Até março, a Nintendo vendeu 13,4 milhões de jogos do Wii U, menos da metade do que vendeu para o Wii no mesmo ponto após seu lançamento (Kevork Djansezian/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 26 de junho de 2013 às 15h10.
São Paulo - Na Electronic Entertainment Expo em Los Angeles neste mês, a Sony Corp. e a Microsoft Corp. ganharam as manchetes quando revelaram a nova geração de consoles que chegarão às lojas até o Natal. As notícias da Nintendo Co. na maior feira de jogos do mundo: seu quinto atraso de software desde outubro.
Isso é um problema porque jogos vendem consoles, e o novo Nintendo Wii U de US$ 300 - US$ 350 não tem exatamente voado das prateleiras.
Desde sua apresentação em novembro até o final de março, a Nintendo vendeu 3,45 milhões de Wii U. O que está muito abaixo da estimativa inicial da empresa de 5,5 milhões e cerca de 40 por cento atrás do Wii original no mesmo período após seu lançamento em 2006, de acordo com o Citigroup Inc.
Os responsáveis pelas vendas lentas podem ser, em parte, os smartphones e tablets, que agora muitos jogadores ocasionais usam em vez dos consoles.
Mas também se deve à falta de títulos famosos da empresa que criou sucessos como Super Mario, Zelda e Donkey Kong. Enquanto o site da Nintendo tem uma lista 108 jogos disponíveis para o Wii U nos EUA, existem 1.023 para o Wii. Até março, a Nintendo vendeu 13,4 milhões de jogos do Wii U, menos da metade do que vendeu para o Wii no mesmo ponto após seu lançamento, diz o Citigroup.
A apenas alguns meses para deixar de ser o mais novo console do mercado, a Nintendo está recorrendo a uma rede de 1,8 milhões de programadores para tentar recuperar sua linha de jogos.
A empresa fez uma aliança com a Unity Technologies, com sede em San Francisco, uma fabricante de softwares que permite que os criadores de jogos adaptem títulos para diferentes máquinas.
Promessa de Iwata
"À medida que o negócio digital se expandir haverá ainda mais oportunidades para fazer negócios com desenvolvedores de softwares pequenos ou independentes", disse o presidente da Nintendo, Satoru Iwata, em uma apresentação na feira E3.
Iwata comprometeu-se a manter exclusividade para consoles da Nintendo nunca licenciando jogos “carro-chefe” para smartphones, mas o negócio da Unity provavelmente fará muitos jogos baseados em telefones disponíveis para o Wii U.
"A mudança na postura cria a possibilidade de um título de grande sucesso", disse Tomoaki Kawasaki, analista da Iwai Cosmo Holdings Inc., em Tóquio. "Jogos casuais reproduzidos em dispositivos móveis estão ganhando importância e os fabricantes de jogos como a Nintendo não têm sido capazes de oferecer algo que possa competir com eles."
Quando Iwata apresentou o Wii U no ano passado, disse que o forte desenvolvimento de software seria fundamental para que o console fosse um sucesso e para evitar o mesmo erro do console portátil 3DS em 2011. Seis meses depois do lançamento do dispositivo, a Nintendo reduziu seu preço após vendas fracas devido à falta de títulos.
No primeiro ano fiscal completo após a apresentação do Wii U, o Citigroup espera que a Nintendo venda 6 milhões de consoles e 31,3 milhões de jogos para eles. Embora quase todos os títulos do Wii funcionem no Wii U, alguns clientes vão comprar o novo console só para jogar os jogos que já funcionam bem em seu antecessor.
"Achamos que a Nintendo terá dificuldade para fugir realmente da fraca demanda sem uma grande redução de preço", disse o analista do Citigroup Soichiro Fukuda.
A Nintendo diz que foi procurada por mais de 1.000 colaboradores desde que anunciou planos para distribuir o kit de desenvolvimento da Unity e seu próprio software para converter jogos baseados na Web para o Wii U.
A empresa diz que também está pensando em jogos grátis como os disponíveis para smartphones e tablets. O mercado dos dispositivos móveis "é muito difícil para a Nintendo", cuja receita provém quase inteiramente de jogos, em comparação com os menos de 20 por cento da Sony e da Microsoft, disse Masamitsu Ohki, gerente de fundos em Stats Investment Management Co., um hedge fund em Tóquio. "A Nintendo não pode falhar, porque não tem outra coisa para obter lucros."