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Streaming força cinema a se reinventar e mudança deve começar pelo preço

Redes de cinemas nos EUA podem diminuir o valor em represália ao movimento da Warner de lançar filmes no streaming na mesma data de estreia das telonas

 (Abdullah Doma/AFP/Getty Images)

(Abdullah Doma/AFP/Getty Images)

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Rodrigo Loureiro

Publicado em 18 de dezembro de 2020 às 08h00.

A competição dos serviços de streaming pode trazer uma economia para os fãs da sétima arte. Cinemas dos Estados Unidos estão cogitando reduzir o preço dos ingressos para filmes produzidos pela Warner Bros. O movimento se dá após o estúdio informar que irá liberar os filmes lançados em 2021 para o serviço de streaming HBO Max no mesmo dia em que as películas estreiem nas salas de cinema.

De acordo com o The Hollywood Reporter, as principais cadeias de cinema dos EUA estão considerando reduzir os preços dos ingressos para valores entre 3 e 5 dólares por tíquete. De acordo com a consultoria Statista, o valor médio de um ingresso de cinema nos Estados Unidos e no Canadá girou em torno de 9,16 de dólares em 2019. Se os bilhetes forem vendidos por 3 dólares, eles serão os mais baratos (considerando a média) desde 1982.

As empresas também pretendem aumentar o percentual que retêm do valor dos ingressos vendidos, abocanhando uma fatia entre 75% e 80% da receita. É uma diferença bastante considerável. Uma reportagem do The Week, feita em 2016, apontou que os cinemas americanos ficavam apenas com 40% do valor obtido na venda dos ingressos. O restante era repassado aos estúdios que produzem os filmes.

O plano da Warner é lançar os filmes na HBO Max no mesmo dia em eles estrearem nas salas de cinema dos EUA. As obras estarão disponíveis no serviço de streaming por apenas um mês. Depois disso, serão retiradas da plataforma. Em geral, há um intervalo de pelo menos 75 dias entre a estreia no cinema e a disponibilização do filme em serviços de streaming como HBO Max, Netflix, Prime Video, entre outras.

Ao disponibilizar os filmes por streaming, a Warner tenta criar outra forma de obter receita. Uma análise pelo Business Insider aponta que o estúdio pode perder 1,2 bilhão de dólares de receita em 2021 por conta das previsões pessimistas de faturamento das salas de cinema no ano que vem. A esperança da Warner é de que a HBO aumente seus assinantes no streaming, o que aumentaria o valor recebido pelo estúdio e ajudaria a reduzir as perdas.

Ao fim do terceiro trimestre, o HBO Max somou mais 8,6 milhões de assinantes em seu serviço de streaming nos Estados Unidos, alcançando 38 milhões de assinantes no total (contabilizando também os usuários que têm acesso à plataforma por serem assinantes do canal de TV por assinatura). No mundo, de acordo com a AT&T, empresa que comanda a HBO, são 57 milhões de assinantes.

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O movimento é encarado como uma represália das redes de cinemas o estúdio. A exibição dos filmes diretamente em serviços de streaming atrapalha diretamente o negócio. Empresas como Cinemark e AMC foram algumas das que mais sofreram com a crise de covid-19. Em 2020, com o fechamento de salas em todo o país, o faturamento do setor despencou 82% para pouco mais de 2 bilhões de dólares.

Os dados oficiais também mostram o setor já vinha sofrendo antes mesmo dos primeiros casos de coronavírus chegarem ao país. Em 2019, o faturamento das redes de cinema dos EUA foi de 11,2 bilhões de dólares, queda de 6% em relação aos 11,9 bilhões de dólares obtidos em 2018. Foram vendidos 1,822 bilhão de ingressos, o menor número desde 1995, quando foram vendidas 1,221 bilhão de entradas.

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O streaming, com um mercado cada vez mais competitivo, caminha na direção oposta. A líder absoluta do setor é a Netflix, com quase 200 milhões de assinantes em todo planeta. Dados da consultoria Grand View Research apontam que o streaming vai movimentar 50 bilhões de dólares no mundo neste ano, 20,4% a mais do que em 2019. A previsão é de que a cifra alcance 184,2 bilhões de dólares em 2027.

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