Tecnologia

Sites ´.gov.br´ não adotam padrões de navegação e acessibilidade

Levantamento identificou 18.796 sites com extensão governamental no Brasil; maioria usa software livre

Ausência de padrões dificulta acesso universal a websites (.)

Ausência de padrões dificulta acesso universal a websites (.)

DR

Da Redação

Publicado em 18 de agosto de 2010 às 16h43.

São Paulo - Apenas 5% das páginas HTML disponíveis em domínios ".gov.br" estão completamente de acordo com os padrões internacionais de publicação na web W3C, e 98% delas não apresentam qualquer aderência aos padrões de acessibilidade WCAG. Os dados são do projeto "Censo da Web .br", cujos primeiros resultados foram apresentados nesta terça-feira (17) pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) e o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).

O W3C é um consórcio internacional formado por cerca de 500 entidades, entre empresas, órgãos governamentais e organizações independentes, que se propõem a criar padrões para a criação de interpretação de conteúdos para a web. Mais do que uma normatização técnica, as regras estabelecidas pelo W3C garantem que os conteúdos sejam compatíveis com novas tecnologias que possam surgir na internet. O padrão WCAG, sigla em inglês para "orientações de acessibilidade para conteúdo web", também é definido pelo mesmo consórcio.

"Quanto mais aderente aos padrões, melhor a página será acessada por qualquer usuário, independentemente do dispositivo e de seu ambiente operacional. Principalmente para conteúdos da Web governamental, a aderência aos padrões e a universalidade do acesso devem ser constantemente considerados e exigidos", afirmou Vagner Diniz, gerente do escritório W3C Brasil.

No levantamento, foram identificados 18.796 sites com a extensão ".gov.br", que representam órgãos públicos de todos os estados e também do governo federal. O estudo analisou 6,3 milhões de páginas HTML, que foram coletadas em duas etapas distintas, uma em outubro de 2009 e a segunda em fevereiro de 2010.

Outra conclusão da pesquisa diz que a maior parte dos sites governamentais (60%) é baseada em software de código aberto, enquanto plataformas proprietárias representam apenas 30% da fatia de servidores de conteúdo na web brasileira de governo. Entre as ferramentas utilizadas na publicação e distribuição de informação de maneira automatizada, foram encontradas basicamente duas tecnologias: PHP, de código aberto, e ASP, de licença proprietária. Também neste tipo de ferramenta, as de código aberto são mais adotadas (70%) pelas páginas de governo analisadas.

Censo da Web .br

A coleta e análise de dados dos sites governamentais foi apenas a primeira etapa do projeto "Censo da Web .br", primeiro grande estudo sobre a presença brasileira na internet. A iniciativa prevê a realização de levantamentos sobre toda a rede formada por sites de acesso público identificados por um domínio ".br", como ".com.br", ".org.br", ".net.br" e ".gov.br", além dos endereços para os quais há redirecionamentos diretos, via servidor, a partir de um site ".br".

O objetivo do recenseamento, além de descobrir quantos sites existem na internet brasileira, é entender outras questões ainda não muito claras, como o tamanho da web brasileira e seu crescimento; as tecnologias que são utilizadas; onde estão hospedados os sites com registro ".br"; se há aderência aos padrões web, como HTML e CSS; e até a questões específicas como o índice de endereços que têm suporte a IPv6 e se os servidores mantêm os relógios sincronizados à Hora Legal Brasileira. De acordo com dados do Registro.br, o mês de julho de 2010 foi encerrado com cerca de 2,17 milhões de nomes de domínios registrados sob a terminação ".br".

"Com este primeiro levantamento [sobre endereços ".gov.br"], foi possível definir metodologias e traçar o escopo para um estudo mais amplo e completo a ser realizado sobre os sítios com outros domínios", disse Alexandre Barbosa, gerente do Centro de Estudos em TICs, do NIC.br.
 

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