Tecnologia

Os planos de Mark Zuckerberg para o Facebook

Ao integrar aplicativos de vídeo, música, notícias e jogos ao Facebook, Zuckerberg procura criar uma nova internet dentro da internet

Mark Zuckerberg anuncia as novidades do Facebook durante  o evento f8, em São Francisco (Divulgação)

Mark Zuckerberg anuncia as novidades do Facebook durante o evento f8, em São Francisco (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 3 de outubro de 2011 às 11h29.

São Paulo — Se fossem reunidos em uma só pátria, os 800 milhões de usuários do Facebook formariam o terceiro mais populoso país do planeta. Nessa nação, as regras são determinadas por Mark Zuckerberg, de apenas 27 anos, criador e CEO da maior rede social do planeta. Há poucos dias, ele veio a público para anunciar mudanças que vão tocar a vida de todas as pessoas que utilizam o site – o que inclui 28 milhões brasileiros, entusiastas de redes.

Para Zuckerberg e seu time, que comandam a rede a partir de Palo Alto, na Califórnia, as mudanças representam a tentativa de atingir um objetivo audacioso: transformar o Facebook em uma espécie de internet dentro da internet, um ambiente onde usuários podem realizar quase todas as suas atividades. É algo sem precedentes, como mostra reportagem de VEJA desta semana.

Do lado do usuário, o plano do Facebook permitirá assistir a filmes, ouvir músicas e ler notícias provenientes de serviços como Netflix e Spotify, que oferecem conteúdos por demanda. Além disso, haverá espaço ilimitado para que cada usuário construa, em uma Linha do Tempo, uma biografia virtual. Entender as mudanças é algo fundamental para a vida on-line – e também off-line – dos cadastrados.

Confira, a seguir, nove histórias de pessoas que estão dando à redes novos significados. Há gente utilizando o serviço com fins educativos, religiosos, comerciais, sociais, profissionais e também para mobilização social ou caridade. Grandes companhias e famosos também estão lá.

1 Música  O ídolo curtiu

Em julho, o publicitário Rafael Ziggy, de 26 anos, decidiu lançar no Facebook uma campanha para trazer ao Brasil a banda americana Foo Fighters, que há dez anos não se apresenta no país. A estratégia: reunir em uma página da rede fãs dispostos a desembolsar 50 reais para o cachê dos músicos. Cerca de 75.000 pessoas aderiram ao financiamento coletivo, ou crowdfunding, o que daria 3,75 milhões de reais. Mas ninguém teve que desembolsar nada - ainda. Em contato com empresários da banda, Ziggy soube que a repercussão da campanha alcançou Dave Grohl e companhia e os convenceu a negociar um show no Brasil em abril de 2012. As negociações avançaram: o show está 99% garantido.


2 Educação  Teatro sem drama

No início do ano, Barbara Araujo, professora de teatro da escola bilíngue Stance Dual, em São Paulo, propôs aos alunos do nono ano a criação coletiva de uma peça teatral. Na primeira semana, ninguém acessou a pasta do projeto no Google Docs, ferramenta para o compartilhamento de documentos. Foi quando um aluno sugeriu o uso do Facebook. Barbara criou um perfil exclusivo para as atividades escolares, e a classe formou uma comunidade dentro da rede social. A extensão do curso na internet ampliou as discussões travadas em classe e entusiasmou os alunos. "No início, compartilhávamos apenas ideias em pequenos posts. Com o tempo, passamos a criar documentos coletivos", diz. De quebra, o projeto ajudou a criar um vínculo mais sólido entre professora e alunos.

3 Cidadania  A voz rouca das redes

Em agosto, o designer Chester Martins, de 41 anos, resolveu compartilhar no Facebook sua indignação com a série de escândalos de corrupção que já derrubou quatro ministros do governo Dilma Rousseff. Com ajuda de quatro amigos, criou a página 'Todos juntos contra a corrupção', em que os usuários da rede eram convidados a participar de um protesto nas ruas do Rio de Janeiro. Mais de 30.000 pessoas demonstraram seu apoio on-line à marcha – e 10% deles compareceram de fato à Cinelândia, no último dia 20. A iniciativa estimulou outras pessoas a organizar mais protestos de repúdio à impunidade em diversas cidades, como São Paulo, Brasília, Porto Alegre e Belo Horizonte. O próximo ato está marcado para 12 de outubro, no Rio.

4 Animais  Socorro compartilhado

O Clube dos Vira-Latas, que se dedica a encontrar lares para cães abandonados, ingressou no Facebook em abril de 2010. Desde então, saltou de 10 para 30 o número médio mensal de adoções mediadas pela ONG, que tem sede em São Paulo. "A rede social foi um divisor de águas na nossa história", diz Marina Antzuk, uma das administradoras. O número de pessoas interessadas em contribuir também cresceu e o salto na arrecadação permitiu à ONG reformar canis e aparelhar um centro cirúrgico. A página da entidade no Facebook conta com 261.000 fãs que ajudam a divulgar informações sobre cerca de 500 animais. "Quando surgiu a ideia do Facebook, pensei que seria uma perda de tempo", conta Marina. Isso porque o Clube já havia testado o Orkut e o Twitter. "Estava enganada."

