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Organizações terroristas usam bitcoin para fundos de campanha

O grupo militante palestino Hamas desenvolveu um website para arrecadar criptomoedas por doações

Criptomoedas: Hamas está utilizando doações de criptomoedas para fins ilegais (Benoit Tessier/Illustration/Reuters)
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Maria Eduarda Cury

Publicado em 19 de agosto de 2019 às 15h25.

São Paulo - Com a crescente popularização da moeda virtual bitcoin , a possibilidade de ser utilizada para fins ilegais passou a ser levantada recentemente. Segundo o jornal americano The New York Times , a divisão militar armada do grupo pró-palestina Hamas, conhecida como Brigadas Izz ad-Din al-Qassam, desenvolveu uma campanha sofisticada para arrecadar dinheiro por meio da famosa moeda digital – conhecida por ser irrastreável.

Para conseguir arrecadar dinheiro digital, as Brigadas Qassam desenvolveram um site disponível em sete línguas - inglês, turco, malaio, francês, russo e indonésio - que possui um vídeo de apresentação para que o usuário saiba como doar bitcoin. Cada visitante do site recebe um endereço virtual de depósito único e não reutilizável, dificultando ainda mais o rastreamento da transação pela lei. Veja abaixo uma representação da página inicial do website:

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-(EXAME/Fund al-Qassam/Reprodução)

Ataques terroristas necessitam de um fundo para suas campanhas e ataques. Pelo que informam as autoridades, o dinheiro arrecadado é direcionado, principalmente, para compras de drogas ilícitas e lavagem de dinheiro. Yaya Fanusie, ex-analista daAgência Central de Inteligência dos Estados Unidos , disse ao NYT que esse mercado tende a crescer cada vez mais. "Isso [a moeda digital] vai começar a fazer das opções de financiamento do terrorismo, e isso é algo que as pessoas devem prestar atenção."

Após um homem ter sido preso acusado de doar 100 dólares para um membro da ala militar do Hamas, o grupo aprimorou sua tecnologia. Em vez de manterem uma carteira virtual que pode ser acessada por demais usuários da criptomoeda, o movimento pró-palestina resolveu criar sua própria carteira privada, que faz com que as transações estejam visíveis apenas para eles mesmos.

O mercado das criptomoedas ainda é novo para os economistas tradicionais, mas é um ambiente atraente para os que costumam trabalhar fora da lei pela facilidade de realizar transações sem a presença de uma autoridade verificadora, e sem a necessidade de uma identificação por parte do doador. Segundo o jornal, o mercado de drogas ilegais por meio da criptomoeda Bitcoin está arrecadando cerca de 1 bilhão de dólares por ano. Também é uma maneira de países movimentarem a sua economia sem as sanções realizadas pelos Estados Unidos - como acontece com a Rússia e o Irã.

Uma saída para esse mercado ilegalé estabelecer uma relação com bancos ou governos para garantir um controle maior do que acontece com a autorregulação realizada pela Bitcoin., como fez o Facebook que criou a criptomoeda Libra, A rede social firmou uma parceria com 27 empresas, incluindo a bandeira Visa, para garantir a legalidade das transações - que atuarão conforme a legalidade específica de cada país.

O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, que administra tudo relacionado ao dinheiro público do país. está promovendo a ideia de estabelecerem leis internacionais que exijam que todas as organizações que realizam transações de moedas digitais peçam uma identificação completa do doador. No Brasil , corretoras já estão propondo uma legalização de moedas digitais, apesar de serem criptografadas por si mesmas.
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