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Qualcomm mostra seus planos para além do smartphone na Futurecom

Empresa levou ao evento suas plataformas de desenvolvimento, óculos com processadores da marca e um robô que aprende, além de tecnologias de rede móvel

qualcomm (INFO)
DR

Da Redação

Publicado em 15 de outubro de 2014 às 18h14.

A Qualcomm é dona de um dos estandes mais interessantes da Futurecom deste ano, evento que fica até o dia 16 em São Paulo. Não pelo tamanho considerável, mas sim pelo bom número de demonstrações que disponibilizou ao público. E não estamos falando aqui de smartphones, área em que a empresa é mais forte hoje, graças à linha de processadores Snapdragon – no local, visitantes também podem conferir plataformas de teste, módulos, roteadores, óculos e até um pequeno robô laranja, todos com chips da empresa norte-americana.

Estes dispositivos, no entanto, não estão exatamente destacados, e ficavam mais ali ao fundo do estande. Na prateleira, estavam alguns tablets – plataformas de desenvolvimento móvel, na verdade –, os óculos ODG R-7, o robozinho EyeRover, da Brain Corporation, e alguns DragonBoards, os Systems on a Module (SoM) da Qualcomm usados por desenvolvedores em diferentes dispositivos.

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Os primeiros aparelhos dali têm nome: Snapdragon 805 MDP/T. Eles são vendidos por 800 dólares no site da Intrinsyc e são absurdamente potentes, contando com 3 GB de RAM, CPU Krait quad-core de 2,7 GHz, GPU Adreno 420 e suporte a Wi-Fi 802.11ac. A tela é de 10’’ e tem resolução de 2.560 x 1.440, e a câmera traseira tem 13 megapixels. Fora essas especificações padrões, o aparelho conta também com uma série de sensores, um bom número de microfones e Android 4.4 – mas tem uma bateria que não empolga muito.

Mas a carga não é exatamente importante, visto que o dispositivo serve mesmo como uma plataforma de desenvolvimento para aplicativos e demonstração de recursos. Na Futurecom, a empresa mostrou as tecnologias de emulação de som surround e as capacidades de processamento de imagem do Snapdragon 805 – funções que, segundo Dario Dal Piaz, diretor de desenvolvimento de negócios, estão presentes desde o começo da “família 800”.

Os óculos e os módulos – Perto dos tablets, visitantes podiam conferir um protótipo dos óculos R-7, do Osterhout Design Group. O aparelho mantém a reputação dos dispositivos logo ao lado, com configurações de dar inveja ao Google Glass: um processador de última geração, 4 GB de RAM, duas “telas” de 720p e suporte a Wi-Fi ac e Bluetooth 4.0. O aparelho, no entanto, é um pouco mais “invasivo” que o do Google: ele basicamente coloca a tela de um tablet em frente aos olhos do usuário, e a interface do ReticleOS (uma versão adaptada do Android) é controlada com botões na haste ou por um pequeno mouse preso ao dedo.

É um conceito interessante, especialmente por suas capacidades de realidade aumentada. Um dos aplicativos demonstrados funcionava com uma espécie de mapa de relevo, que aparece logo abaixo dos óculos na foto acima. Mas também é possível usá-lo para assistir filmes e ver fotos sem problemas, embora não por muito tempo – o protótipo era dos mais desconfortáveis, como destacou Leon Farasati, diretor da Qualcomm, e mostrava que o aparelho realmente ainda tem muito que evoluir antes de ser lançado de vez no mercado.

O executivo também explicou que o modelo do R-7 usava um módulo feito pela fabricante de chips, devidamente adaptado para caber no espaço logo acima da lente. Chamado de System on a Module (seguindo a ideia de System on a Chip, ou SoC), a placa padrão, mostrada acima, traz o Snapdragon 805 e as entradas necessárias para o aparelho que for desenvolvido.

O robô aprendiz – O que mais chamava atenção entre os produtos da bancada, no entanto, era um robô laranja com rodinhas. Chamado de EyeRover, ele é feito pela Brain Corporation, mas ainda não passa de um experimento. Em conversa com INFO, Borja Ibarz, cientista da empresa, o descreveu como um “prototype for machine learning” – algo como um “protótipo de aprendizagem de máquinas”.

Seu funcionamento é dos mais interessantes: Ibarz o controlava por um app instalado em um iPhone, que era encaixado dentro de um joystick que lembrava o de um Xbox. No modo livre, bastava acelerar com o RT e movê-lo com a alavanca analógica. Mas bastava mudar para o modo de aprendizado que o robô começava a memorizar as ações que depois seriam repetidas, quase como um macro.

O cientista primeiro o movia em direção ao cubo vermelho e o fazia virar, e a ação era decorada e depois repetida pela máquina. A diferença para um macro de programação, no entanto, é que essa automação é baseada no contexto. Se o objeto vermelho é tirado do caminho, fica impossível prever o que o EyeRobot fará. “É quase um animal”, comparou. No entanto, dá para evitar que a máquina fique descontrolada simplesmente desligando-a e reiniciando-a – fazendo-a voltar àquele estado de “tábula rasa” descrito por John Locke.

Assim como o R-7, o robô também usa uma placa da Intrinsyc, também levemente modificada, mas com um processador Snapdragon 600, menos potente. O chip o ajuda a se equilibrar, e é também aliado a uma visão 3D, para identificar e diferenciar objetos colocados na sua frente.

Tecnologias de internet móvel – Apesar dos aparelhos mostrados mais ao fundo, o estande exibia logo na entrada alguns monitores, em que eram mostradas tecnologias de internet móvel como o LTE Advanced e o 3 Carrier Supplemental Downlink. O primeiro, presente nos chips da empresa desde junho do ano passado, está relacionado ao conceito de Carrier Aggregation (CA), como disse a INFO o diretor sênior de tecnologia Roberto Medeiros.

Ele basicamente combina os sinais de operadoras distintas e frequências para, de certa forma, distribuir melhor os usuários e aumentar a velocidade da conexão. O problema é que, ao contrário da Coreia do Sul, da Europa e dos EUA, o sistema ainda não é usado no Brasil, o que ainda impossibilita a instalação do LTE Advanced por aqui. Mas Medeiros disse que a Qualcomm está correndo atrás disso, e em conversas com operadoras já chegou a questionar: “Como assim vocês ainda não implementaram o CA?”.

Já o 3 Carrier Supplemental Downlink, mostrado ali perto, visa melhorar o uso dos espectros das redes, aumentando o número de usuários que elas conseguem suportar sem uma perda grande de desempenho. Na demonstração feita em uma tela touch, o engenheiro Bruce Judson movia pequenos veículos pelo mapa, colocando-os mais perto ou mais longe da torre principal e de uma torre que, em tese, atrapalharia o sinal. O carro azul, representando a tecnologia mais nova, continuava a carregar imagens em boa velocidade, enquanto o laranja tinha quedas de desempenho acentuadas.

A Futurecom acontece no Expo Transamérica, na zona sul de São Paulo, e termina nesta quinta-feira. Ela é mais voltada para quem trabalha nas áreas de TI e telecomunicações, como deu para notar, e ingressos ainda podem ser adquiridos por aqui.

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