Netos do criador de Adidas incentivam startups com aporte de R$ 100 mil
O programa leAD Sports Accelerator busca inovações tecnológicas no mundo esportivo
Maria Eduarda Cury
Publicado em 29 de maio de 2019 às 05h55.
Última atualização em 29 de maio de 2019 às 05h55.
São Paulo - Após a morte de Adolf "Adi" Dassler, fundador da Adidas e incentivador da inovação esportiva, seus netos decidiram continuar o legado do avô com a iniciativa leAD Sports. Inicialmente, a missão da empresa era encontrar novas estratégias de inovação dentro do ramo esportivo, o que incluía tanto melhorias para os atletas quanto para os fãs apaixonados pela marca.
Após a venda do negócio, em 1990, a leAD - que significa legado de Adi Dassler - se propôs a expandir os seus investimentos: além de promover e difundir a tecnologia para a área esportiva, a companhia passou a buscar novas ideias e inovações.
Com isso, surgiu o programa denominado leAD Sports Accelerator, que seleciona, anualmente, de 5 a 10 startups para investir e acelerar o crescimento delas em seus ramos de mercado. Atualmente, o programa procura empresas com foco em: engajamento de fãs; dispositivos eletrônicos que monitoram performance de atletas e geram dados de desempenho; e novos esportes e e-sports.
A diretora do programa, Nathalie Sonne, esteve no Brasil na última semana para encontrar startups brasileiras e realizar a primeira etapa do programa. Em entrevista a EXAME , Sonne afirmou que espera encontrar uma empresa de destaque no país. "No Brasil, o estudo de desempenho dos atletas era bem forte entre as startups, e o que foi surpreendentemente fraco foi o engajamento de fãs," disse Sonne, sobre o programa de 2018. Além disso, ela também afirma que o Brasil é o país que mais envia candidaturas sobre a área de jogos eletrônicos.
A primeira etapa, chamada "Fast Track to Selection Days", acontece em diversos lugares do mundo e serve para que a equipe da leAD se reúna com empreendedores do meio para discutir inovações e soluções tecnológicas. A segunda etapa, denominada "Selection Days", conta com os 20 melhores negócios - selecionados pela leAD - e dois dias de entrevistas com mentores, em Berlim. Após essa segunda fase, serão escolhidas de 5 a 10 startups para participar do programa acelerador que tem duração de três meses. No entanto, Sonne disse que esse número pode mudar - se eles receberem 11 grandes candidatos, escolherão 11 startups para realizar o programa.
Após os três meses que a startup fica em Berlim para o programa de aceleração, ela retorna ao país de origem para continuar a expandir seus negócios. Porém, a leAD mantém contato com as companhias por meio de uma rede interna, que os permite ter acesso a oportunidades de parceria e ideias estratégicas para continuarem crescendo. Essa rede, segundo Sonne, pode gerar a união de startups que podem atuar melhor juntas.
Também é comum uma empresa entrar no programa com uma iniciativa em mente e sair com outro objetivo. Em 2017, a equipe selecionou uma startup relacionada a esportes radicais e skate que acabou se tornando uma empresa de coleta de dados. Devido ao fato de que as selecionadas para o processo estão em um estágio inicial, elas estão abertas para novos incentivos e até uma mudança de planos, e contam com o auxílio de pessoas que são especialistas no mercado.
De acordo com a diretora, as startups originárias dos Estados Unidos se destacam e é o mercado que está recebendo mais investimento financeiro. No primeiro ano, 2017, o programa recebeu um número maior de aplicações da Índia . Neste ano, o Brasil encontra-se entre os 7 países que enviaram mais propostas à leAD, mas Sonne acredita que exista muitas boas ideias a serem encontradas no Brasil.
Além de mentoria individual e acesso à rede da leAD sports, os finalistas também recebem um investimento de 25 mil euros - o que, em real, é cerca de 112 mil reais. As startups tiveram até dia 21 de maio para se inscrever, e as selecionadas participarão do evento em Berlim durante os dias 2 e 3 de julho deste ano.