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Saturação leva a declínio do Facebook nos EUA

A perda de usuários nos Estados Unidos parece indicar que o Facebook está atingindo a saturação do mercado e que se criou expectativa excessiva sobre a rede social

Embora as reclamações sobre a falta de privacidade no Facebook sejam frequentes, elas parecem não ter relação com a perda de usuários nos EUA (Justin Sullivan / Getty Images)

Maurício Grego

Publicado em 24 de junho de 2011 às 06h12.

São Paulo — A notícia de que o Facebook perde tráfego e usuários em países como Estados Unidos, Canadá e Reino Unido surpreendeu muita gente há pouco mais de uma semana. Nos Estados Unidos, o país onde o Facebook tem mais inscritos, houve perda de 5,8 milhões de usuários ativos em maio, 3,7% da base total, que terminou o mês com 149,4 milhões de pessoas.

As informações são do site Inside Facebook, que se baseia em dados que a própria rede social fornece a anunciantes. Esses dados apontam que o Facebook continua crescendo graças ao avanço em países como o Brasil, onde sua base de usuários aumentou 10% em apenas um mês, chegando ao início de junho com 25,6 milhões de pessoas.

Globalmente, a rede iniciou junho com 687 milhões de usuários. Mas a queda em países importantes, como os Estados Unidos, já reduziu o ritmo da expansão. Em 2010, o site vinha ganhando em torno de 20 milhões de novos usuários por mês. Em maio, foram 11,8 milhões.

Números discrepantes

Curiosamente, o Facebook distribuiu um comunicado à imprensa em que desqualifica seus próprios números. “De tempos em tempos, vemos notícias sobre o Facebook estar perdendo usuários em determinadas regiões. Algumas dessas notícias usam dados da nossa ferramenta para anunciantes, que fornece estimativas aproximadas sobre o alcance dos anúncios e não foi projetada para monitorar o crescimento do Facebook”, diz o texto.

Convém, então, olhar também os dados de outras fontes. O Inside Facebook observa que há números discrepantes circulando no mercado. O DoubleClick Ad Planner, do Google, reporta que o Facebook teria 880 milhões de usuários únicos. O Ad Planner sinaliza queda leve e contínua no número de usuários nos Estados Unidos de março a junho. A variação no número total de usuários vem do uso de métodos de contagem diferentes. O Facebook considera a quantidade de pessoas que fizeram login na rede social ao longo do mês. Já o Google conta quantos visitaram o site no período, número que tende a ser maior.

Outras duas empresas, Compete e Quantcast, apontam flutuações na base de usuários nos Estados Unidos ao longo dos últimos meses, com ligeira queda em alguns deles. Já a ComScore, na contramão das outras companhias, diz que o Facebook cresceu 2% em maio naquele país.


Saturação

É preciso cautela ao analisar esses números, já que a queda pode ser apenas circunstancial. Se ela se mantiver por vários meses, então estará confirmada uma tendência. Era esperado que, em algum momento, o ritmo de crescimento diminuiria, à medida que o mercado fosse ficando saturado. É possível que isso já esteja acontecendo em países onde o Facebook conquistou antes a liderança.

Nos Estados Unidos, o número de usuários já é cerca de metade da população do país. Já em lugares como o Brasil e o México, onde a rede social foi adotada mais tardiamente, o crescimento continua intenso e o nível de saturação ainda está distante.

Hype cycle

Mas a queda nos Estados Unidos também pode indicar que o Facebook passa por um ciclo de expectativa exagerada (hype cycle), como acontece com muitas empresas, tecnologias e produtos. A rede social ganhou enorme visibilidade e despertou excesso de expectativa. Uma parte das pessoas que aderiram ao serviço constatou que, na prática, ele não é tão espetacular quanto parecia. Algumas delas estão deixando de visitar o site. Por isso, a audiência cai.

Se for esse o caso, a queda pode pode ser passageira. É possível que o site volte a crescer, de forma mais lenta e consistente. Terá atingido o estágio de maturidade. Em vez de se basear principalmente no aumento do número de usuários, sua expansão deve acontecer com a criação de novos tipos de negócios ligados à rede social. Naturalmente, isso não vale para todos os países. O Facebook poderia iniciar um ciclo de expansão inteiramente novo entrando no mercado chinês, por exemplo.

