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Seguro contra ciberataques dispara no Brasil com LGPD e megavazamentos

O aumento do risco de vazamentos de dados tem levado as empresas a procurar cada vez mais esta modalidade de seguro

Centro de ciberdefesa na Coreia do Sul: a consciência das empresas sobre os riscos de vazamento de dados aumentou (SeongJoon Cho/Bloomberg/Getty Images)
FS

Filipe Serrano

Publicado em 22 de março de 2021 às 07h03.

Última atualização em 22 de março de 2021 às 15h20.

A demanda por seguros contra ciberataques e riscos cibernéticos disparou no último ano no Brasil. Em 2020, os prêmios emitidos pelas empresas de seguro somaram 43 milhões de reais nessa modalidade. O valor é o dobro do registrado em 2019, de 21,4 milhões de reais, de acordo com os dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep). No jargão do mercado, os prêmios equivalem ao valor pago às operadoras pela contratação do seguro.

A alta na demanda coincide com a implementação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) , que prevê multas pesadas para as empresas no caso de vazamentos de informações pessoais de consumidores. A lei entrou em vigor no ano passado, mas o prazo para o início da aplicação de multas foi estendido para maio deste ano.

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Além disso, a pandemia expôs as empresas a maiores riscos de roubos de informações e ciberataques. Os funcionários foram forçados a trabalhar de casa, em um ambiente menos controlado e com redes mais inseguras.

Fernando Saccon, superintendente da seguradora Zurich no Brasil, afirma que tanto empresas multinacionais quanto pequenas e médias empresas têm aumentado a procura pelos seguros contra ciberataques, o que mostra um aumento da percepção do risco cibernético no país. “Os segmentos de serviços médico, financeiro, a indústria de manufatura e o comércio são os mais afetados. Por consequência, são os que mais procuram o seguro. Mas as entidades sem fins lucrativos e demais empresas não estão isentas do risco”, diz Saccon, que lidera a área de linhas Financeiras e seguro garantia na empresa.

A Zurich foi uma das operadoras que mais tiveram crescimento no mercado de seguros cibernéticos, de acordo com os dados da Susep. Em 2020, os prêmios emitidos pela companhia chegaram a 8,2 milhões de reais, ante 1,5 milhão de reais em 2019 – um aumento de 434%. Hoje a empresa tem 19% de participação do mercado de seguros cibernéticos no país, atrás da seguradora AIG , com 48%. Na líder AIG, os prêmios emitidos passaram de 10,3 milhões de reais em 2019 para 20,6 milhões de reais no ano passado.

O aumento da procura por seguros também coincide com uma série de casos de megavazamentos de dados pessoais, em que as informações de centenas de milhões de brasileiros foram expostas. Na sexta-feira, 19, a Polícia Federal deflagrou uma operação que prendeu um hacker suspeito de ser o responsável por um vazamento de dados de 220 milhões de brasileiros. Até o momento, nenhuma empresa foi responsabilizada pelos vazamentos, mas os casos servem de alerta.

Segundo Saccon, da Zurich, muitos vazamentos podem ser evitados com medidas de segurança digital e programas de conscientização dos funcionários. “No caso de um incidente, é necessário agir com rapidez para mitigar os danos causados à empresa e as pessoas que tiveram seus dados expostos”, diz ele. De acordo com o executivo, o seguro ajuda a cobrir os custos para lidar com a crise causada por um vazamento e cumprir a responsabilidade com as pessoas afetadas. “Nesses casos, há a necessidade de contratar técnicos, para determinar a extensão do dano, e de especialistas para mitigar as exposições e auxiliar a empresa a cumprir seu dever de transparência com as pessoas físicas. O objetivo é reduzir os efeitos negativos do vazamento”, afirma.

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