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Por que você vê o mundo de um jeito mais justo que eu?

A quantidade de racismo ou elitismo que você percebe provavelmente depende do seu favorecimento às hierarquias sociais

Funcionários: a quantidade de racismo ou elitismo que você percebe provavelmente depende do seu favorecimento às hierarquias sociais (Ievgen Chepil/Thinkstock)
DR

Da Redação

Publicado em 29 de agosto de 2016 às 18h21.

Imagine uma empresa que se esforça para garantir uma representação adequada de gêneros entre seus funcionários. Os gerentes devem decidir como obter uma proporção equilibrada de homens e mulheres. Sem dúvida haverá divergências sobre os fatores que impulsionam a disparidade e como lidar com eles.

No entanto, uma nova pesquisa da Kellogg School sugere que um problema subjacente mais sutil pode fazer com que essas questões delicadas fiquem ainda mais difíceis de sanar: as pessoas que apoiam o igualitarismo tendem a ver mais desigualdade, enquanto as que preferem sistemas hierárquicos a percebem menos.

Em outras palavras, estes dois grupos não só provavelmente entrariam em conflito sobre as causas e soluções, mas também não conseguiriam chegar a um acordo sobre a gravidade do problema, que, neste caso, seria o verdadeiro tamanho da distorção da proporção de gêneros da organização.

Estas diferenças provavelmente agravam os conflitos para sanar problemas relacionados à igualdade, diz Nour Kteily, professor assistente de gestão e organizações na Kellogg School of Management .

"Já há variação nas crenças das pessoas sobre a conveniência da hierarquia" e suas explicações sobre o porquê da desigualdade, ele observa. "O problema é ainda pior se as pessoas se baseiam em referências diferentes sobre quanta desigualdade realmente existe".

A pesquisa de Kteily descobriu que esse padrão se mantém em vários contextos sociais, tais como a desigualdade de gênero, raça e classe, e até mesmo quando os participantes receberam exemplos de conflitos entre grupos fictícios ou imagens abstratas que simplesmente evocavam a distribuição desigual de poder e recursos.

Como as percepções distorcidas foram observadas entre igualitários e anti-igualitários, a culpa não é apenas de um dos pontos de vista. "Há preconceito em todo o espectro", diz ele. "Isso é algo que todos precisam levar em consideração".

A lacuna do poder

Os pesquisadores examinaram previamente como as pessoas racionalizam a desigualdade social. Estes estudos sugerem, por exemplo, que as pessoas que preferem hierarquias sociais também tendem a apoiar ideologias que reforçam a legitimidade da posição do grupo mais poderoso.

Considere as justificativas construídas sobre o racismo, nacionalismo, ou mesmo o carma, que atribui o destino de alguém na vida às suas ações anteriores.

No entanto, pouco tem sido feito para explorar se as crenças das pessoas quanto à hierarquia afetam o quanto de desigualdade que elas percebem inicialmente.

Kteily e seus colaboradores, Jennifer Sheehy-Skeffington, da London School of Economics, e Arnold Ho, da Universidade de Michigan, realizaram diversos estudos para investigar isso.

Para cada experimento, a equipe recrutou pessoas on-line e fez perguntas para avaliar a sua "orientação quanto à dominância social" (ODS), uma medida do quanto favorecem a hierarquia social.

Uma pessoa com alta ODS concordaria que é aceitável alguns grupos dominarem outros e rejeitaria a ideia de que cada grupo deva ter igualdade de oportunidades; uma pessoa com baixa ODS acreditaria no contrário.

No primeiro estudo com 649 participantes, após avaliar os níveis de ODS, os pesquisadores pediram a cada pessoa para avaliar, em uma escala de 1 a 7, quanto poder possuíam vários grupos da sociedade: brancos americanos, negros americanos, homens, mulheres e pessoas nascidas em famílias ricas, de classe média ou pobres.

A equipe então calculou as lacunas entre os grupos para determinar, por exemplo, as percepções dos participantes quanto à disparidade de poder entre homens e mulheres.

A equipe descobriu que os igualitários tendem a relatar maiores discrepâncias de poder. Os participantes classificados no quartil mais baixo de ODS, isto é, aqueles mais igualitários, estimaram que os grupos dominantes, por exemplo, homens, americanos brancos e ricos, eram em média 2,67 pontos mais poderosos do que os grupos mais fracos, por exemplo, mulheres, americanos negros e pobres.