Mas a fase de queda no ciclo de expectativa é arriscada e algumas empresas não resistem. Foi assim com o MySpace, que já foi a maior rede social do mundo e, hoje, tornou-se irrelevante. A equipe de Mark Zuckerberg parece estar consciente do risco, já que o site tem feito considerável esforço para se tornar uma plataforma de negócios, preparando-se para o crescimento sustentado (e lucrativo) na maturidade.

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São Paulo — A notícia de que o Facebook perde tráfego e usuários em países como Estados Unidos, Canadá e Reino Unido surpreendeu muita gente há pouco mais de uma semana. Nos Estados Unidos, o país onde o Facebook tem mais inscritos, houve perda de 5,8 milhões de usuários ativos em maio, 3,7% da base total, que terminou o mês com 149,4 milhões de pessoas.

As informações são do site Inside Facebook, que se baseia em dados que a própria rede social fornece a anunciantes. Esses dados apontam que o Facebook continua crescendo graças ao avanço em países como o Brasil, onde sua base de usuários aumentou 10% em apenas um mês, chegando ao início de junho com 25,6 milhões de pessoas.

Globalmente, a rede iniciou junho com 687 milhões de usuários. Mas a queda em países importantes, como os Estados Unidos, já reduziu o ritmo da expansão. Em 2010, o site vinha ganhando em torno de 20 milhões de novos usuários por mês. Em maio, foram 11,8 milhões.

Números discrepantes

Curiosamente, o Facebook distribuiu um comunicado à imprensa em que desqualifica seus próprios números. “De tempos em tempos, vemos notícias sobre o Facebook estar perdendo usuários em determinadas regiões. Algumas dessas notícias usam dados da nossa ferramenta para anunciantes, que fornece estimativas aproximadas sobre o alcance dos anúncios e não foi projetada para monitorar o crescimento do Facebook”, diz o texto.

Convém, então, olhar também os dados de outras fontes. O Inside Facebook observa que há números discrepantes circulando no mercado. O DoubleClick Ad Planner, do Google, reporta que o Facebook teria 880 milhões de usuários únicos. O Ad Planner sinaliza queda leve e contínua no número de usuários nos Estados Unidos de março a junho. A variação no número total de usuários vem do uso de métodos de contagem diferentes. O Facebook considera a quantidade de pessoas que fizeram login na rede social ao longo do mês. Já o Google conta quantos visitaram o site no período, número que tende a ser maior.

Outras duas empresas, Compete e Quantcast, apontam flutuações na base de usuários nos Estados Unidos ao longo dos últimos meses, com ligeira queda em alguns deles. Já a ComScore, na contramão das outras companhias, diz que o Facebook cresceu 2% em maio naquele país.


Saturação

É preciso cautela ao analisar esses números, já que a queda pode ser apenas circunstancial. Se ela se mantiver por vários meses, então estará confirmada uma tendência. Era esperado que, em algum momento, o ritmo de crescimento diminuiria, à medida que o mercado fosse ficando saturado. É possível que isso já esteja acontecendo em países onde o Facebook conquistou antes a liderança.

Nos Estados Unidos, o número de usuários já é cerca de metade da população do país. Já em lugares como o Brasil e o México, onde a rede social foi adotada mais tardiamente, o crescimento continua intenso e o nível de saturação ainda está distante.

Hype cycle

Mas a queda nos Estados Unidos também pode indicar que o Facebook passa por um ciclo de expectativa exagerada (hype cycle), como acontece com muitas empresas, tecnologias e produtos. A rede social ganhou enorme visibilidade e despertou excesso de expectativa. Uma parte das pessoas que aderiram ao serviço constatou que, na prática, ele não é tão espetacular quanto parecia. Algumas delas estão deixando de visitar o site. Por isso, a audiência cai.

Se for esse o caso, a queda pode pode ser passageira. É possível que o site volte a crescer, de forma mais lenta e consistente. Terá atingido o estágio de maturidade. Em vez de se basear principalmente no aumento do número de usuários, sua expansão deve acontecer com a criação de novos tipos de negócios ligados à rede social. Naturalmente, isso não vale para todos os países. O Facebook poderia iniciar um ciclo de expansão inteiramente novo entrando no mercado chinês, por exemplo.

Mas a fase de queda no ciclo de expectativa é arriscada e algumas empresas não resistem. Foi assim com o MySpace, que já foi a maior rede social do mundo e, hoje, tornou-se irrelevante. A equipe de Mark Zuckerberg parece estar consciente do risco, já que o site tem feito considerável esforço para se tornar uma plataforma de negócios, preparando-se para o crescimento sustentado (e lucrativo) na maturidade.

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