Tecnologia

Presidente da Blizzard deixa empresa, que é processada por assédio sexual

Empresa está sendo processada pela Califórnia acusada de ser conivente com um ambiente de trabalho que permitia abusos contra funcionárias e discriminação salarial e de oportunidades

Protesto na Blizzard: funcionários se manifestaram em frente à empresa após denúncios de abusos (Bing Guan/Bloomberg/Getty Images)

Protesto na Blizzard: funcionários se manifestaram em frente à empresa após denúncios de abusos (Bing Guan/Bloomberg/Getty Images)

TL

Thiago Lavado

Publicado em 3 de agosto de 2021 às 11h23.

Última atualização em 3 de agosto de 2021 às 11h25.

O presidente da fabricante de games Blizzard J. Allen Brack está deixando a empresa, que enfrenta um processo movido pelo estado da Califórnia por denúncias de abuso e assédio sexual e moral dentro da companhia.

A saída do executivo foi anunciada em um e-mail à equipe, que foi visto pela agência Bloomberg. Ele será substituído por dois funcionários que serão "co-líderes".

A Blizzard, que desenvolve sucessos como World of Warcraft e Diablo está sendo processada por denúncias de assédio sexual, diferenças salariais entre homens e mulheres na mesma posição e por um ambiente de trabalho que era conivente com avanços físicos e verbais sobre funcionárias. A situação é grave e o processo menciona até que uma funcionária cometeu suicídio após formas extremas de abuso na empresa.

Os funcionários e o próprio CEO da empresa, Bobby Kotick, reclamaram da resposta inicial da Blizzard, de negar as acusações e tentar se desvencilhar do processo. Mais de 3.000 atuais e ex-empregados assinaram uma carta digital para os executivos da Blizzard dizendo que a resposta ao processo foi "repugnante e desrespeitosa". Na semana passada, um grupo de empregados e desenvolvedores da companhia protestou em frente aos portões contra as condições de trabalho.

O processo movido pela Califórnia

A promotoria da Califórnia que move a ação contra a Blizzard é a mesma que processou a Riot Games há alguns anos, também por conta de uma cultura de trabalho abusiva.

O processo afirma que a cultura interna da Blizzard permitia piadas sobre estupro, comentários sobre o corpo de mulheres e até avanços no local de trabalho sem qualquer tipo de retaliação da empresa ou de lideranças, que por vezes estimulavam o comportamento.

"Funcionárias quase universalmente confirmaram que trabalhar para a empresa era quase como trabalhar em uma casa de fraternidade, em que invariavelmente envolvia funcionários bebendo e submetendo funcionárias a assédio sexual sem qualquer repercussão", diz o processo.

"'Assaltos a mesas' [termo traduzido de 'cube crawl' e usado no processo para exemplificar avanços inapropriados de funcionários] nos escritórios da empresa eram comuns e os funcionários orgulhosamente vinham trabalhar de ressaca. De maneira similar, funcionários jogavam videogames durante o horário de trabalho, se engajavam em discussões sobre sexo, falavam abertamente do corpo de mulheres e faziam diversas piadas sobre estupro".

A situação se estendia a acontecimentos públicos, com funcionários de alto escalão, como o diretor criativo sênior de World of Warcraft, Alex Afrasiabi, assediando colegas em eventos da empresa.

Acompanhe tudo sobre:Assédio moralAssédio sexualGames

Mais de Tecnologia

Como o Google Maps ajudou a solucionar um crime

China avança em logística com o AR-500, helicóptero não tripulado

Apple promete investimento de US$ 1 bilhão para colocar fim à crise com Indonésia

Amazon é multada em quase R$ 1 mi por condições inseguras de trabalho nos EUA