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Nos pênaltis, goleiros incorrem na falácia do apostador

Quando o jogo é decidido nos pênaltis, os goleiros usam um padrão de defesa conhecido como "falácia do apostador", de acordo com um estudo


	Tim Krul defende pênalti de Bryan Ruiz no jogo entre Holanda e Costa Rica na Copa
 (Michael Dalder/Reuters)

Tim Krul defende pênalti de Bryan Ruiz no jogo entre Holanda e Costa Rica na Copa (Michael Dalder/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 1 de agosto de 2014 às 09h35.

Washington - Quando os jogos de futebol são decididos nos pênaltis, os goleiros incorrem em um padrão de defesa conhecido como "a falácia do apostador" e seus adversários bem que poderiam se aproveitar disso, segundo um estudo divulgado nesta quinta-feira pela revista "Current Biology".

Para a pesquisa, intitulada "Previsibilidade assimétrica e competência cognitiva nas disputas de pênaltis no futebol", os cientistas Erman Misirlisoy e Patrick Haggard, do Colégio Universitário de Londres, analisaram 361 pênaltis cobrados em 37 partidas da Copa do Mundo e da Eurocopa entre 1976 e 2012.

"Os esportes proporcionam demonstrações poderosas das estratégias cognitivas que fundamentam o comportamento competitivo", escreveram os pesquisadores do Instituto de Neurociência Cognitiva.

A disputa de pênaltis para definir as partidas que terminam empatadas no tempo regulamentar "envolvem a concorrência direta entre os jogadores de elite e atraem a atenção de milhões".

Por exemplo, o duelo de pênaltis entre Alemanha e Inglaterra na semifinal da Copa de 1990 atraiu uma audiência de quase 47% da população do Reino Unido.

Em um pênalti, o jogador de uma equipe faz uma cobrança direta para a meta a 11 passos de distância da linha do gol, o que faz com que a bola se aproxime do goleiro "rápido demais para que ele consiga reagir à direção de seu movimento".

"O goleiro deve adivinhar qual será a direção do chute e se lançar para esse lado com a esperança de conseguir fazer a defesa", diz o artigo.

Os pênaltis são pouco frequentes durante o decorrer de um jogo e a análise dos mesmos indica que tanto os cobradores como os goleiros utilizam uma estratégia mista e decidem ao acaso para qual lado vão chutar ou se lançar.

O estudo das cobranças de pênaltis levou os autores a concluir que os goleiros exibem nessa sequência rápida um padrão claro de comportamento em suas tentativas de conseguir a defesa.

Os investigadores registraram a direção para onde o jogador chutou a bola (esquerda, direita, centro) e a movimentação do goleiro.

"Os goleiros permaneceram no centro do gol pouquíssimas vezes (2,49%) e os chutes no meio também foram poucos (9,14%)", explica o artigo. "Os goleiros foram quase igualmente propensos a se lançar para o lado esquerdo ou direito, assim como os jogadores foram propensos a chutar para um ou outro lado em proporções muito similares", acrescentou.

A diferença foi registrada na direção para a qual os goleiros se lançaram durante uma disputa de pênaltis.

"Quando os cobradores chutaram a bola várias vezes na mesma direção, os goleiros se tornaram mais propensos a se lançar na direção oposta na cobrança seguinte", acrescentaram os investigadores.

Isso é o que os cientistas chamam de "falácia do apostador": no cassino, por exemplo, não é uma boa ideia colocar uma aposta grande em um número negro só porque houve várias rodadas de sorteio a favor dos vermelhos.

Aconteça o que o que tiver acontecido antes, os "vermelhos" e os "negros" - no caso dos pênaltis, a esquerda ou a direita - continuam tendo exatamente as mesmas probabilidades (50%) em cada nova cobrança.

Então, o que pode fazer um goleiro?

Misirlisoy sugere que os goleiros poderiam escolher uma sequência de defesas ao acaso, antes do duelo, e ater-se a ela aconteça o que acontecer. Enquanto os goleiros não fizerem isso, os jogadores poderão prever qual o lado mais provável que o goleiro vai tentar a defesa. 

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