Enquanto isso, as pessoas classificadas no quartil mais alto de ODS relataram uma lacuna média de poder de apenas 1,05 pontos.

Mundo real contra o mundo fictício

No entanto, o estudo levantou uma questão: este padrão ocorria simplesmente por que os igualitários foram expostos a mais desigualdade, enquanto as pessoas que acreditam em hierarquia não viram muitos exemplos disso em suas vidas diárias?

Uma pessoa com baixa ODS poderia trabalhar como assistente social que frequentemente vê injustiças sofridas pelas minorias. Por outro lado, um indivíduo com alta ODS poderia ser um executivo que frequentemente não encontra essas situações.

Se esse fosse o caso, os igualitários e anti-igualitários na verdade não estariam percebendo níveis diferentes de desigualdade na mesma situação. Estariam apenas relatando a desigualdade que observaram em seus respectivos ambientes.

Nesse cenário, "ninguém está processando as informações de maneira diferente", diz Kteily. "Estão apenas processando informações diferentes".

Para distinguir entre as duas possibilidades, a equipe de Kteily pediu a 153 participantes para lerem um cenário fictício sobre uma situação de desequilíbrio de poder.

Nesta história, dois grupos em um país fictício chamado Raga lutam por um território, e finalmente um grupo domina. Tal como no primeiro estudo, os participantes classificaram a quantidade de poder que cada grupo possuía.

Os resultados foram os mesmos: as pessoas com tendências igualitárias viram uma lacuna de poder maior do que as pessoas que preferiam sociedades hierárquicas.

Em outras palavras, os participantes relataram percepções diferentes sobre a mesma informação fictícia.

Você vê o que eu vejo?

Kteily suspeita que esta discrepância surge porque os dois grupos se concentram em detalhes diferentes. Por exemplo, um igualitário pode prestar mais atenção à forma como o grupo dominante em Raga tirou os recursos do grupo mais fraco.

Enquanto isso, um anti-igualitário pode enfatizar o potencial do grupo mais fraco de revidar.

Os pesquisadores encontraram resultados semelhantes mesmo depois de mostrar aos participantes apenas imagens abstratas representando sociedades e organizações fictícias.

Num estudo, as imagens eram posicionadas como se estivessem em escadas com diferentes quantidades de sacos de dinheiro ao lado dos degraus.

Em outra, as imagens eram pirâmides em camadas com diferentes quantidades de figuras adesivas em cada nível. Para cada imagem, os participantes classificaram o quanto eles concordavam com afirmações como "A distribuição de dinheiro nesta sociedade é muito desigual" ou "Não há grande diferença na distribuição de poder da base até o topo desta organização". Mais uma vez, os igualitários relataram maiores discrepâncias de poder do que os anti-igualitários.

Para reduzir a possibilidade de as pessoas estarem deliberadamente declarando incorretamente as percepções, os pesquisadores ofereceram um bônus de US$12 aos participantes que classificassem as lacunas de poder com mais precisão. "Isso não causou absolutamente nenhuma diferença", diz Kteily.

Memórias distorcidas

Coletivamente, os estudos sugerem que as pessoas de fato perceberam a mesma informação de forma diferente. Mas de quem é a culpa? Estaria um grupo vendo a quantidade "correta" de desigualdade, enquanto o outro lado estaria superestimando ou subestimando? Ou os dois grupos seriam tendenciosos?

No final do estudo, a equipe de Kteily explorou esta questão, aplicando um teste de memória aos 539 participantes. Em primeiro lugar, foram mostradas aos participantes imagens de pirâmides organizacionais com diferentes graus de hierarquia; por exemplo, algumas das pirâmides tinham mais camadas do que outras, e algumas tinham estruturas organizacionais mais planas.

Em seguida, os pesquisadores pediram a cada pessoa para recordar quais imagens já tinham sido mostradas. Em seguida, foram apresentados conjuntos de imagens aos participantes.

Cada conjunto continha uma imagem que a pessoa já tinha visto e quatro versões semelhantes, duas que eram mais igualitárias e duas que eram mais hierárquicas.

