Políticas climáticas podem elevar PIB global em US$2,6 tri por ano
Se o financiamento e o investimento em tecnologia aumentarem, o PIB global poderá crescer 2,6 trilhões de dólares adicionais
Da Redação
Publicado em 24 de junho de 2014 às 05h48.
A produção econômica global poderá aumentar em até 2,6 trilhões de dólares adicionais por ano, ou 2,2 por cento, até 2030 se as políticas governamentais melhorarem a eficiência energética, a gestão de resíduos e o transporte público, de acordo com um relatório do Banco Mundial divulgado nesta terça-feira.
O relatório, produzido com o grupo filantrópico Fundação ClimateWorks, analisou os benefícios de políticas ambiciosas para reduzir as emissões provenientes dos transportes, da indústria e da construção, bem como resíduos e combustíveis em Brasil, China, Índia, México, Estados Unidos e União Europeia.
O documento concluiu que uma mudança para um sistema de transporte de baixa emissão de carbono e a melhoria da eficiência energética em fábricas, edifícios e aparelhos poderiam aumentar o crescimento global do Produto Interno Bruto (PIB) em 1,8 trilhão de dólares adicionais, ou 1,5 por cento, por ano até 2030.
Se o financiamento e o investimento em tecnologia aumentarem, o PIB global poderá crescer 2,6 trilhões de dólares adicionais, ou 2,2 por cento, por ano até 2030, disse o Banco Mundial.
Políticas climáticas também poderão evitar pelo menos 94 mil mortes prematuras por ano provocadas por doenças relacionadas à poluição até 2030, melhorar a produtividade das lavouras e evitar a emissão de 8,5 bilhões de toneladas métricas de gases do efeito estufa, o mesmo que tirar cerca de 2 bilhões de carros das ruas.
Por exemplo, se a China implantar 70 milhões de fogões de baixa emissão de carbono, a ação poderia evitar cerca de 1 milhão de mortes prematuras devido à poluição e gerar quase 11 bilhões de dólares em benefícios econômicos, segundo o relatório.
"Essas intervenções deveriam parecer óbvias para os governos de todo o mundo", disse o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, a repórteres em uma teleconferência. "O relatório remove outra barreira falsa, outro falso argumento para não tomar medidas contra a mudança climática", acrescentou.
Em março, um relatório elaborado por um painel de cientistas da ONU projetou que os efeitos do aquecimento global poderiam reduzir a produção econômica global entre 0,2 e 2,0 por cento ao ano ao prejudicar a saúde humana, interromper o abastecimento de água e aumentar o nível do mar.
No entanto, muitos países acreditam que esse cenário é subestimado porque exclui os riscos de mudanças catastróficas, como o derretimento do gelo da Groenlândia e o colapso dos recifes de coral que podem causar perdas econômicas generalizadas.
Para acelerar as ações sobre as mudanças climáticas, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, convidou os chefes de Estado, governos, empresas e sociedade civil para uma cúpula do clima em 23 de setembro, em Nova York.
O encontro tem como objetivo fomentar o progresso no sentido de obter um acordo até o fim de 2015 que obrigue todos os países a reduzir as emissões de gases do efeito estufa.
O avanço das negociações é lento. Uma cúpula preliminar da ONU em Bonn, na Alemanha, no início do mês, só conseguiu dar passos hesitantes em direção a um acordo.