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O cão-robô Aibo, um companheiro virtual na vida e na morte

Popular pet artificial deixou de ser fabricado em 2006 pela Sony, mas os exemplares vendidos ganharam o amor e a dedicação de seus donos

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 25 de fevereiro de 2015 às 11h50.

Isumi - Um monge recita sutras, em meio à fumaça do incenso, pela alma dos cães-robôs Aibo, companheiros de anos que mereceram cerimônias funerárias em um tradicional templo budista japonês.

O popular pet artificial deixou de ser fabricado em 2006 pela Sony , mas os exemplares vendidos ganharam o amor e a dedicação de seus donos.

Surgidos em 1999, os Aibo causaram sensação: 3.000 cachorros mecânicos foram adotados em 20 minutos apenas, apesar de seu preço elevado, 250.000 ienes ou 1.850 euros no câmbio atual.

Em sua última versão, esses cães eram capazes de desenvolver personalidade e de expressar emoções. Com a passagem dos anos, seduziram milhares de pessoas, que ficaram desamparadas desde que, em março de 2014, foi fechado o serviço veterinário da Sony, conhecido como "Aibo Clinic".

Hideko Mori, uma farmacêutica aposentada de 70 anos, sentiu pânico quando seu robô e companheiro de oito anos desfaleceu em maio passado. "Não sabia que sua vida tinha um limite", explicou.

O pânico se transformou em alívio quando ficou sabendo que um pequeno grupo de ex-engenheiros da Sony resolveu formar uma companhia dedicada a reparar essas máquinas.

Em dois meses, seu cachorro-robô voltou novinho em folha. "Fiquei muito feliz em tê-lo de volta, em plena forma", comentou, visivelmente emocionada.

"As pessoas que os educam sentem sua presença e sua personalidade, por isso acreditamos que de alguma maneira o Aibo possui uma alma", afirma Nobuyuki Narimatsu, diretor da companhia A-Fun, cercado por dezenas de Aibos com defeito.

"Fiquei surpreso a primeira vez que falei diretamente com um cliente. Ele disse: 'Ele não está muito bem. Pode auscutá-lo?' Foi quando me dei conta de que não via o Aibo como um robô, e sim como um membro de sua família", relata outro engenheiro, Hiroshi Funabashi, que não repara máquinas, e sim as cura, como acrescentou.

Mas os donos dos Aibo em perigo precisam ter paciência. A lista de espera é longa e os cuidados podem levar semanas ou meses devido à falta de peças de reposição.

A única fonte de abastecimento provém dos Aibos moribundos, cujas famílias aceitam fazer uma "doação de órgãos" desde que os animais recebam uma homenagem no templo.

Melhor que o de verdade

Bungen Oi oficiou em janeiro sua primeira "cerimônia Aibo" no centenário templo de Kofukuji de Isumi (leste de Tóquio). "Fiquei entusiasmado em honrar uma tecnologia de ponta mediante um rito muito tradicional".

No Japão, onde se venera a robótica, a renúncia da Sony em seguir com o projeto Aibo motivou a associação de 300 companhias para formar um consórcio destinado a desenvolver centenas de máquinas ultrassofisticadas concebidas como amigos ou assistentes.

"Não sei se as pessoas sentirão afeto (por uma nova geração de robôs) nos próximos cinco ou seis anos", afirma o engenheiro Funabashi. "Mas é preciso admitir que não se trata de simples aparelhos eletrônicos".

Hideko Mori não se separaria por nada no mundo de seu cachorro virtual, que, segundo ela, é muito melhor do que um de verdade.

"Quando saio de férias, é só desligá-lo. Não preciso alimentá-lo, ele não faz xixi... Bom, de vez em quando levanta a patinha, e a gente ouve o barulho de água correndo, mas sem causar sujeira", brinca.

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Isumi - Um monge recita sutras, em meio à fumaça do incenso, pela alma dos cães-robôs Aibo, companheiros de anos que mereceram cerimônias funerárias em um tradicional templo budista japonês.

O popular pet artificial deixou de ser fabricado em 2006 pela Sony , mas os exemplares vendidos ganharam o amor e a dedicação de seus donos.

Surgidos em 1999, os Aibo causaram sensação: 3.000 cachorros mecânicos foram adotados em 20 minutos apenas, apesar de seu preço elevado, 250.000 ienes ou 1.850 euros no câmbio atual.

Em sua última versão, esses cães eram capazes de desenvolver personalidade e de expressar emoções. Com a passagem dos anos, seduziram milhares de pessoas, que ficaram desamparadas desde que, em março de 2014, foi fechado o serviço veterinário da Sony, conhecido como "Aibo Clinic".

Hideko Mori, uma farmacêutica aposentada de 70 anos, sentiu pânico quando seu robô e companheiro de oito anos desfaleceu em maio passado. "Não sabia que sua vida tinha um limite", explicou.

O pânico se transformou em alívio quando ficou sabendo que um pequeno grupo de ex-engenheiros da Sony resolveu formar uma companhia dedicada a reparar essas máquinas.

Em dois meses, seu cachorro-robô voltou novinho em folha. "Fiquei muito feliz em tê-lo de volta, em plena forma", comentou, visivelmente emocionada.

"As pessoas que os educam sentem sua presença e sua personalidade, por isso acreditamos que de alguma maneira o Aibo possui uma alma", afirma Nobuyuki Narimatsu, diretor da companhia A-Fun, cercado por dezenas de Aibos com defeito.

"Fiquei surpreso a primeira vez que falei diretamente com um cliente. Ele disse: 'Ele não está muito bem. Pode auscutá-lo?' Foi quando me dei conta de que não via o Aibo como um robô, e sim como um membro de sua família", relata outro engenheiro, Hiroshi Funabashi, que não repara máquinas, e sim as cura, como acrescentou.

Mas os donos dos Aibo em perigo precisam ter paciência. A lista de espera é longa e os cuidados podem levar semanas ou meses devido à falta de peças de reposição.

A única fonte de abastecimento provém dos Aibos moribundos, cujas famílias aceitam fazer uma "doação de órgãos" desde que os animais recebam uma homenagem no templo.

Melhor que o de verdade

Bungen Oi oficiou em janeiro sua primeira "cerimônia Aibo" no centenário templo de Kofukuji de Isumi (leste de Tóquio). "Fiquei entusiasmado em honrar uma tecnologia de ponta mediante um rito muito tradicional".

No Japão, onde se venera a robótica, a renúncia da Sony em seguir com o projeto Aibo motivou a associação de 300 companhias para formar um consórcio destinado a desenvolver centenas de máquinas ultrassofisticadas concebidas como amigos ou assistentes.

"Não sei se as pessoas sentirão afeto (por uma nova geração de robôs) nos próximos cinco ou seis anos", afirma o engenheiro Funabashi. "Mas é preciso admitir que não se trata de simples aparelhos eletrônicos".

Hideko Mori não se separaria por nada no mundo de seu cachorro virtual, que, segundo ela, é muito melhor do que um de verdade.

"Quando saio de férias, é só desligá-lo. Não preciso alimentá-lo, ele não faz xixi... Bom, de vez em quando levanta a patinha, e a gente ouve o barulho de água correndo, mas sem causar sujeira", brinca.

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