falou em evento de VEJA e EXAME sobre inovação

Filipe Serrano, Heidi Bridger, Rafael Lucchesi e Holger Kohl: debate sobre o papel de instituições de formação de pessoas e na inovação tecnológica (Germano Lüders/Exame)
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Da Redação

Publicado em 16 de maio de 2019 às 12h49.

Última atualização em 16 de maio de 2019 às 13h01.

Sustentabilidade, veículos autônomos, inteligência artificial, dados. Todos esses temas estão no radar do Catapult Network Governance at Innovate, instituição que faz a ponte na inovação entre inovação, treinamento e a indústria no Reino Unido e esteve presente no Fórum VEJA e EXAME Inovação na Economia Digital , que reuniu especialistas do Brasil e de outros países para discutir inovação na indústria.

"Precisamos treinar pessoas para empregos que ainda nem existem", disse Heidi Bridger, chefe do Catapult no Reino Unido. A questão sobre como treinar os profissionais que atuarão com todos esses temas no futuro e gerar inovação que possa ser aproveitada pela indústria foi debatida no painel Instituições de Ciência e Tecnologia e o Estímulo à Inovação Nacional.

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Participaram do debate, além de Bridger, Rafael Lucchesi, diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e Holger Kohl, diretor do Instituto Fraunhofer, da Alemanha. Como fator em comum, as três instituições trabalham fazendo a ponte entre a indústria e instituições de formação e pesquisa.

Os especialistas lembraram como o trabalho de desenvolver inovação para a indústria é um trabalho conjunto entre setor público e privado. Bridger afirma que, no Reino Unido, há incentivo governamental aos projetos, mas também uma parceria entre institutos como o Catapult para construir inovação que possa ser útil à indústria. Em contrapartida, os empresários pagam pela tecnologia desenvolvida. "É preciso pensar no longo prazo. Parte dos projetos vão falhar no início, mas o resultado tem de ser visto em dez, vinte anos, independentemente da troca de governos", diz Bridger.

O protagonismo também deve ser, em parte, das empresas, apontaram os palestrantes. Lucchesi, do Senai, lembrou que o instituto, inclusive, nasceu quando os industriais brasileiros perceberam que precisavam formar pessoas capacitadas para alavancar o crescimento da indústria nacional. De sua criação, em 1942, até hoje, muita coisa mudou, incluindo as demandas da indústria.

O diretor mencionou projetos de inovação feitos atualmente no Senai, como um programa de incentivo a startups, ou um projeto de robô autônomo desenvolvido para a petroleira Shell em institutos de inovação no Senai. Projetos como esse, lembra Lucchesi, podem trazer expertise para áreas de interesse. É o caso de um projeto de desenvolvimento de veículos autônomos para o agronegócio.

O retorno da inovação

E qual o retorno dessas instituições? Kohl, da Alemanha, diz que 1 bilhão de euros investidos pelo governo alemão no instituto, como resultado, gera 18 bilhões de euros em crescimento para as empresas e 4 bilhões de euros de retorno para o governo em impostos.

Contudo, para que a indústria seja competitiva, o especialista lembra que é preciso focar na velocidade, para que as tecnologias estejam rapidamente acessíveis. É uma tarefa difícil. "E isso é feito com comparação entre governo e indústria, incluindo os sindicatos", diz.

No Brasil, Lucchesi apontou alguns problemas que ainda tornam o investimento das indústrias em inovação lento, como constantes alterações políticas após trocas de governo e uma academia ainda distante da indústria. Há ainda o próprio perfil da indústria brasileira, onde inovar é menos relevante do que desenvolver eletrônicos na Coreia do Sul, por exemplo. "Mas os empresários daqui não têm nenhum preconceito contra a inovação; apenas dificuldade em construir isso", disse o diretor do Senai.

Bridger e Kohl lembraram, também, que países como Alemanha e Reino Unido esperam, nos próximos anos, intensificar parcerias de cooperação internacional, inclusive com o Brasil. "A nova indústria precisa de dados e tecnologia, e não podemos fazer isso se continuarmos presos em ilhas", diz.

Para fazer o futuro chegar ao Brasil o mais rapidamente possível, contudo, a saída ainda começa por um pedido básico, lembra Lucchesi. "Que a gente saia do 'Fla-Flu' onde estamos e consigamos construir uma agenda de longo prazo em ciência e tecnologia", completa.

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