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Redes sociais viram armas contra caos do trânsito no Cairo

Moradores da capital do Egito utilizam o celular e o Twitter para receber informações sobre o trânsito

Trânsito no Cairo: ajuda das redes sociais (Getty Images)

Trânsito no Cairo: ajuda das redes sociais (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 18 de maio de 2011 às 13h10.

Cairo - As redes sociais e o telefone celular são as últimas armas que os egípcios encontraram para combater o trânsito caótico do Cairo, onde o carro é o principal meio de transporte de mais de 20 milhões de habitantes.

"Demorei mais de três horas e meia para chegar no trabalho!", escreveu na sua conta do Twitter um motorista frustrado que incluiu a hashtag "#cairotraffic".

Há alguns meses, o Twitter e alguns sites publicam queixas e de milhares de pessoas que a cada dia enfrentam a desordem das ruas do Cairo "munidos" de um carro e um telefone celular com o qual recebem informações em tempo real sobre os melhores caminhos e onde estão os piores engarrafamentos.

"É uma solução muito simples a um problema muito grande", resumiu à Agência Efe Mustafa al Betagy, um dos fundadores do Bey2ollak, um dos sites que informam sobre o trânsito no Cairo.

Bey2ollak, que em dialeto egípcio define toda informação cuja fonte não está clara, nasceu quando Al Beltagy e outros quatro amigos decidiram levar às redes sociais o que já faziam por telefone. "Quando saio do escritório, ligo para meus amigos e pergunto qual caminho devo tomar e quais são as ruas mais engarrafadas", explicou.

Dessa forma, através de um aplicativo instalado no telefone, os usuários enviam e recebem mensagens sobre a situação no trânsito no Cairo.

"É como se você tivesse um terceiro olho para ver como estão as ruas e estradas", explicou Al Beltagy, que destacou a importância deste tipo de ferramenta em uma cidade onde não existem helicópteros ou câmeras que registrem o tráfego como em outras metrópoles mundo afora.

Al Beltagy reforçou que existiam dúvidas sobre o sucesso do aplicativo em um país onde os cidadãos não utilizaram maciçamente as redes sociais até janeiro, quando foram fundamentais para articular a revolução contra do regime do presidente Hosni Mubarak.

"Em uma comunidade, todo mundo ajuda de alguma forma, e não sabíamos se este conceito funcionaria, se as pessoas só consultariam sem fornecer nenhuma informação", contou Al Beltagy, que reforçou o notável sucesso de um projeto que no primeiro dia de funcionamento, em outubro de 2010, registrou a participação de 50 mil pessoas.

Após sete meses de vida, Bey2ollak recebe uma média de 10 e 15 mensagens por hora, embora os grandes engarrafamentos ou os fatos fora do normal chegam a concentrar até 300 mensagens por hora.

Os tiroteios junto ao Ministério do Interior durante a revolução causaram um engarrafamento monumental onde centenas de pessoas ficaram presas em seus carros durante horas e optaram por manter o bom humor para enfrentar a situação.

"Um homem que conduzia um carro branco dizia que precisava de um carregador de celular porque estava ficando sem bateria, outro oferecia pizzas e todo mundo se divertia", lembrou Al Beltagy, que seguiu os fatos pela tela do seu telefone celular.

Frequentemente os motoristas utilizam estas ferramentas para canalizar sua frustração, questionando se chegariam em casa "antes da meia-noite", chamando a situação de "pesadelo" ou xingando o jeito de dirigir dos cairotas.

Apesar dessa ferramenta não resolver o grave problema do trânsito na capital egípcia, Al Beltagy destacou que foram essenciais para evitar os piores engarrafamentos.

"É como a chegada dos telefones celulares: antes não sentíamos necessidade de ter um, mas agora já não podemos viver sem eles", concluiu Al Beltagy.

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