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Apple patenteia sistema que analisa saldo bancário do usuário para oferecer anúncios

Caso seja desenvolvido, o produto iria contra todas as afirmações do CEO Tim Cook sobre uso de dados pessoais para venda de anúncios

Tim Cook (Getty Images)

Tim Cook (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 16 de julho de 2015 às 13h17.

Apesar de o CEO da Apple, Tim Cook, sempre reforçar que a empresa não tem interesse em ganhar dinheiro utilizando os dados dos usuários, parece que agora ele tem condições de fazer isso case mude de ideia. A companhia registrou uma nova patente nesta quinta-feira (16) sobre um sistema de e-commerce que seria capaz de entregar anúncios de produtos baseados no que o consumidor realmente pode comprar.

Basicamente, o sistema rastrearia o status dos cartões de crédito e débito do usuário e checaria o quanto ele tem de saldo. Depois, ele enviaria sugestões de produtos com valores dentro do orçamento do consumidor. "Uma vantagem de anúncios segmentados é que apenas produtos que podem ser bancados pelos usuários chegarão a eles", diz a patente.

O registro propõe que as mercadorias deveriam ser anunciadas somente se tiverem um valor de até 90% do saldo da pessoa, deixando outros 10% no cartão. A patente ainda fala de um serviço de cobrança e pagamento para quem responde a estes anúncios, além de métodos de entrega digitalmente ou fisicamente para quem compra o produto mostrado.

Apesar de a ideia ser inovadora em relação a métodos convencionais (pois hoje as companhias anunciam o que elas querem que os consumidores comprem e não o que eles realmente têm dinheiro para pagar), a Apple não parece querer produzir esse sistema tão cedo, já que ela tem se posicionado repetidas vezes contra o uso de dados de seus clientes para a publicidade.

Durante uma entrevista ao canal norte-americano PBS em setembro do ano passado com o apresentador Charlie Rose, Tim Cook disse se ofender com companhias que vendem dados pessoais de usuários para anunciantes. "Nosso negócio não é baseado em ter informações de pessoas. Elas não são nosso produto. Se as empresas estão fazendo dinheiro coletando dados de usuários, eu acho que qualquer um tem o direito de ficar preocupado", disse ele.

Ainda em fevereiro deste ano em um evento sobre cibersegurança na Universidade de Stanford, Cook afirmou que os dados de compra de seus usuários do Apple Pay nunca são armazenados. "Para cada pagamento nós criamos um código único que somente funciona naquela compra e naquele aparelho. Nós não armazenamos as transações [...] Nós não sabemos o número de cartão do usuário, o que ele comprou e nem quanto pagou. E nem queremos saber", disse o CEO.

Outro indício de que esse tipo de abordagem é reprovado pela empresa da maçã é uma afirmação feita no mês passado por Tim Cook durante um jantar promovido pela Electronic Privacy Information Center em Washington D.C., na qual ele diz que as empresas mais bem sucedidas e proeminentes construíram seus negócios "embalando usuários com seus dados pessoais". "Eles estão devorando tudo o que podem sobre você para monetizar isso. Achamos que isso é errado. Não é o tipo de empresa que a Apple quer ser", disse.

Contudo, as últimas propostas registradas pela companhia parecem mostrar o contrário. Além do sistema de marketing, a Apple recentemente registrou outra patente sobre um método de gerenciamento de publicidade viral capaz de monitorar anúncios e conteúdos de mídia conforme eles são compartilhados nas redes sociais e mensagens de e-mails. O serviço armazenaria dados de usuários, como nome, endereço e idade, em um banco de dados. Isso, claro, não significa que a empresa vá de fato criar um produto para anúncio de virais.

Ainda não dá para saber quais as intenções da companhia com suas novas patentes. Mas, poder para colocá-las em prática é o que não falta: durante uma conferência trimestral de finanças, a companhia afirmou que detém maior coleção de números de cartões de crédito no mundo, com quase 1 bilhão de contas – mais que a rede de e-commerce da Amazon.

Fonte: Business Insider

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