Pessoas que preferiam sistemas hierárquicos tenderam a se lembrar de terem visto menos desigualdade do que realmente tinham visto. Da mesma forma, embora a ligação seja mais fraca, os igualitários tenderam a superestimar a quantidade de hierarquia que tinham visto anteriormente. Isso sugere que as motivações das pessoas colorem a sua percepção do mundo, diz Kteily.

Os igualitários, que querem chamar a atenção para a desigualdade, percebem grandes disparidades de acordo com a motivação para a ação.

Os anti-igualitários, que temem o surgimento de pressões para equalizar a sociedade se as lacunas de poder forem altamente visíveis, percebem diferenças menores, compatíveis com os argumentos de que nenhuma intervenção é necessária.

Kteily observa que os experimentos foram nos EUA, uma sociedade com normas igualitárias, e que os resultados podem ser diferentes em outros lugares.

Na Índia, por exemplo, onde o sistema hierárquico de castas é mais amplamente aceito, as pessoas geralmente podem ser mais tolerantes com a desigualdade, enfraquecendo a motivação dos anti-igualitários para perceber lacunas de poder menores.

E, apesar de os participantes on-line abrangerem uma gama bastante ampla de orientações políticas, níveis de ODS e classes sociais, eles provavelmente não incluem pessoas nos extremos do espectro econômico.

Lentes coloridas

O que pode ser feito a respeito desse problema? Kteily sugere dar um passo atrás e reconhecer seus próprios preconceitos.

"Estar consciente do fato de que poderíamos estar vendo as coisas por lentes coloridas pode ser útil", diz ele. Por exemplo, se você estiver fervorosamente promovendo ou rejeitando uma medida relacionada à igualdade e ficando frustrado com os seus adversários, reconheça que nenhum de vocês pode estar totalmente correto. "Isto traz um pouco de humildade em relação à sua perspectiva", diz ele.

Não significa que as pessoas devam descartar completamente as suas próprias percepções. "Eu não quero que minha mensagem seja 'Você está imaginando coisas", diz Kteily.

"Pode muito bem haver um problema. Mas é possível que você também esteja percebendo que seja um pouco mais extremo do que realmente é, e que a recíproca provavelmente é verdadeira para o seu homólogo".

Texto publicado com a permissão da Northwestern University (em representação da Kellog School of Management). Publicado originalmente no Kellogg Insight.

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Imagine uma empresa que se esforça para garantir uma representação adequada de gêneros entre seus funcionários. Os gerentes devem decidir como obter uma proporção equilibrada de homens e mulheres. Sem dúvida haverá divergências sobre os fatores que impulsionam a disparidade e como lidar com eles.

No entanto, uma nova pesquisa da Kellogg School sugere que um problema subjacente mais sutil pode fazer com que essas questões delicadas fiquem ainda mais difíceis de sanar: as pessoas que apoiam o igualitarismo tendem a ver mais desigualdade, enquanto as que preferem sistemas hierárquicos a percebem menos.

Em outras palavras, estes dois grupos não só provavelmente entrariam em conflito sobre as causas e soluções, mas também não conseguiriam chegar a um acordo sobre a gravidade do problema, que, neste caso, seria o verdadeiro tamanho da distorção da proporção de gêneros da organização.

Estas diferenças provavelmente agravam os conflitos para sanar problemas relacionados à igualdade, diz Nour Kteily, professor assistente de gestão e organizações na Kellogg School of Management .

"Já há variação nas crenças das pessoas sobre a conveniência da hierarquia" e suas explicações sobre o porquê da desigualdade, ele observa. "O problema é ainda pior se as pessoas se baseiam em referências diferentes sobre quanta desigualdade realmente existe".

A pesquisa de Kteily descobriu que esse padrão se mantém em vários contextos sociais, tais como a desigualdade de gênero, raça e classe, e até mesmo quando os participantes receberam exemplos de conflitos entre grupos fictícios ou imagens abstratas que simplesmente evocavam a distribuição desigual de poder e recursos.

Como as percepções distorcidas foram observadas entre igualitários e anti-igualitários, a culpa não é apenas de um dos pontos de vista. "Há preconceito em todo o espectro", diz ele. "Isso é algo que todos precisam levar em consideração".

