Emilio Umeoka deixa presidência da Microsoft Brasil para assumir vice-presidência da empresa na Ásia-Pacífico (//Reprodução)
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h43.
Presidente da subsidiária brasileira da Microsoft desde julho de 2002, Emilio Umeoka deixará o cargo para atuar como vice-presidente da empresa na região Ásia-Pacífico. O executivo, que assume a nova função em 28 de agosto, será responsável pelas operações da maior fornecedora de software do mundo em 11 países - além de Cingapura, onde ficará baseado, vai supervisionar os mercados da Malásia, Tailândia, Indonésia, Filipinas, Vietnã, SriLanka, Bangladesh, Coréia do Sul, Nova Zelândia e Austrália - que juntos somam 1.900 funcionários. Umeoka passa a se reportar diretamente ao presidente da Microsoft Internacional, Jean-Philippe Courtois. Até o momento, seu substituto no Brasil não foi anunciado.
No novo desafio, o executivo terá de lidar com mercados muito heterogêneos. Enquanto o Sudeste da Ásia é composto por países que ainda consomem relativamente pouco em tecnologia, mas têm grande potencial de crescimento, a Austrália e principalmente a Coréia do Sul são consumidoras extremamente exigentes. "Cada país vive uma realidade distinta e teremos que analisar caso a caso", diz Umeoka, que será responsável por vendas, marketing e serviços na região.
Segundo dados estimados na edição de Melhores e Maiores de EXAME, a subsidiária brasileira da Microsoft faturou 436 milhões de dólares em 2005. A operação conta com 400 funcionários diretos e uma ampla rede de revendas, prestadores de serviços e outros parceiros comerciais. Essa rede cresceu 50% sob a gestão de Umeoka e atualmente reúne 15 mil empreendimentos que empregam mais de 300 mil profissionais. Apesar disso, a Microsoft Brasil continua atuando apenas como um escritório de vendas. Praticamente não há investimentos em pesquisa e desenvolvimento de produtos no país.
Umeoka assumiu a subsidiária nacional em um momento conturbado e enfrentou diversos desafios. Na segunda metade da década de 90, a Microsoft cresceu a taxas extremamente elevadas em todo o mundo. No mercado brasileiro, muito pouco explorado, a velocidade de expansão era ainda maior que a média mundial - os produtos da companhia, sobretudo o sistema operacional Windows e o pacote de aplicativos para escritório Office, praticamente vendiam-se sozinhos. Mas, quando Umeoka tornou-se presidente da operação no Brasil, os tempos de bonança tinham ficado para trás.
O mercado de tecnologia vivia um período de ressaca, após os pesados investimentos que as empresas de diversos setores fizeram para se informatizar na década de 90 e para atualizar seus sistemas a fim de enfrentar o chamado bug do ano 2000, uma falha que muitos tipos de software poderiam apresentar na virada de 1999 para o novo ano. Além disso, quase todos os empreendimentos de internet, telecomunicações e mídia - fortes compradores de tecnologia - estavam em crise após o estouro da bolha especulativa da Nasdaq. "Em 2002, o mercado brasileiro de computadores pessoais encolheu de 3,7 milhões de unidades para 2,9 milhões", afirma Umeoka.
A competição com outros fornecedores de programas para computador intensificou-se. O Linux, um sistema operacional concorrente do Windows que não cobra licença de uso, ganhou ampla aceitação no mercado e virou bandeira do governo federal, que passou a hostilizar a Microsoft. Por fim, vale lembrar que a economia brasileira como um todo ficou estagnada em 2002 e 2003.
Mesmo com todos esses desafios, Umeoka acredita ter um boa lista de conquistas para apresentar. A Microsoft foi reestruturada para atender melhor aos grandes clientes corporativos e também desenvolveu projetos para pequenas empresas, incluindo uma linha de financiamento de 100 milhões de reais com o Bradesco.
Para atingir o consumidor de baixa renda, o Brasil liderou o lançamento da oferta de computação pré-paga da Microsoft e do Windows Starter Edition, uma versão simplificada e mais barata do sistema operacional. Em um ano, foram vendidas 500 mil licenças do produto. No último ano fiscal, a subsidiária nacional foi a que mais cresceu na América Latina - os números absolutos, contudo, não são revelados. A valorização do real contribuiu fortemente para os resultados, já que todos os produtos são importados. Com isso, Umeoka acredita que entrega a operação brasileira em boas condições pra seu sucessor.
Nascido em Mogi das Cruzes (SP), Umeoka graduou-se em engenharia de petróleo pela Texas A&M University. Sua carreira, contudo, nunca foi direcionada para a bilionária indústria petroquímica, mas sim ao dinâmico mercado de tecnologia. De 1986 a 1995, atuou como presidente da Wild West, primeira representante da Microsoft na América Latina para o segmento empresarial. Em 1995, ingressou na Compaq, onde atuou como vice-presidente da divisão comercial de PCs para a América Latina. Em 2000, assumiu a presidência da subsidiária brasileira da Compaq, mas deixou o cargo após a fusão da empresa com a HP.