5 Empreendedorismo – Só a loja virtual

Que tal abrir uma loja on-line sem gastar nada? Foi nisso que a empresa brasileira LikeStore decidiu apostar em agosto. A plataforma permite que qualquer pessoa abra um ponto de venda on-line no Facebook e teste seu desempenho no chamado 'social commerce', subgênero do comércio eletrônico em que o comprador é guiado por indicações on-line dos amigos. Quase 2.000 lojas já foram criadas com ajuda da ferramenta. Gabriel Borges, um dos fundadores da empresa, explica que o serviço não cobra mensalidade, mas participação nas vendas: 2% do valor negociado. Uma das grandes vantagens do LikeStore é que o processo de compra é feito inteiramente pelo Facebook. É sabido que o índice de confirmações de compras cai drasticamente quando o usuário é direcionado de um site a outro para concretizar o negócio. Borges espera que a LikeStore seja responsável por 150 mil vendas até agosto de 2012, com o valor médio de 120 reais.


6 Trabalho – Emprego novo (e aumento)

Em janeiro, o americano Shawn Brinson, de 36 anos, foi demitido da empresa onde trabalhava havia quase nove anos. Pai de um bebê de cinco meses, Brinson correu se cadastrar em diversos serviços pagos de anúncios de vagas, mas foi por meio de um aplicativo gratuito do Facebook que acabou arranjando um novo emprego: desde junho é o representante de vendas de uma grande empresa da área de saúde, que atua na Flórida. E com salário 45% maior. Brinson fez uso do BranchOut, um serviço de recrutamento social que permite ao usuário não só candidatar-se a uma vaga como também saber se alguém da sua lista de contatos no Facebook trabalha na mesma companhia. Foi o que salvou Brinson: as pessoas que ele conhecia na rede o colocaram em contato direto com os recrutadores da empresa. "Até então, eu não estava conseguindo falar com as pessoas que tomam decisões", diz ele.

7 Religião  Fé na rede

Com mais de 8 milhões de fãs, a página Jesus Daily, criada pelo médico Aaron Tabor, é a mais popular de um filão crescente: o das religiões no Facebook. Em um único dia, cinco ou seis postagens rendem 21.800 comentários de usuários e 553.300 "curtidas". Por semana, são mais de 4 milhões de interações, o que faz desta comunidade a mais engajada de todo o Facebook, segundo levantamento do blog especializado AllFacebook.com. A página ganhou uma versão brasileira, batizada de Jesus Diário e lançada em março deste ano pelos amigos João Pedro Salata e Augusto Men. "A ideia inicial era apenas traduzir o conteúdo postado pelo site americano. Com o tempo, criamos a nossa própria identidade", conta João Paulo. A exemplo da página americana, a Jesus Diário é abastecida com citações da Bíblia, provérbios e passagens da vida de Jesus Cristo. Mas, com apenas 6.300 fãs, ainda está longe do sucesso da versão original.

8 Celebridades  "É a refeição completa"

Nos próximos dias, Luciano Huck completa um ano de atividade no Facebook. Uma das celebridades brasileiras mais atuantes na rede, o apresentador da Rede Globo diz que sua página no Facebook - com quase dois milhões de fãs - se tornou ao longo destes 12 meses um valioso instrumento de pesquisa para a produção de seu programa semanal, o Caldeirão do Huck. "Uma mensagem postada por uma brasileira na minha página permitiu que a gente conhecesse a sua história e promovesse, na França, um reencontro de seu filho, um bebê de onze meses, com o pai, que havia conhecido a mãe em um cruzeiro e nunca havia visto a criança", conta. Para Huck, há uma grande diferença entre o Facebook e as demais plataformas sociais da web. "O Twitter é o aperitivo. O Facebook é a refeição completa", compara. "No Facebook, a troca de discussões é mais intensa - e não há limitação de caracteres."

9 Marketing  Folia estratégica

Em agosto, o Guaraná Antarctica tornou-se a primeira marca do país a alcançar um milhão de fãs no Facebook. O feito, ocorrido apenas em dez meses, foi obtido graças a uma estratégia específica para a rede social: ações publicitárias e criação de recursos que atendam exclusivamente ao Facebook. "No Carnaval, apresentamos um vídeo ao vivo e do show de Claudia Leitte em Salvador", diz Sérgio Esteves, gerente de marketing de refrigerantes da Ambev. Para estreitar laços - e angariar mais fãs - Esteves conta que há oito profissionais destacados para dialogar em quatro plataformas sociais populares. "Só que no Facebook, temos uma conversa mais consistente", diz.

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