A lacuna do poder

Os pesquisadores examinaram previamente como as pessoas racionalizam a desigualdade social. Estes estudos sugerem, por exemplo, que as pessoas que preferem hierarquias sociais também tendem a apoiar ideologias que reforçam a legitimidade da posição do grupo mais poderoso.

Considere as justificativas construídas sobre o racismo, nacionalismo, ou mesmo o carma, que atribui o destino de alguém na vida às suas ações anteriores.

No entanto, pouco tem sido feito para explorar se as crenças das pessoas quanto à hierarquia afetam o quanto de desigualdade que elas percebem inicialmente.

Kteily e seus colaboradores, Jennifer Sheehy-Skeffington, da London School of Economics, e Arnold Ho, da Universidade de Michigan, realizaram diversos estudos para investigar isso.

Para cada experimento, a equipe recrutou pessoas on-line e fez perguntas para avaliar a sua "orientação quanto à dominância social" (ODS), uma medida do quanto favorecem a hierarquia social.

Uma pessoa com alta ODS concordaria que é aceitável alguns grupos dominarem outros e rejeitaria a ideia de que cada grupo deva ter igualdade de oportunidades; uma pessoa com baixa ODS acreditaria no contrário.

No primeiro estudo com 649 participantes, após avaliar os níveis de ODS, os pesquisadores pediram a cada pessoa para avaliar, em uma escala de 1 a 7, quanto poder possuíam vários grupos da sociedade: brancos americanos, negros americanos, homens, mulheres e pessoas nascidas em famílias ricas, de classe média ou pobres.

A equipe então calculou as lacunas entre os grupos para determinar, por exemplo, as percepções dos participantes quanto à disparidade de poder entre homens e mulheres.

A equipe descobriu que os igualitários tendem a relatar maiores discrepâncias de poder. Os participantes classificados no quartil mais baixo de ODS, isto é, aqueles mais igualitários, estimaram que os grupos dominantes, por exemplo, homens, americanos brancos e ricos, eram em média 2,67 pontos mais poderosos do que os grupos mais fracos, por exemplo, mulheres, americanos negros e pobres.

Enquanto isso, as pessoas classificadas no quartil mais alto de ODS relataram uma lacuna média de poder de apenas 1,05 pontos.

Mundo real contra o mundo fictício

No entanto, o estudo levantou uma questão: este padrão ocorria simplesmente por que os igualitários foram expostos a mais desigualdade, enquanto as pessoas que acreditam em hierarquia não viram muitos exemplos disso em suas vidas diárias?

Uma pessoa com baixa ODS poderia trabalhar como assistente social que frequentemente vê injustiças sofridas pelas minorias. Por outro lado, um indivíduo com alta ODS poderia ser um executivo que frequentemente não encontra essas situações.

Se esse fosse o caso, os igualitários e anti-igualitários na verdade não estariam percebendo níveis diferentes de desigualdade na mesma situação. Estariam apenas relatando a desigualdade que observaram em seus respectivos ambientes.

Nesse cenário, "ninguém está processando as informações de maneira diferente", diz Kteily. "Estão apenas processando informações diferentes".

Para distinguir entre as duas possibilidades, a equipe de Kteily pediu a 153 participantes para lerem um cenário fictício sobre uma situação de desequilíbrio de poder.

Nesta história, dois grupos em um país fictício chamado Raga lutam por um território, e finalmente um grupo domina. Tal como no primeiro estudo, os participantes classificaram a quantidade de poder que cada grupo possuía.

Os resultados foram os mesmos: as pessoas com tendências igualitárias viram uma lacuna de poder maior do que as pessoas que preferiam sociedades hierárquicas.

Em outras palavras, os participantes relataram percepções diferentes sobre a mesma informação fictícia.

Você vê o que eu vejo?

Kteily suspeita que esta discrepância surge porque os dois grupos se concentram em detalhes diferentes. Por exemplo, um igualitário pode prestar mais atenção à forma como o grupo dominante em Raga tirou os recursos do grupo mais fraco.

Enquanto isso, um anti-igualitário pode enfatizar o potencial do grupo mais fraco de revidar.

Os pesquisadores encontraram resultados semelhantes mesmo depois de mostrar aos participantes apenas imagens abstratas representando sociedades e organizações fictícias.

Num estudo, as imagens eram posicionadas como se estivessem em escadas com diferentes quantidades de sacos de dinheiro ao lado dos degraus.

Em outra, as imagens eram pirâmides em camadas com diferentes quantidades de figuras adesivas em cada nível. Para cada imagem, os participantes classificaram o quanto eles concordavam com afirmações como "A distribuição de dinheiro nesta sociedade é muito desigual" ou "Não há grande diferença na distribuição de poder da base até o topo desta organização". Mais uma vez, os igualitários relataram maiores discrepâncias de poder do que os anti-igualitários.

Para reduzir a possibilidade de as pessoas estarem deliberadamente declarando incorretamente as percepções, os pesquisadores ofereceram um bônus de US$12 aos participantes que classificassem as lacunas de poder com mais precisão. "Isso não causou absolutamente nenhuma diferença", diz Kteily.

Memórias distorcidas

Coletivamente, os estudos sugerem que as pessoas de fato perceberam a mesma informação de forma diferente. Mas de quem é a culpa? Estaria um grupo vendo a quantidade "correta" de desigualdade, enquanto o outro lado estaria superestimando ou subestimando? Ou os dois grupos seriam tendenciosos?

No final do estudo, a equipe de Kteily explorou esta questão, aplicando um teste de memória aos 539 participantes. Em primeiro lugar, foram mostradas aos participantes imagens de pirâmides organizacionais com diferentes graus de hierarquia; por exemplo, algumas das pirâmides tinham mais camadas do que outras, e algumas tinham estruturas organizacionais mais planas.

Em seguida, os pesquisadores pediram a cada pessoa para recordar quais imagens já tinham sido mostradas. Em seguida, foram apresentados conjuntos de imagens aos participantes.

Cada conjunto continha uma imagem que a pessoa já tinha visto e quatro versões semelhantes, duas que eram mais igualitárias e duas que eram mais hierárquicas.

Pessoas que preferiam sistemas hierárquicos tenderam a se lembrar de terem visto menos desigualdade do que realmente tinham visto. Da mesma forma, embora a ligação seja mais fraca, os igualitários tenderam a superestimar a quantidade de hierarquia que tinham visto anteriormente. Isso sugere que as motivações das pessoas colorem a sua percepção do mundo, diz Kteily.

Os igualitários, que querem chamar a atenção para a desigualdade, percebem grandes disparidades de acordo com a motivação para a ação.

Os anti-igualitários, que temem o surgimento de pressões para equalizar a sociedade se as lacunas de poder forem altamente visíveis, percebem diferenças menores, compatíveis com os argumentos de que nenhuma intervenção é necessária.

Kteily observa que os experimentos foram nos EUA, uma sociedade com normas igualitárias, e que os resultados podem ser diferentes em outros lugares.

Na Índia, por exemplo, onde o sistema hierárquico de castas é mais amplamente aceito, as pessoas geralmente podem ser mais tolerantes com a desigualdade, enfraquecendo a motivação dos anti-igualitários para perceber lacunas de poder menores.

E, apesar de os participantes on-line abrangerem uma gama bastante ampla de orientações políticas, níveis de ODS e classes sociais, eles provavelmente não incluem pessoas nos extremos do espectro econômico.

Lentes coloridas

O que pode ser feito a respeito desse problema? Kteily sugere dar um passo atrás e reconhecer seus próprios preconceitos.

"Estar consciente do fato de que poderíamos estar vendo as coisas por lentes coloridas pode ser útil", diz ele. Por exemplo, se você estiver fervorosamente promovendo ou rejeitando uma medida relacionada à igualdade e ficando frustrado com os seus adversários, reconheça que nenhum de vocês pode estar totalmente correto. "Isto traz um pouco de humildade em relação à sua perspectiva", diz ele.

Não significa que as pessoas devam descartar completamente as suas próprias percepções. "Eu não quero que minha mensagem seja 'Você está imaginando coisas", diz Kteily.

"Pode muito bem haver um problema. Mas é possível que você também esteja percebendo que seja um pouco mais extremo do que realmente é, e que a recíproca provavelmente é verdadeira para o seu homólogo".

Texto publicado com a permissão da Northwestern University (em representação da Kellog School of Management). Publicado originalmente no Kellogg Insight.

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